Preso pela Operação Lava Jato, o petista Renato Duque teve o seu terceiro pedido de habeas corpus negado pelo desembargador convocado Newton Trisotto, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma corte aparentemente mais séria que o Supremo Tribunal Federal (STF).
Duque está de parabéns: já pode pedir música no Fantástico.
Trisotto, também: a nota do STJ deveria ser emoldurada na sala dos ministros do Supremo Teori Zavacski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que mandaram soltar 9 executivos presos por envolvimento no petrolão.
Para o desembargador, “a decisão que determinou a segregação cautelar encontra-se suficiente e adequadamente fundamentada, havendo prova da materialidade, indícios suficientes de autoria para sua decretação” e que “a reiteração das condutas delituosas demonstra não só a indiferença do paciente perante o direito, mas também revela maior risco à ordem pública e à necessidade de cessar a atividade criminosa”.
Perfeito.
A Justiça tem de dizer algo semelhante ao criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso.
No embalado da impunidade, o advogado de João Vaccari Neto sugere ao juiz Sérgio Moro a adoção de uma medida cautelar, “especialmente aquela que dispõe sobre a concessão de liberdade vigiada por meio de tornozeleira eletrônica, medida que abranda e afasta o rigor extremo desta prisão preventiva, que se mostra injustificada”.
A manchete do Estadão ficou até tragicômica:
O (eterno) tesoureiro do PT não tem de “aceitar” coisa alguma. Tem é de acatar as decisões do juiz que mandou prendê-lo.
Mais tragicômico ainda:
D’Urso, segundo o Estadão, “assinala que Vaccari deixou suas funções de tesoureiro do partido, o que afasta a hipótese da força tarefa da Lava Jato de que no comando dessa secretaria do PT ele poderia interferir na investigação ou até mesmo na instrução dos processos criminais”.
Aham. Como se um petista precisasse estar no cargo para interferir em alguma coisa.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, já havia negado em 20 de abril o primeiro pedido de liberdade para o tesoureiro.
Espero que Vaccari também peça música no Fantástico em breve.