segunda-feira, 20 de julho de 2015

Brasil demite mais do que contrata no primeiro semestre deste ano

Jornal Nacional - TV Globo


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É a primeira vez que demissões superam contratações em 13 anos.
Trabalhadores estão enfrentando fila para procurar emprego




Pela primeira vez em 13 anos, o país encerrou um primeiro semestre demitindo mais do que contratando trabalhadores com carteira assinada. O resultado disso é que muitos brasileiros precisam agora enfrentar uma realidade dura: pegar fila para procurar emprego.
Quando some alguma coisa, tipo a chave que estava no bolso, a carteira que você jura que colocou na mochila, muita gente pede ajuda pra São Longuinho dar uma força, aquele santo que a gente agradece dando três pulinhos, sabe?
Mas, e quando aquilo que se perdeu é bem mais importante que um objeto qualquer ou um documento, tipo emprego? Aí, muita gente busca ajuda no Centro de Apoio ao Trabalho ou lugar parecido. Só uma unidade, no centro de São Paulo, tem recebido todo santo dia quase 1,5 mil pessoas procurando pelo emprego que sumiu. E tem sumido como há tempos não se via nessa época do ano no Brasil. Desde 1992, a gente não tinha tantas vagas de trabalho simplesmente desaparecendo num mês de junho.
E aí tem muito mais gente procurando trabalho. Em junho do ano passado, mais de 20 mil pessoas foram procurar emprego na agência. No mês passado, foram quase 35 mil. A gente entende a cara de preocupação. Nos últimos 12 meses, já são 600 mil vagas a menos. Está tão difícil que, em muitos casos, é pra dormir sentado esperando por uma oportunidade.
Genessy Miranda: É. Eu estou cansado de tanto procurar e os caras não ligam. Tá difícil.
Jornal Nacional: Faz quanto tempo que o senhor está procurando emprego já?
Genessy: Já tem uns quatro meses.
É até pouco tempo se a gente olhar o caso do seu Antônio Carlos Sebastião, modelista de confecção, especialista em desenho, costura e corte. Não imaginou que há quase um ano iam cortar também justo a vaga dele. Quer agora qualquer serviço que aparecer.
Jornal Nacional: Todo mundo sabe o nome do senhor?
Antônio: Sabe. Seu Antônio chegou...
Jornal Nacional: De tanto que o senhor vem?
Antônio: É verdade
Não está fácil pra ninguém. Da profissional com ensino superior... “Aqui não apareceu nada na minha área. E já é a terceira vez que venho no CAT e não tem”, diz Sandra Corrêa Araújo. Ao ajudante de pedreiro que, desde que chegou a São Paulo, nunca tinha visto as mãos tão sem calos. “Eu, hoje, estou num ponto em que eu ainda sou solteiro, mas imagina um pai de família. O coração dói quando eu vejo pai de família ficar sem serviço, desemprego. A situação fica difícil pra ele”, conta José Vieira Gomes Júnior.
“A mudança em relação ao ano passado é que essa piora da atividade econômica pegou em cheio o setor de serviços e também o comércio. Então isso mostra que essa piora está generalizada da atividade econômica e, portanto, do mercado de trabalho”, explica o economista da LCA Consultores Fábio Romão.
Com tanto número ruim, o negócio agora é torcer pra São Longuinho, o quanto antes, voltar a receber muitos pulinhos de quem conseguiu achar o emprego perdido. Ou então, direcionar as orações pra Santo Expedito, aquele que cuida das causas urgentes.