terça-feira, 31 de março de 2020

"Vírus de esquerda, vírus de direita", por J.R. Guzzo



Foto: Gerd Altmann
Está demonstrado, mais uma vez, que coisas que nunca aconteceram antes podem acontecer a qualquer momento – como a gente acaba de ver agora, com a criação de um vírus de esquerda e de um vírus de direita. 
Melhor ainda: é o mesmo vírus, mas, segundo quem faz o sequenciamento genético do bicho, ele fica de um jeito ou de outro. 
Um chimpanzé mais esperto, desses que aprendem a mexer com computador, conseguiria achar em 30 segundos a diferença entre os dois. 
O coronavírus de esquerda é bravo.

Tem de ser tratado com “isolamento horizontal” (ninguém sai de casa, fecha tudo, parem as máquinas) e é um militante anti-Bolsonaro; se receber os incentivos corretos, pode ajudar a derrubar o presidente, na eleição de 2022 ou mesmo antes. 
O coronavírus de direita é manso.

Pode ser tratado com “isolamento vertical” e deixa as pessoas saírem de casa para trabalhar e cuidar de suas próprias vidas da maneira que cada um julgar mais adequada para si próprio.

O coronavírus de esquerda, que também é cultivado na classe liberal-intelectual-civilizada, infecta muito mais gente que o da direita – pelo menos é o que garantem as listas de casos, atualizadas a cada segundo com a ajuda de marcadores digitais em “tempo real”. 
Mata bem mais, também, segundo os mesmos relógios. 
Mata cidadãos que morrem de outras doenças, como enfisema, enfarte ou leucemia. 
E promete ser pior que dez bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki somadas, só no Brasil – onde há “cenários”, “modelos matemáticos” e “projeções de computador” indicando a “possibilidade” de “até 2 milhões de mortos”. 
Essa cifra será conseguida se o plano de “genocídio” do governo Bolsonaro, que está batalhando por um relaxamento da quarentena, for aplicado em toda a sua extensão.
O coronavírus de direita, para não encompridar muito a conversa, sempre apresenta números menos ambiciosos em termos de contágio, de mortes e de estimativas de desgraças que ainda não aconteceram. 
Além disso, pode ser sujeito à cura por medicamentos e agentes químicos – hipótese dada como cientificamente impossível pelos militantes do coronavírus de esquerda. 
O coronavírus de direita, enfim, só existe nas pesquisas científicas que procuram a sua cura; não tem existência fora das teorias e dos laboratórios. 
No noticiário – e, portanto, naquilo que passa por realidade oficial “aceita pela Organização Mundial de Saúde” – só existe um coronavírus: o de esquerda.
Levando-se em conta que a OMS está sob a direção de um político que não é sequer formado em medicina, integra uma das piores ditaduras da África e foi posto no cargo pelo lobby que a China exerce para ganhar votos nos países africanos da ONU, não há muito o que dizer, aí, em matéria de credibilidade. 
O coronavírus de esquerda, naturalmente, é 100% OMS – seus defensores no Brasil, por sinal, citam o organismo, o tempo todo, como o árbitro mundial supremo da epidemia. 
Nos meios de comunicação, o habitat preferido do coronavírus de esquerda por aqui, a coisa não é melhor. 
Jornalistas não sabem o que é um Melhoral – o que vão saber sobre uma epidemia dessas? 
Na falta de conhecimento, o que aparece é a militância.
Ainda bem que o vírus, no fim das contas, não é de partido nenhum. 

Ele é apenas o que está sendo, e será o que vai ser – no mundo dos fatos, e não no mundo dos desejos.

Revista Oeste