Engenheiro Emyr Diniz Costa Junior, da Odebrecht, contou aos investigadores da Lava Jato que plano era 'evitar deixar vestígios de que as obras foram executadas pela empreiteira'
O engenheiro da Odebrecht Emyr Diniz Costa Junior, responsável pelas obras do sítio em Atibaia, atribuído pelo Ministério Público ao ex-presidente Lula, confessou ter participado de um esquema para a emissão de notas frias para evitar deixar vestígios de que as obras foram executadas pela Odebrecht e de que o real beneficiário era o petista.
A reforma, segundo o delator, teria sido feita em parceria com o empreiteiro Carlos do Prado e custou R$ 700 mil. As obras eram uma ‘surpresa’ para Lula, pedida em 2010, pela ex-primeira dama Marisa Letícia, à construtora, de acordo com o depoimento de Alexandrino de Alencar, que fazia a ponte entre Lula e Emílio, patriarca do grupo. A Lava Jato sustenta que o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, é patrimônio oculto do ex-presidente Lula, registrado em nome de dois sócios de seus filhos. Lula nega.
“Após a conclusão da reforma, por volta de março de 2011, fui orientado a acompanhar Alexandrino Alencar em reunião com o advogado Roberto Teixeira em seu escritório. Nesta reunião, ele me pediu para que eu descrevesse como a obra ocorreu para possibilitar que o advogado construísse uma forma de “regularizar” a obra”, afirmou Emyr.
No encontrou, o engenheiro da Odebrecht alega ter descrito que contratou um subempreiteiro para realizar as obras e que fazia repasses a ele. “e aí ele [Roberto Teixeira] deu a ideia: Então você procura esse empreiteiro e faz esse contrato em nome do proprietário que aparece na escritura do terreno. Naquela data, eu soube que estava em nome de Fernando Bittar.”
“Aí ele [Roberto Teixeira] me orientou: Faz um contrato entre contratante Fernando Bittar, contratado Carlos do Prado, objeto, a casinha a edícula, a casa… coloque um valor até mais baixo que era para ser compatível com a possibilidade de renda do senhor Fernando bittar. Era mais baixo do que tinha custado. Coisa de 170 mil reais”, afirmou
Após a assinatura do contrato fictício e a emissão da nota fria em nome de Fernando Bittar, o delator diz ter voltado ao escritório de Roberto Teixeira para entregar os documentos.
Após a assinatura do contrato fictício e a emissão da nota fria em nome de Fernando Bittar, o delator diz ter voltado ao escritório de Roberto Teixeira para entregar os documentos.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO TEIXEIRA
“Jamais propus, orientei ou executei qualquer ato ilegal na minha trajetória de 47 anos ininterruptos de exercício da advocacia.
A delação premiada de Alenxandrino Alencar tem sido utilizada por alguns veículos de imprensa para atribuir a mim participação em afirmada emissão de documentos falsos relativos a obras realizadas em um sítio em Atibaia, de propriedade do meu cliente Fernando Bittar.
A verdade é que o próprio Alexandrino Alencar afirmou em sua delação o que eu mesmo sempre deixei claro: “que o sítio é do Fernando Bittar” e que minha atuação, enquanto seu advogado, era a de formalizar as obras realizadas como condição para que Fernando Bittar, meu cliente, fizesse o pagamento do valor devido pelos serviços.
Reafirmo que minha atuação na advocacia sempre foi pautada pela ética e pela observância às leis.
Roberto Teixeira”