Reservas internacionais caem pela primeira vez em treze anos, diz BC. Recursos que servem de seguro contra crises somavam US$ 375,8 bilhões ao final de 2013, 0,74% abaixo do registrado em 2012
Flávia Pierry - O Globo
As reservas que o Brasil detém em moedas estrangeiras caíram ao final de 2013, somando US$ 375,794 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. No último dia de 2012, essas reservas internacionais somavam US$ 378,613 bilhões, pelo conceito de liquidez internacional (que exclui negociações de moeda com compromisso de recompra). O recuo no fechamento de 2013 em comparação ao ano anterior, de 0,74%, é a primeiro registrado nessas reservas em 13 anos.
A última vez que as reservas haviam mostrado recuo foi no final de 2000, quando somaram US$ 33,011 bilhões, valor 9,11% inferior ao apurado no último dia de 1999. Desde então, a cada ano o montante total desses recursos vinha crescendo. Em 2006 foi apurada a maior expansão em comparação ao ano anterior nesse período, com aumento de 59,5% nessas reservas.
Segundo relatório mais recente do BC sobre a gestão desses recursos, em 2012 o Brasil ocupava a sétima posição no ranking de maiores reservas internacionais do mundo, porém apresentava a segunda menor proporção de reservas em relação ao PIB entre esses países, com valor aproximadamente três vezes menor que a média.
Apesar da queda dessas reservas ter sido registrada apenas em 2013, a autoridade monetária reconheceu, no relatório, que a política de acúmulo de reservas internacionais se arrefeceu durante 2012, o que aconteceu também em outros países em desenvolvimento. Mesmo assim, frente a 2011, esse montante cresceu 7,56%.
As reservas podem ser usadas como um seguro contra turbulências na economia mundial, para o caso do BC precisar intervir no mercado de câmbio, por exemplo, por meio de seus leilões de moeda. Em 2013, com a saída líquida de recursos do país, o BC deixou de acumular essas reservas.
A saída de dólares do país em dezembro de 2013, até o dia 27, somava US$ 7,064 bilhões, descontando o que ingressou, informou o BC ontem. Se essa saída líquida de moeda do país tiver sido mantida no último dia do ano com operações no mercado financeiro (dia 30), o saldo negativo em dezembro terá sido o pior desde novembro de 2008, quando a saída de dólares do país superou o que ingressou em US$ 7,159 bilhões.