terça-feira, 15 de julho de 2025

Toffoli - leia-se, 'cartel lula-stf-globoluixo - anula todas as deciões da Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef

 Ministro alegou que houve 'incontestável' conluio para incriminar o réu


Youssef havia sido condenado a mais de 120 anos de prisão por crimes que confessou em delação premiada - Foto: José Cruz/Agência Brasil


O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todos os atos da Operação Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef. O magistrado anunciou a decisão nesta terça-feira, 15. 

Youssef havia sido condenado a mais de 120 anos de prisão por crimes que confessou em delação premiada. 

A decisão de Toffoli desmonta uma das delações mais importantes da Lava Jato e deve afetar investigações e sentenças baseadas em provas entregues por Youssef. O doleiro revelou, à época, um esquema sistêmico de corrupção que envolvia a Petrobras durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. 

As confissões de Alberto Youssef 

Em seus depoimentos, Youssef confessou que lavava dinheiro de empreiteiras com contratos na estatal para pagar propinas a políticos do PT, PP e PMDB. Ele operava um serviço próprio de entrega de propina na porta de clientes envolvidos no esquema, conhecido como money delivery. Essa rede chegou a fornecer provas de repasses em dinheiro vivo a políticos em diferentes estados do país. 

Youssef afirmou, na delação, que Lula e Dilma tinham conhecimento das irregularidades e que disputas por propina eram tratadas dentro do Palácio do Planalto. 

A alegação de Toffoli


Na decisão, o ministro declarou:

“Declaro a nulidade absoluta de todos os atos praticados em desfavor dele no âmbito dos procedimentos vinculados à Operação Lava Jato, pelos integrantes da referida operação e pelo ex-juiz Sergio Moro no desempenho de suas atividades perante o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda que na fase pré-processual”.


O ministro argumentou que ficou evidente o conluio entre acusação e magistrado em prejuízo das garantias do réu: 


“Se revela incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente, como, por exemplo, o due process of law, tudo a autorizar o deferimento da medida que ora se requer”.




As confissões de Alberto Youssef 

Em seus depoimentos, Youssef confessou que lavava dinheiro de empreiteiras com contratos na estatal para pagar propinas a políticos do PT, PP e PMDB. Ele operava um serviço próprio de entrega de propina na porta de clientes envolvidos no esquema, conhecido como money delivery. Essa rede chegou a fornecer provas de repasses em dinheiro vivo a políticos em diferentes estados do país. 

Youssef afirmou, na delação, que Lula e Dilma tinham conhecimento das irregularidades e que disputas por propina eram tratadas dentro do Palácio do Planalto. 

A alegação de Toffoli 

Na decisão, o ministro declarou: 

“Declaro a nulidade absoluta de todos os atos praticados em desfavor dele no âmbito dos procedimentos vinculados à Operação Lava Jato, pelos integrantes da referida operação e pelo ex-juiz Sergio Moro no desempenho de suas atividades perante o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda que na fase pré-processual”


O ministro argumentou que ficou evidente o conluio entre acusação e magistrado em prejuízo das garantias do réu: 

“Se revela incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente, como, por exemplo, o due process of law, tudo a autorizar o deferimento da medida que ora se requer”. 


Com a decisão, todas as condenações, restrições de liberdade e medidas econômicas impostas a Youssef foram anuladas. Segundo a defesa do doleiro, a decisão encerra definitivamente as pendências judiciais contra Youssef e abre caminho para a retomada de seu patrimônio perdido durante as investigações. Também poderá impactar outros processos que tenham como base delações ou provas fornecidas pelo doleiro. Entre os possíveis beneficiados está o ex-presidente Fernando Collor. 




O fim dos acordos de leniência 

Nos últimos meses, Toffoli anunciou uma série de decisões que enfraquecem os pilares da Operação Lava Jato. Uma das mais emblemáticas foi a anulação dos acordos de leniência firmados por empresas que confessaram participação no esquema de corrupção investigado pela força-tarefa. Esses acordos, assinados com o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, serviram para que empresas como Odebrecht e J&F admitissem irregularidades, colaborassem com as investigações e, em troca, tivessem benefícios como a suspensão de processos e a possibilidade de seguir operando no mercado.

Toffoli alegou que os acordos foram firmados sob coação e irregularidades processuais, uma vez que teriam sido conduzidos por procuradores e agentes públicos que, segundo o ministro, violaram garantias constitucionais e atuaram em conluio com o então juiz Sergio Moro. Na visão do magistrado, as provas e delações surgidas desses acordos estão contaminadas por ilegalidades. 



A anulação dos acordos teve efeito prático imediato: empresas e executivos ficaram livres de cumprir obrigações financeiras bilionárias e de restrições previstas nas leniências. Além disso, os documentos, depoimentos e provas produzidos nesses acordos perderam validade jurídica para fundamentar investigações ou processos criminais. 

Os acordos de leniência firmados pelas maiores empresas envolvidas na Lava Jato somam aproximadamente R$15 bilhões, dos quais cerca de R$8 bilhões permanecem a vencer junto à CGU.

Entenda a Operação Lava Jato 

A Operação Lava Jato foi uma das maiores investigações anticorrupção já realizadas no Brasil, deflagrada em 2014 pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal de Curitiba. O foco inicial era apurar esquemas de lavagem de dinheiro que envolviam doleiros e postos de combustíveis — daí o nome Lava Jato. Com o avanço das investigações, a operação revelou um esquema bilionário de corrupção instalado na Petrobras, que envolvia grandes empreiteiras, partidos políticos e agentes públicos. 

As apurações mostraram como empresas pagavam propinas a diretores da estatal e a políticos em troca de contratos superfaturados. As principais legendas citadas nas delações eram PT, PMDB e PP.


Youssef é um dos principais personagens da Lava Jato - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil 

A Lava Jato resultou em centenas de denúncias, prisões e acordos de colaboração premiada, incluindo delações de figuras centrais, como Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Políticos, empresários e executivos foram condenados, incluindo o ex-presidente Lula, cuja prisão em 2018 marcou um dos ápices da operação.

A partir de 2021, decisões do STF começaram a anular sentenças da Lava Jato, sob alegações de violações ao devido processo legal e de incompetência da Justiça Federal de Curitiba para conduzir certos casos. 




Edilson Salgueiro, Revista Oeste