sábado, 28 de março de 2020

'Os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa daqui a duas semanas', diz Mandetta

Em discurso pela manutenção das medidas de isolamento para conter o avanço do vírus chinês, o covid-19, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta posicionou-se contra carreatas que ocorreram em diversos Estados do País pela flexibilização da quarentena e a retomada de atividades econômicas. O ministro afirmou que o novo coronavírus entrou no Brasil através da elite econômica e que é preciso preservar o sistema de saúde brasileiro neste momento para garantir atendimento a todos. 
"Fazer movimento assimétrico de efeito manada... Daqui a duas semanas, três semanas, os que falam 'vamos fazer carreata' vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora", declarou Mandetta durante coletiva de imprensa neste sábado, 28, para atualizar dados sobre a epidemia no País.
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta Foto: Wilton Junior/Estadão

"Essa doença entrou pela elite do Brasil, elite econômica. Aqui em Brasília, os casos são quase todos no Plano Piloto e no Lago Sul, não chegou na periferia do sistema. Como no Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca, o Leblon, ainda não chegou, está começando a entrar nas comunidades", disse Mandetta neste sábado.
Ele disse que, no momento, os minutos valem horas para combater a propagação do vírus chinês, que já contaminou mais de 3,9 mil brasileiros e matou 114, segundo a atualização feita na tarde deste sábado. Mandetta afirmou, ainda, que é preciso poupar o sistema de saúde porque os profissionais ainda não possuem materiais adequados em quantidade suficiente. Se médicos e enfermeiros se contaminarem, o ministro afirma que não haverá pessoas para usar os equipamentos e atender as pessoas.
"Agora vai ter que poupar o sistema de saúde.Não é hora de sobrecarregar o sistema, seja em nome do que for. É hora de aguardar, vamos ver como essa semana vai se comportar e nós vamos ter essa semana a discussão dentro da saúde para achar os parâmetros."

CLOROQUINA

Mandetta falou que o uso da cloroquina, ainda em estudo como medicamento de combate ao novo coronavírus, não tem comprovação científica. "Cloroquina não é panaceia. Não é o remédio que veio para salvar a humanidade", disse.
De acordo com Mandetta, há vários medicamentos em estudo e a cloroquina só tem sido usada para casos graves da covid-19. Do contrário, pode causar arritmia cardíaca e sobrecarregar o fígado.
"Se sairmos com a caixa desse medicamento falando 'pode tomar', nós podemos ter mais mortes por mau uso de medicamento do que pela própria virose. Então, não façam isso. Esse medicamento tem a sua indicação para lúpus, artrite rematóide e malária, claramente colocado ali", enfatizou.

Com informações de Julia Lindner e Marlla Sabino, O Estado de S.Paulo