sábado, 11 de janeiro de 2025

Ditadura explícita e isolada, diz editorial da Folha, sobre 3ª posse de Maduro, comparsa do ex-presidiário Lula

 Jornal resume Venezuela a um cenário político de fraude eleitoral e isolamento diplomático


Nicolás Maduro caminha para a cerimônia de posse de seu terceiro mandato: ditadura degradante, segundo editorial | Foto: Reprodução/Twitter/X 


O jornal Folha de S.Paulo criticou a 3ª posse de Nicolás Maduro no comando da ditadura na Venezuela. Em seu editorial desta sextafeira, 10, o jornal resumiu o cenário político no país vizinho a um misto de fraude eleitoral descarada e isolamento diplomático. 

Para sustentar a opinião, o veículo traça uma trajetória histórica que vai mostrando a decadência de Maduro e a degradação econômica. A cronologia abarca desde a herança do governo de Hugo Chávez, seu antecessor e mentor que já vinha, de forma substantiva, corroendo moral e administrativamente o Estado. 

Ditadura: sinônimo de catástrofe 

Conforme o editorialista, Maduro, em 2013, já mostrava sua fragilidade no primeiro mandato, em que toma posse depois de vencer a oposição com uma diferença estreita de votos (0,6% de vantagem). O resultado contrastava com todo o poderio do governo na época. Vem a segunda posse, em 2019. 

A Venezuela aprofunda a sua crise, no que o jornal chama de “catástrofe econômica e humanitária”. Maduro então começa a revelar uma face ainda mais autoritária, cujo governo não aceita a vitória da oposição na disputa pelo Legislativo. Como jogada, cria uma falsa Assembleia Constituinte, enquanto adversários, dentro da arena do Executivo, apanham sob a guarda do Judiciário. 

O ditador Nicolás Maduro tomou posse na Venezuela. Dezenas de países denunciaram a fraude eleitoral, resultando em cortes de relações diplomáticas com vários países, mas o Brasil fez questão de enviar um representante oficial para prestigiar a consolidação da ditadura chavista.

A terceira posse, nesta sexta, 10, expõe, na visão do jornal, o soterramento do pouco ou nada do que existia de mínimos princípios democráticos. Conforme a Folha, Maduro “fraudou descaradamente as eleições do ano passado, depois de haver prometido uma disputa limpa em acordo endossado por Estados Unidos, Brasil e outros países”. 

González é o vencedor, diz jornal 

Para o jornal, o real vencedor, Edmundo González, está exilado na Espanha. O editorial relembra uma série de atrocidades da ditadura chavista no segundo mandato como forma de patrocinar o silêncio forçado dos opositores. Fala de assassinatos e de 1,5 mil prisões arbitrárias, conforme registros do Conselho de Direitos Humanos da ONU. A perseguição à líder opositora María Corina Machado, diz a Folha, apenas ilustra o caráter absolutista de Maduro que não poupa nem crianças.



Na opinião do jornal, a desmoralização da Venezuela é tão grande que até o hesitante governo Lula da Silva demonstrou certo afastamento da ditadura. O Brasil não reconheceria sobretudo o resultado proclamado das eleições. A Folha, no entanto, não deixa de lembrar o deslumbre de Lula por Maduro. O venezuelano teria inspirado a brasileiro a dizer que “o conceito de democracia é relativo” ao tentar, desastrosamente, defender o regime da ditadura. 

A Venezuela foi tão longe que outros líderes de esquerda na região não pouparam Maduro. A Folha cita, por exemplo, Gabriel Boric, do Chile, e Gustavo Petro, da Colômbia. Em seguida, o jornal coloca em questão o que será da Venezuela com o retorno de Donald Trump à Casa Branca. 

Por fim, a Folha condiciona o futuro venezuelano ao apoio de outras ditaduras. Destaca, do mesmo modo, que apesar do distanciamento de Lula, Maduro segue nos braços do PT e de diversas entidades de esquerda. Para o jornal, isso “não deixa de ser espantoso para quem solapou a democracia e fez da Venezuela o país mais pobre da América do Sul”.


Revista Oeste