sábado, 24 de janeiro de 2015

‘Bunker’ de Fernando Baiano ficava ao lado da Petrobras (Quadrilha comandada pela dupla Lula-Dilma não perde tempo)

Alexandre Rodrigues e Cleide Carvalho - O Globo

Depoimento de ex-diretor da Petrobras aponta ligação entre lobista e ‘rei do lixo’



Baiano (no centro) é apontado como lobista do PMDB - Geraldo Bubniak/AGB/19-11-2014


A Estre Ambiental, empresa citada por Paulo Roberto Costa como ligada ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, é conhecida como uma gigante do setor de coleta de lixo e tratamento de resíduos sólidos. Mas nos últimos anos tem ampliado sua atuação na área de petróleo. Em depoimento à Justiça, Costa afirmou que Soares parecia próximo de Wilson Quintella Filho, fundador e principal sócio da Estre. Tanto que o lobista usaria um escritório da empresa no Rio, próximo à sede da Petrobras, como base para suas visitas à estatal. Procurada pelo GLOBO, a Estre não quis falar sobre o assunto.

De fato, a Estre tem um escritório no 9° andar do edifício 118 da Rua Senador Dantas, a apenas 150 metros da Petrobras. Ali funciona a Estre Petróleo Gás e Energia, braço do grupo para equipamentos e serviços do setor. A empresa tem cerca de R$ 845 milhões em contratos com a Petrobras, para quem aluga sondas terrestres no Nordeste. Também atua na montagem e manutenção de dutos e tanques.

O crescimento exponencial da Estre nos últimos anos rendeu ao seu fundador, Wilson Quintella Filho, o apelido de “rei do lixo”. O pai dele, Wilson Quintella, foi presidente da Camargo Corrêa, investigada na Lava-Jato. Em 2011, Quintella Filho comprou da construtora a empresa de coleta de lixo Cavo por R$ 610 milhões, em mais uma da série de aquisições recentes da Estre.

A Estre também investe na construção naval. É dona de 50% do Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba (SP), que venceu, em 2010, uma licitação da Transpetro para a construção de 20 comboios formados por barcaças e empurradores para o transporte de etanol. Em 2014, o Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça o cancelamento do contrato de R$ 432 milhões apontando sinais de fraude na licitação. A ação foi rejeitada por causa de um conflito de competência.

A Transpetro afirmou que a licitação “transcorreu com total lisura”, conforme atestou um parecer do TCU. O estaleiro informou que colabora com a Justiça para provar a correção da licitação.