Jamil Chade - O Estado de São Paulo
Bolsas também abrem em baixa e investidores aguardam sinais da UE, que se reúne nesta tarde; jornal 'Financial Times' questiona se Tsipras será o novo 'Lula ou Chávez'
GENEBRA - A vitória da extrema-esquerda na Grécia abre um novo período de turbulências na economia europeia. Nesta segunda-feira, as bolsas do Velho Continente abriram em queda diante dos resultados que colocam o partido Syriza como vencedor do pleito em Atenas no fim de semana. Entre as propostas do partido está acabar com o receituário do FMI e da UE de aplicar políticas de austeridade para lidar com a crise.
O euro, que já vinha perdendo terreno na semana passada, aprofundou sua desvalorização e, na manhã desta segunda-feira, atingiu seu nível mais baixo em onze anos em comparação ao dólar americano. A moeda única estava sendo negociada a US$ 1,12. As principais bolsas abriram com perdas: 0,63% no caso de Madri, 0,2% em Frankfurt e 0,7% em Milão.
Investidores aguardam a reunião dos ministros de Finanças da UE, nesta tarde em Bruxelas, para saber qual será a postura do bloco diante do novo governo grego. Mas não negam o "nervosismo".
Enquanto isso, a imprensa europeia se questiona qual será o comportamento do líder grego, Alexi Tsipras, diante das eventuais exigências da UE. Nesta segunda-feira, a capa do jornal francês Liberation traz Tsipras na capa, com a legenda: "o novo rosto da Europa". Mas as incertezas ainda marcam os ânimos, ao ponto de o Financial Times se perguntar se Tsipras é o novo "Lula ou Chávez"?
Na Alemanha, o governo da chanceler Angela Merkel já havia alertado que Atenas não tinha outra alternativa que manter as medidas de austeridade. No domingo, foi a vez do presidente do BC alemão, Jens Weidmann, reforçar o alerta. "Espero que o novo governo não coloque em dúvida as expectativas e o que se obteve até agora", disse. "É de interesse do governo grego que faça o que for possível para lidar com seus problemas estruturais".
O chefe do partido de Merkel no Parlamento Europeu, Herbert Reul, rejeitou um novo perdão da dívida grega. "As reformas precisam continuar se a Grécia não quiser sair da zona do euro", disse.

