terça-feira, 18 de abril de 2017

João Santana diz a Moro que fez campanha em El Salvador a pedido de Lula e Palocci

Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto Macedo - O Estado de São Paulo

Valor de R$ 5,3 milhões foi acertado com PT e garantia dada foi que Odebrecht arcaria com custo, efetuado por meio de caixa 2


João Santana (o primeiro, à esquerda) e Mônica Moura (de preto) deixam a prisão. Foto: Geraldo Bubniak/ AGB/ Ag O Globo
João Santana (o primeiro, à esquerda) e Mônica Moura (de preto) deixam a prisão. Foto: Geraldo Bubniak/ AGB/ Ag O Globo

O delator João Santana, marqueteiro das campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), confessou nesta terça-feira, 18, ao juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que fez a campanha presidencial em El Salvador a pedido de Lula e com dinheiro de caixa 2 da Odebrecht.
“Houve recebimento de pagamentos não contabilizados?”, quis saber Moro.
“Houve, constante, aliás como é uma prática no mercado de marketing político eleitoral, no Brasil e em boa parte do mundo.”
“Houve pagamento não contabilizado proveniente do Grupo Odebrecht?”, perguntou o magistrado.
“Sim, sim, bastante.”
Santana e a mulher, Monica Moura, são réus nesse ação penal pelo recebimento de caixa 2 da Odebrecht, em nome do PT.
O juiz mostrou uma tabela do setor de propinas da Odebrecht em que há o registro de pagamento de R$ 5,3 milhões para “Evento El Salvador via Feira”. Segundo descobriu a Lava Jato, “Evento” era campanha e “Feira” era o codinome do casal Santana.
“Isso foi em 2009, quando fizemos a campanha presidencial El Salvador do então candidato e depois eleito Maurício Funes. Foi campanha que fizemos a pedido do presidente Lula.”
“Proveio do grupo Odebrecht?”, quis saber Moro.
“Sim, sim, imagino que sim.”
O juiz perguntou qual a relação do PT com esses pagamentos.
“No caso, já existia minha relação da minha empresa com o Grupo Odebrecht, la foi aberta na campanha de reeleição do presidente Lula. Na época, o ministro Antonio Palocci, já não era mais ministro, ele fez esse contato e uma parte do pagamento dessa campanha de reeleição do presidente Lula foi feito através da Odebrecht”, explicou Santana, que no início do mês teve sua delação premiada coma  Lava Jato homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“A partir daí, isso se repetiu no ano de 2009, quando fomos convidados para fazer essa campanha a garantia nos foi dado foi o PT, pelos seu representantes já citados e que a Odebrecht faria esses pagamentos”, disse o marqueteiro, que chegou a ser preso em fevereiro de 2016, pela Lava Jato, e solto em agosto, após iniciar negociação de delação.
“Foi feita a pedido dos representantes do PT?”, perguntou Moro.
“Sim.”
“E paga pela Odebrecht?”
“Sim, por pagamentos não contabilizados.”