terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mais de 50 ONGs repudiam repressão na Venezuela

Coalizão de Direitos Humanos nas Américas, com organizações de 16 países, adverte para o uso de força letal e armas de fogo

  • Levantamento feito pelo jornal ‘El Nacional’ mostra que sete das 15 vítimas fatais foram atingidas na cabeça  
O GLOBO
Com agências internacionais
 

Grafite em rua em Caracas pede paz na Venezuela
Foto: TOMAS BRAVO / REUTERS
Grafite em rua em Caracas pede paz na Venezuela TOMAS BRAVO / REUTERS


CARACAS — A Coalizão de Organizações pelos Direitos Humanos nas Américas, que reúne 52 ONGs de 16 países, rejeitou nesta terça-feira os casos de violência na Venezuela — que já deixaram pelo menos 15 pessoas mortas nas últimas três semanas. Em nota, o grupo adverte que o “uso da força letal e das armas de fogo por parte de funcionários do governo deve ser excepcional e estar limitado pelos princípios de proporcionalidade, necessidade e humanidade”.

Um levantamento feito pelo jornal venezuelano “El Nacional”, com base em dados divulgados sobre as mortes em confrontos nos últimos dias nas ruas do país e consulta a especialistas, mostra que sete das vítimas foram atingidas na cabeça, sendo que cinco delas foram baleadas. Para especialistas, a localização dos ferimentos indicaria uma intenção de matar.
“O Estado deve garantir o trabalho de defesa, denúncia e promover os defensores dos direitos humanos. Neste sentido, queremos expressar nossa preocupação pelas acusações e assédios contra os defensores dos direitos humanos lançados nas últimas semanas.”, diz a nota.

A coalizão — que inclui nomes como a Anistia Internacional e a Global Rights — instou o governo a garantir a plena vigência de todos os direitos humanos, principalmente os direitos à vida, à integridade pessoa, à manifestação pacífica e à liberdade de expressão. Desde o dia 12 de fevereiro, se intensificaram as manifestações na Venezuela, que começaram contra a escassez de alimentos e com pedidos de maior segurança. Muitas vezes, homens armados entram em confronto com manifestantes nas ruas, em incidentes que já deixaram mais de cem feridos.

Segundo um balanço do governo, das 15 pessoas mortas, cinco delas foram baleadas no crânio, uma sexta foi atingida por bala revestida de borracha no rosto e a sétima sofreu ferimentos fatais na cabeça. Nove dos mortos eram manifestantes, que teriam sido mortos por forças de segurança ou grupos paramilitares ligados ao governo. Outros seis foram em circunstâncias não esclarecidas. Os casos ainda estão sendo investigados.

— No caso de pessoas mortas por tiros na cabeça, fica evidente que o objetivo dos agressores foi matá-las — disse Rafael Uzcátegui, da ONG Provea, Programa Venezuelano em Educação-Ação em Direitos Humanos.

O general reformado Miguel Aparicio, membro da Frente Militar Institucional, disse ter ouvido de pessoas nas Forças Armadas que “os grupos que têm atuado em matéria de ordem pública não parecem guardas nacionais, mas mercenários”.