quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Por que não sinto pena dos acionistas da Petrobras"

Com Blog Rodrigo Constantino - Veja


Após a divulgação do balanço do terceiro trimestre bastante atrasada e sem o reconhecimento das gigantescas perdas contábeis, as ações da Petrobras despencaram 10% no Bovespa hoje. Na verdade, a queda acentuada representa apenas a continuação de uma tendência de longo prazo, como podemos ver no gráfico abaixo:
PETR4. Fonte: Bloomberg
PETR4. Fonte: Bloomberg
O principal motivo, especialmente no período mais recente, é sem dúvida o petrolão, escândalo que veio à tona com a Operação Lava-Jato. Mas não é “apenas” isso. Antes da roubalheira emergir do pântano, os investidores já vinham punindo a estatal por sua gestão incompetente e por seu uso político, principalmente no combate à inflação.
A Petrobras tem um programa de investimentos enorme. Só até o terceiro trimestre de 2014 foram investidos mais de R$ 60 bilhões! Mas ela não gera caixa o suficiente para arcar com tais projetos. Precisa se financiar no mercado, com bancos. Só que seu nível de endividamento já está absurdo. A empresa fechou o terceiro trimestre com mais de R$ 260 bilhões de dívida líquida!
Ou seja, nem era necessário jogar mais lenha na fogueira. A Petrobras já apanhava o suficiente por conta de sua péssima gestão. Mas quando a magnitude do esquema de corrupção montado por uma quadrilha dentro da empresa foi apresentada ao público, aí a coisa desandou de vez. Para piorar, a falta de transparência, na escolha de não jogar as perdas no balanço, geram mais incertezas ainda.
Resultado: as ações estão sendo massacradas hoje, dando prosseguimento à queda livre que havia sido interrompida pela esperança de uma mudança de postura da empresa e do governo. Mesmo assim, não dá para sentir pena dos acionistas minoritários, ou, no caso, os “menorotários”. Há uma máxima no mercado que diz: Caveat emptor! Quer dizer basicamente que o comprador deve estar atento ao que compra.
Quem pode alegar desconhecimento acerta dos “malfeitos” na estatal? Quem pode achar, em pleno 2015, que a diretoria da Petrobras é comprometida com a criação de valor para o acionista? Portanto, quem resolveu apostar na alta das ações especulou sabendo dos riscos que corria, pois qualquer um tem plena consciência de que o acionista majoritário, sob o governo do PT, não liga a mínima para o retorno dos investidores.
Quando alguém vota em Dilma, está ferrando não só a própria vida (caso não tenha alguma teta estatal), mas também a de todos os brasileiros. Por isso circulavam, na época das eleições, “memes” sugerindo que o eleitor petista escolhesse outro meio de se prejudicar, pois o voto em Dilma prejudicava junto milhões de outros brasileiros inocentes.
O mesmo não pode ser dito de quem resolveu comprar ações da Petrobras. Esse fez uma escolha individual e agora paga um alto preço por isso. É justo. É merecido. Quem mandou acreditar em Dilma, em Graça Foster e no PT? Agora aguenta…
PS: Muitos “especialistas” se protegem de suas análises separando o curto do longo prazo. Diziam que as ações já tinham caído demais, e que a volatilidade no curto prazo era imprevisível, que poderiam cair mais, mas que no longo prazo era diferente, pois há muito valor na empresa, etc. Primeiro: para quem sofre uma perda de 10% num só dia, o longo prazo parece uma eternidade. Segundo: não há garantia alguma de que as coisas vão melhorar. Arrisco dizer o contrário: enquanto o PT estiver no poder, a tendência mais provável é a destruição da estatal seguir seu curso. Sim, as ações já caíram muito. Mas isso já era verdade quando elas estavam 30% ou mesmo 50% acima do valor atual. Será que há fundo no poço?