Marcela Mattos - Veja
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa será conduzido pela Polícia Federal até o Congresso Nacional – mas pode permanecer em silêncio
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras (Folhapress/VEJA)
Brasília viverá uma quarta-feira de tensão. Pelo menos até que seja confirmada, às 14h30, a expectativa de que Paulo Roberto Costa usará o seu direito de permanecer em silêncio no depoimento à CPI mista da Petrobras no Congresso Nacional. Preso no Paraná, o ex-executivo da estatal, cujos passos assombram o Palácio do Planalto e uma constelação de políticos, será conduzido pela Polícia Federal ao Congresso por determinação da Justiça.
Nas últimas semanas, Paulo Roberto aceitou um acordo de delação premiada e entregou à PF uma lista de políticos e partidos aliados dos governos Dilma Rousseff e Lula, conforme revelou VEJA. A lista do "petrolão" é extensa e inclui três governadores, um ministro de Estado, deputados e senadores.
Por determinação da Justiça Federal do Paraná, por não ser acusado de praticar crimes com violência ou ameaça grave na Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa não precisará usar algemas.
Com a delação premiada, o ex-diretor da Petrobras tenta o mesmo benefício que seu parceiro no esquema de lavagem de dinheiro da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, conseguiu em 2003, quando saiu impune da condenação por evasão de divisas no escândalo do Banestado. Nesta quarta, justamente para evitar prejuízo na diminuição da pena, Costa deve se manter em silêncio.
Presidente da CPI, o peemedebista Vital do Rêgo (PB), inicialmente, determinou que a sessão seria aberta para 60 pessoas, entre parlamentares, assessores e jornalistas, e colocou à disposição três telões para transmissão ao vivo. Agora, com o aval de parlamentares da base e da oposição, negocia para que a reunião seja reservada. “Estou defendendo a tese da sessão secreta porque, se for aberta, o Paulo Roberto pode imaginar que vai ser prejudicado na delação. Na secreta, é melhor para a CPI”, disse o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE). O parlamentar pernambucano afirmou ainda que acionou a assessoria do partido para elaborar perguntas que provoquem o executivo a detalhar como funcionava o esquema de corrupção dentro da Petrobras e a trazer novos nomes.
Já o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) promete questionar o delator. “Quero pressioná-lo para que ele prove as informações dadas à Justiça e faça jus à delação. Não adianta manter em segredo a delação e o resto da classe política em suspeição sem saber o que está sendo dito e sem poder se defender”, disse o parlamentar.