sexta-feira, 24 de junho de 2022

Battisti elogia Barroso e diz ver ministro decepcionado com o PT

 Terrorista italiano foi defendido pelo integrante do STF em processo de extradição no Brasil, antes de ganhar refúgio de Lula

Barroso defendeu Battisti em processo de extradição no STF
Barroso defendeu Battisti em processo de extradição no STF | Foto: Arquivo/Agência Brasil

Em prisão perpétua na Itália, o terrorista Cesare Battisti guarda boas memórias de Luís Roberto Barroso, seu advogado no Brasil durante o processo de extradição. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o italiano falou da sintonia ideológica com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista anterior, publicada pelo jornal paulista nesta semana, Battisti havia externado a decepção com Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que o ex-presidente é “capaz de tudo para voltar ao poder” e que se sentiu usado como um “troféu” pela esquerda brasileira enquanto esteve no país.

Sobre Barroso, no entanto, as lembranças são apenas positivas. O ministro do STF defendeu o terrorista italiano antes de ingressar no Supremo, em 2013, depois de indicação da ex-presidente Dilma Rousseff. Battisti diz entender que o advogado de orientação “progressista” ficou decepcionado com os “jogos de poder” do PT no governo.

“Ele tem uma dignidade e ética raras. Nunca deu um passo para trás, nem mesmo sob ameaça do Senado no momento de sua nomeação para o STF” comentou o terrorista italiano.

“É democrático e um progressista de convicção. Ele ficou profundamente decepcionado com as falsas promessas do PT e de Lula, promessas que viraram jogos de poder. Não deve nada a ninguém e segue os princípios de justiça social que são os mesmos dos meus.”

Ao todo, Battisti ficou no Brasil por 14 anos. O terrorista foi beneficiado por uma decisão de Lula em seu último dia na Presidência, em 31 de dezembro de 2010, quando o ex-presidente negou a extradição. Anos mais tarde, depois da captura do italiano, o petista afirmou publicamente que se arrependeu da decisão.

Os crimes de Battisti

Na década de 1970, Cesare Battisti integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, responsável por quatro homicídios em menos de dois anos no período. Todos os incidentes tiveram a participação direta ou indireta do terrorista, acolhido tempos depois no Brasil.

Em dois homicídios, Battisti foi condenado como autor dos disparos: o do agente penitenciário Antonio Santoro, em 1978, e o do motorista da polícia Andrea Campagna, em 1979. Nos outros crimes, foi condenado por dar cobertura e como coidealizador.

Revista Oeste