José Edvaldo Brito afirma que ex-ministro determinou abertura de investigação imediata ao saber de acusações contra pastor
O empresário José Edvaldo Brito, que denunciou suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC), afirmou nesta segunda-feira, 27, em entrevista à rádio Jovem Pan, que o ex-ministro da pasta Milton Ribeiro não tem envolvimento ilícito com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. “Nem o ministro, nem os funcionários do ministério.”
De acordo com o empresário, ao saber das acusações, o ministro quis tomar providências imediatas e pediu que Brito depusesse à Controladoria-Geral da União. “Prestei o primeiro depoimento no começo de outubro. Naquele momento, ninguém me pediu os documentos. No segundo momento, neste ano, a CGU pede os documentos.” De acordo com ele, havia declarações de passagens compradas por ele e um amigo, a pedido de um dos pastores.
Brito afirmou que procurava uma maneira de ajudar municípios do interior de São Paulo na construção de creches e escolas. Para isso, tentou levar o gabinete itinerante — feito por Milton Ribeiro e funcionários do MEC — para Nova Odessa, cidade a 125 quilômetros de São Paulo.
“Descobri, em Nova Odessa, que pastores que faziam culto na cidade convidaram o ministro para pregar à noite. Vida pessoal dele. Então descobri que tinham pastores que conseguiam intermediar a agenda. Perguntei se ele atendia, e então me passaram o endereço de um hotel. Conversei com o Arilton e com o Gilmar”, afirmou.
Os dois pastores foram presos na última semana, em uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga corrupção passiva e tráfico de influência no MEC. O ex-ministro Milton Ribeiro também foi preso na operação. Todos estão soltos após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Pedidos de doação e passagens foram feitos por pastor, diz empresário
Próximo de conseguir levar o gabinete itinerante, o empresário afirmou que o pastor Arilton pediu uma doação para obra missionária. “Se ele fala ‘olha, ou você faz o deposito, ou o ministro não vai’, eu teria me livrado dele. Mas em nenhum momento ele ligou a doação com a vinda a Nova Odessa do [ex]-ministro”, disse Brito.
Posteriormente, no evento do MEC, o empresário do interior paulista disse que Arilton pediu mais R$ 10 mil. Foi nesse momento que Brito afirmou ter rompido com o pastor. Passagens também foram pedidas por Arilton, segundo Brito. “Até jantar ele pediu”, disse.
Depois, Brito pediu um encontro junto ao MEC com o ministro Milton Ribeiro — e foi atendido. Na sala, segundo ele, estavam integrantes da pasta e um membro da CGU. “O ministro disse: ‘Brito, se o assunto é Arilton Moura’ eu preciso que essas pessoas escutem'”, disse o empresário.
O empresário prestou dois depoimentos e entregou documentos como prova dos pedidos feitos pelo pastor Arilton.
A PF deflagrou a Operação Acesso Pago, em que Ribeiro é investigado sobre suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em esquema de liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para prefeituras. A PF se debruça sobre indícios de cobrança de propina para a liberação de recursos.
Revista Oeste