terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Bovespa cai 1,07% com pessimismo sobre a economia brasileira

Bovespa cai 1,07% com pessimismo sobre a economia brasileira


Risco de corte da classificação de risco brasileira afeta humor de investidores e as principais ações da Bolsa. Dólar comercial fecha em leve alta de 0,04%, a R$ 2,378, após passar a maior parte do dia em desvalorização
Bruno Villas Bôas - O Globo
Um dia após a agência de classificação de risco Moody’s alertar para os problemas fiscais do Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) liderou nesta terça-feira as perdas entre os principais índices de ações do mundo. O Ibovespa, índice de referência do mercado, fechou em queda de 1,07%, aos 50.430 pontos, após chegar a apresentar ganhos mais cedo. O mau desempenho foi puxado por empresas como Vale e Petrobras.

Em Wall Street, os mercados têm um dia de ganhos. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, avança 0,53%. O S&P 500, das 500 maiores empresas dos EUA, tem valorização de 0,42%. E o Nasdaq, termômetro do setor de tecnologia, apresenta ganhos de 0,66%. Mais cedo, os mercados de ações da Europa fecharam em terreno positivo, como as Bolsas de Londres (0,37%), Paris (0,83%) e Frankfurt (0,83%).

Segundo José Costa Gonçalves, administrador de carteiras da corretora Máxima, as perdas refletem o sentimento negativo dos investidores sobre a economia brasileira, em um dia sem indicadores econômicos relevantes ou mesmo negativos que pudessem explicar as fortes vendas de ações. Ele lembra que a agência de classificação de risco Moody’s voltou alertar ontem para a piora do quadro fiscal brasileiro.

- As ações da Petrobras, Vale, bancos, que é onde está a liquidez, é onde está o jogo da Bolsa, estão em baixa. O sentimento é de medo com emergentes em geral e especialmente sobre Brasil, com o risco de rebaixamento da nossa nota de classificação de risco. É um ano que começa negativo, só acendendo vela para melhorar - disse Gonçalves.

Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras caíram 2,82%, a R$ 16,15. Os papéis Vale PNA recuaram 2,15%, a R$ 30,90. No setor financeiro, as ações Bradesco PN perderam 2,21%, a R$ 28,21. E as ações ordinárias (ON, com voto) do Banco do Brasil têm baixa de 1,63%, a R$ 23,45. Somente esses papéis tiram cerca de 300 pontos do índice.

Os maiores bancos de investimentos de Wall Street divulgaram relatórios nos últimos dias recomendado a seus clientes reduzir investimentos em países emergentes, incluindo o Brasil. O Goldman Sachs, por exemplo, sugeriu aos clientes cortar em um terço a exposição, prevendo “significativamente abaixo da média” de ações, títulos e moedas nos próximo dez anos.

Já o J.P.Morgan estimou que os títulos de países emergentes em moedas locais devem render, nos próximos anos, 10% da média apresentada desde 2004. O Morgan Stanley, por sua vez, projeta que o real, a lira turca e o rublo russo podem se desvalorizar ainda mais após a queda de 17% no ano passado, segundo informou a Bloomberg News.

Entre as principais altas desta terça-feira, o destaque fica para as ações ordinárias da fabricante Ambev sobem 2,61%, a R$ 17,26, após o banco de investimento Morgan Stanley elevar a recomendação do papel para overweight (desempenho acima da média).

Outro destaque é a Marfrig. Os papéis ordinários do frigorífico sobem 2,94%, a R$ 4,19. A empresa aprovou recentemente uma emissão de R$ 2,15 bilhões em debêntures, o que vai melhorar seu flixo de caixa para este ano, segundo boletim da corretora Planner.

Dólar reduz queda em dia de rumores

Após operar a maior parte do dia em baixa, o dólar comercial fechou o pregão desta terça-feira em valorização frente ao real. A moeda americana teve um leve alta de 0,04%, cotada a R$ 2,376 na compra e R$ 2,378 na venda, na máxima do dia. Durante o pregão, o dólar chegou a recuar R$ 2,357 (queda de 0,84%).

O Banco Central (BC) fez sua intervenção programada no mercado de câmbio, a chamada “ração diária”, das 9h30m às 9h40m. A autoridade monetária vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional - operação equivalente a uma venda de moeda no mercado futuro - oferecidos, numa intervenção de US$ 199,2 milhões.

O movimento do câmbio no Brasil foi intensificado por rumores de uma emissão de títulos da Petrobras no mercado internacional no valor de 3,6 bilhões de euros. A emissão seria realizada pela Petrobras Global Finance BC e concluída nesta terça-feira, segundo o operador de uma gestora que pediu não ser identificado. O valor é considerado elevado.

- Essa emissão da Petrobras pode trazer um fluxo grande de moeda estrangeira para o Brasil. E como está para ser fechada pode não tardar muito para entrar no país - disse o operador, acrescentando que o comportamento do mercado de moedas internacional seria, no entanto, o principal motivo da valorização do real.

O indicador que trouxe um pouco mais de otimismo veio da Alemanha: o número de pessoas sem trabalho no país caiu em 15 mil, para 2,965 milhões em dezembro, informou nesta terça-feira o Escritório do Trabalho. A taxa de desemprego permaneceu próxima ao menor nível desde que a Alemanha se reunificou há mais de duas décadas em 6,9%.