sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"Dilma na corda bamba", por Ilimar Franco

O Globo



 A presidente Dilma pode jurar que não, mas é senso comum que seu governo está empenhado em eleger Arlindo Chinaglia para presidir a Câmara. Se o petista perder, Dilma sofrerá sua primeira derrota. Não é novidade a rejeição do candidato do governo. Em 2001, Aécio Neves derrotou o candidato do governo FH, Inocêncio Oliveira. Em 2005, Severino Cavalcanti venceu o candidato do governo Lula, Luiz Greenhalgh.
Guerra de lama
A propaganda negativa domina a eleição para o comando do Congresso. Divididos na Câmara, os governistas (PT x PMDB) dançam no frenético ritmo do verso “joga pedra na Geni”. Os petistas, crucificados no escândalo Petrobras, batem no adversário especulando sobre citação judicial pela Lava-Jato, o que o levaria a ser destituído do cargo. Chinaglia é acusado de usar a máquina, pedindo apoio em troca de cargos e liberação de recursos. É atacado ainda por ter permitido que a PF entrasse na Câmara para dar busca em gabinetes de deputados. Cunha é acusado de ir para cima de empresas no debate de projetos do interesse da iniciativa privada. Os ataques vão produzir um presidente sob suspeita. 
O que fazer?
O líder do PT, senador Humberto Costa, quer que o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) decida como tratar a nova dissidente do governo Dilma, a senadora Marta Suplicy. Os petistas querem deixá-la de molho e fora das vitrines.
Baixar a bola
O vice Michel Temer está pedindo para seu partido baixar o tom nas eleições para presidência da Câmara. Seu recado: a presidente Dilma não delegou aos ministros petistas a partilha de cargos e verbas. Temer lembra que em 2013, quando o atual presidente, Henrique Alves (foto), foi eleito, a presidente também não participou do processo eleitoral.
Com a boca na botija
Os deputados que assumem no domingo, a família e a parentada não vão passar fome na noite de sábado. Os dois candidatos, Arlindo Chinaglia (PT) e Eduardo Cunha (PMDB), estão oferecendo jantares com mais de 500 talheres.
Bola de cristal
A oposição está dividida no Senado. Mesmo com a candidatura de Luiz Henrique (PMDB), vários defendem o apoio ao presidente Renan Calheiros, candidato oficial do PMDB. As estimativas são as de que o candidato avulso terá cinco, de 19 votos do PMDB. E que no plenário ele terá uma votação próxima aos 32 votos de Tião Viana (PT) em 2009.
Herdeiro. Fernando Filho está em campanha para ser líder do PSB na Câmara. Ele é filho do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho.