terça-feira, 24 de maio de 2022

Idade biológica: a novidade da ciência contra a velhice

 Pesquisadores e empresários desenvolvem sistemas que podem ajudar a combater doenças e prolongar a vida

A velhice é coisa do passado
A velhice é coisa do passado | Foto: Reprodução

idade biológica — uma medida de saúde que pode ser maior ou menor que sua idade cronológica — pode ajudar a determinar sua qualidade de vida à medida que envelhece, mostra reportagem publicada no The Wall Street Journal.

A ideia por trás disso é que suas células e órgãos têm idades diferentes de sua idade normal. Muitos cientistas acreditam que compreender essa questão pode ajudá-lo a adiar ou evitar Alzheimer, câncer e doenças cardiovasculares. Alguns pesquisadores consideram que a idade biológica pode prever melhor a expectativa de vida de um indivíduo. Outros concordam que é importante, mas discordam de sua capacidade de prever quantos anos uma pessoa viverá.

Não há uma maneira-padrão de medir a idade biológica, e muitas das ferramentas em desenvolvimento ainda não tiveram a eficácia comprovada. No centro do debate, está a esperança dos cidadãos de prolongar a vida e mudar seus comportamentos. Muitas empresas apostam nessa ideia.

O mercado de olho

David Sinclair, professor de genética e codiretor do Paul G. Glenn Center for Biology of Aging Research, da Harvard Medical School, está entre os pesquisadores e os empresários que promovem o conceito de idade biológica. Ele a descreve como “uma pontuação de crédito para o seu corpo”.

As atividades que influenciam a idade biológica, como sono, exercícios e dieta, são essencialmente os bons hábitos já conhecidos. Mas, como os genes de todos os indivíduos são diferentes, rastrear sua idade biológica pode ajudar a determinar quais hábitos são mais úteis e como personalizá-los. “Para uma pessoa, caminhar 10 quilômetros por dia pode ser o ideal, enquanto para outras 6 quilômetros é o suficiente”, explica a jornalista Betsy Morris.

Os interessados no assunto podem tentar diminuir sua idade biológica por meio da meditação, da ioga e de outras formas de conter o estresse. Alguns, incluindo Sinclair, usam suplementos para tentar se tornar mais jovens.

Os cientistas esperam que, eventualmente, os indivíduos sejam capazes de medir com precisão sua idade biológica e descobrir os passos que a influenciam, para prevenir doenças crônicas e possivelmente viver mais.

O outro lado

Mesmo assim, alguns cientistas são céticos em relação ao processo. Eles pensam que, embora você possa conhecer sua idade biológica, é um exagero acreditar que poderia usar essa ideia para ajudá-lo a viver mais.

Alex Zhavoronkov, executivo-chefe da Insilico Medicine, empresa que usa inteligência artificial para desenvolver medicamentos para doenças relacionadas à idade, argumenta que a idade biológica é um conceito útil para o desenvolvimento de medicamentos. Mas duvida que apenas a construção de novos hábitos seja o suficiente para a longevidade. “É improvável que a otimização do sono, dos exercícios e da dieta resulte em aumentos consideráveis de vida útil”, disse, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Na dúvida…

Como explica Betsy, o crescente interesse na idade biológica é alimentado por avanços no campo da epigenética (o estudo de como a expressão genética é afetada por comportamentos e pelo ambiente).

Michael Roizen, anestesista e chefe emérito de bem-estar da Cleveland Clinic, criou há 25 anos uma das primeiras calculadoras de idade biológica com base em um questionário. Agora, o pesquisador tem um livro e um site, que devem ser lançados em breve, sobre o tema.

“Suas escolhas têm um efeito muito mais profundo do que apenas perceber se o seu coração está batendo rápido ou devagar”, diz Roizen.

Leia mais: “A cura da velhice”, artigo da Dagomir Marquezi publicado na Edição 100 da Revista Oeste


Edilson SalgueiroRevista Oeste