Para Kenneth Rogoff, governo precisa adotar uma política fiscal mais sóbria
Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor da Universidade Harvard, disse em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo que o Brasil deve enfrentar grandes desafios caso não lide com a questão fiscal. “Sem isso, teremos juros mais altos, maior inflação, ou ambos”, afirmou.
De acordo com Rogoff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode apenas “parecer-se com o Lula de 2003″. “Ele tem de fazer melhor agora, porque antes havia uma situação muito mais favorável nos preços de matérias-primas e de crescimento global”, pontuou. “Lula assumiu o poder pensando que as mesmas políticas do passado funcionariam, mas não estão”, destacou.
“No seu primeiro mandato, os preços das commodities estavam em grande alta, e ele sucedeu a administração do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, que era muito mais forte do que a administração de [Jair] Bolsonaro.” “O Brasil está com um déficit fiscal de 10% do PIB”, acrescentou.
“Não vai ser ossível afastar os especuladores fazendo isso. O país fez um trabalho maravilhoso ao avançar a participação da dívida interna em relação a toda a dívida pública, ao determinar a independência do Banco Central. Mas há limites.”
Ex-economista do FMI diz que zona do euro está em “apuros”
Em relação à economia global, Rogoff diz que a possível adoção de tarifas sobre importados pela nova administração de Donald Trump nos Estados Unidos vai impactar o crescimento da zona do euro e da China. “A zona do euro está em grandes apuros, não por causa de Trump, mas devido às suas próprias políticas”, diz o ex-economista-chefe do FMI.
“ Claro que tarifas sobre importados causarão danos. O que também é preocupante em relação às tarifas é que a Europa vai retaliar, por questões políticas. Daí, Trump vai retaliar e quem sabe onde isso vai parar.”
Revista Oeste