segunda-feira, 16 de maio de 2022

China divulga números pessimistas e preocupa economia global

 Pioras em indicadores sobre varejo e indústria apontam desaceleração em tempos de lockdown e política da 'covid zero'

Centro da economia chinesa, Xangai enfrenta novas restrições do 'lockdown'
Centro da economia chinesa, Xangai enfrenta novas restrições do 'lockdown' | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

O governo da China divulgou nesta segunda-feira, 16, números preocupantes sobre a economia do país, comprometida por decisões controversas envolvendo lockdown em tempos de coronavírus. Estatísticas sobre varejo, indústria e mercado imobiliário atestam o período de desaceleração e assustam o restante do mundo.

Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, as vendas no varejo caíram 11,1%, na comparação anual de abril. O resultado também foi pior do que o apurado em março (-3,5%).

Por sua vez, a produção industrial chinesa também caiu em abril, com recuo de 2,9%, na comparação anual. O dado foi inferior ao crescimento de 1% previsto pelo mercado e à expansão de 5% registrada em março.

Já o desemprego urbano subiu para 6,1%, um pouco abaixo da alta histórica de 6,2% registrada em fevereiro de 2020, quando a economia do país foi atingida pelos primeiros surtos de covid-19.

Queda acentuada no mercado imobiliário

De acordo com os dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, as vendas de moradias na China sofreram queda anual de 32,2% no primeiro quadrimestre de 2022. O resultado mostrou piora em relação ao declínio de 25,6% observado no primeiro trimestre.

As construções iniciadas — considerando-se tanto residências como propriedades comerciais — recuaram 26,3% no primeiro quadrimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. No primeiro trimestre, a redução havia sido menor, de 17,5%.

Em meio às dificuldades do setor imobiliário, o banco central chinês decidiu reduzir o limite mínimo de taxas de hipoteca para compradores do primeiro imóvel.

Os efeitos

Se a China acusa dificuldades, o mundo precisa observar. Os efeitos da desaceleração econômica no país, impactado pela política de “covid zero”, já vêm atingindo operações internacionais relevantes.

Em abril, a Apple manifestou ao mercado que, devido à situação de novos isolamentos e paralisação industrial na China, espera perdas entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.

Apenas com o lockdown em Xangai, estima-se que a venda de carros tenha despencado 48% em abril. A cidade é responsável por 3,8% do Produtor Interno Bruto (PIB) chinês e tem o maior porto de contêineres do mundo.

A insistência nessa política deve surtir efeitos drásticos no país: economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg estimam que a economia da China vai crescer 5% neste ano, abaixo da meta de 5,5%, o suficiente para um efeito em cascata nas finanças de outros países relevantes do cenário global.

Leia tambémA insanidade da ‘covid zero’ na China, reportagem de Cristyan Costa na edição 112 da Revista Oeste.

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