Dyelle Menezes - Contas Abertas
Em 2015, os cidadãos já estão preparando o bolso para lidar com o aumento das tarifas e dos impostos. Os cofres da União também devem passar pelo arrocho para que as contas fiquem equilibradas. O Contas Abertas, nas últimas duas semanas, levantou dados das despesas que podem sofrer cortes, diante da possibilidade da economia. Ao todo, elas somaram R$ 20 bilhões no ano passado. É como se o governo pagasse R$ 1,7 bilhão em contas por mês.
Nos levantamentos, é possível verificar os gastos da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) com eletricidade, vigilância, limpeza, veículos e diárias e passagens são significativos. Eles chegam, inclusive, a ultrapassar investimentos (obras e aquisições de equipamentos) realizados por diversos ministérios.
É o caso das despesas com vigilância ostensiva, que foram de R$ 2,8 bilhões. O montante é maior do que o investimento realizado por 33 órgãos da administração federal direta. Se fosse considerado um “ministério”, a vigilância ocuparia a oitava colocação entre as Pastas, a frente, por exemplo, das Pastas do Esporte, Comunicações e Cultura.
Manter e conservar imóveis pertencentes à União também tem custos elevados. De janeiro a dezembro do ano passado, quase R$ 2,5 bilhões foram utilizados para serviços e materiais de limpeza e conservação. Mensalmente, as despesas com a manutenção dessas propriedades sairiam em R$ 208,3 milhões.
Viagens também são necessárias. O governo federal apresentou os mais elevados gastos com diárias e passagens dos últimos quatro anos: foram R$ 2,7 bilhões desembolsados. Do valor total, R$ 1,5 bilhão (54,8%) foi comprometido com passagens e despesas de locomoção no ano passado, rubrica que engloba gastos com bilhetes aéreos, excesso de bagagens, transporte de servidores, pedágio, entre outros.
Já os gastos com veículos atingiram a quantia de R$ 3,8 bilhões no ano passado. O montante representa aumento de 22,3%, ou R$ 700 milhões, em relação ao exercício de 2013, quando R$ 3,1 bilhões foram destinados para esse tipo de despesa. O valor pago em 2014 equivale à compra de aproximadamente 960 veículos do tipo Ferrari ou à compra de 67 mil veículos populares do tipo Gol I Motion 1.6 Mi Total Flex.
O pagamento do aluguel não compromete apenas o orçamento das famílias brasileiras. Ele foi responsável por R$ 1,4 bilhão das despesas no ano passado. O valor, utilizado para locar salas, prédios, casas e até espaços de festas e eventos, foi 17,5% maior do que 2013, quando foram gastos R$ 1,2 bilhão com aluguéis, em valores correntes.
Só a diferença de um ano para o outro, de R$ 212,8 milhões, torna possível a uma família média brasileira – de 3,1 pessoas de acordo com o PNAD 2011 – morar em um apartamento de 80 m2 por 3.635 anos no bairro com aluguel mais caro de São Paulo, o Itaim. Na localidade se paga em média R$ 61 mensais pelo metro quadrado.
Somados todos esses itens, o valor utilizado para manter a estrutura da União representou 35% dos investimentos realizados no ano passado: R$ 57,2 bilhões. Se a própria “Máquina Administrativa” fosse considerada um órgão do governo federal, seria a campeã em investimentos, já que o Ministério dos Transportes, que ocupa essa colocação, aplicou R$ 12 bilhões em 2014.
