quinta-feira, 30 de abril de 2015

Com alta do dólar, Vale tem prejuízo de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre

O Estado de São Paulo com Reuters

Mineradora registrou terceiro resultado negativo consecutivo; queda do preço do minério de ferro e variação cambial pesaram sobre o resultado da Vale

A mineradora Vale registrou prejuízo líquido de R$ 9,538 bilhões  no primeiro trimestre de 2015, terceiro trimestre consecutivo de perdas para a companhia, em meio a uma queda nos preços do minério de ferro, ante lucro de R$ 5,909 bilhões no mesmo período de 2014, informou a empresa nesta quinta-feira, 30. A queda do preço do minério de ferro e a variação cambial pesaram sobre o resultado.

O Ebitda ajustado da companhia, importante indicador da geração de caixa, somou R$ 4,635 bilhões no primeiro trimestre, ante R$ 9,572 bilhões no mesmo período de 2014. O Ebitda da divisão de ferrosos foi impactado por menores preços de commodities e ajustes de preço, mas o custo caixa e custo de frete foram significativamente reduzidos, disse a companhia, em seu relatório de desempenho.
O preço do minério de ferro, que desde o ano passado vem percorrendo uma trajetória de queda, puxou os resultados da mineradora para baixo. O preço médio do minério de ferro praticado pela Vale ao longo do primeiro trimestre do ano foi de US$ 46,01 a tonelada, queda de 51,5% em relação ao valor registrado em mesmo período do ano passado, de US$ 94,79 a tonelada. Em relação ao valor praticado nos últimos três meses do ano passado, houve uma queda de 25,3%. "Com a demanda por minério de ferro reduzida, os preços permaneceram em níveis baixos, pesando sobre a produção. Desde janeiro de 2014, mais de 80 milhões de toneladas de capacidade de produção transoceânica de alto custo foram encerradas ou suspensas de acordo com informações divulgadas pelas próprias empresas", destaca a Vale no documento que acompanha o seu demonstrativo financeiro.
Segundo a mineradora, é esperado para o futuro melhora na demanda chinesa por aço, "conforme o setor de construção responde às medidas de flexibilização econômica atuais e, possivelmente, futuras". "Além da China, espera-se que outros países emergentes aumentem a utilização de aço no curto prazo. No médio prazo, as perspectivas da demanda por aço parecem mais favoráveis", frisa a companhia no mesmo documento. 
Além da queda do preço do minério de ferro, pesou no resultado a variação cambial no período. O prejuízo líquido no primeiro trimestre, principalmente devido ao impacto não caixa causado pela depreciação de 20,8% do real ante o dólar. A moeda passou de R$ 2,66 para R$ 3,21, segundo a Vale. Essa depreciação no trimestre causou uma perda de US$ 3,019 bilhões na dívida e ativos denominados em dólar, além de uma perda de US$ 1,263 bilhão nos US$ 7,6 bilhões de dívida e obrigações futuras de juros convertidos para dólar.
Produção recorde. A Vale bateu no período de janeiro a março recorde de produção do insumo para um primeiro trimestre. A produção de minério de ferro da Vale no primeiro trimestre de 2015 atingiu 74,523 milhões de toneladas, crescimento de 4,9% em relação ao visto um ano antes, de acordo com o relatório de produção da companhia divulgado na semana passada.
No ambiente de baixo do ciclo dos preços do minério, a Vale vem trabalhando para atravessar esse período. O foco, conforme os executivos da companhia, é manter a Vale competitiva em qualquer cenário de preços. Um dos objetivos, ainda, é garantir o grau de investimento e não deixar a alavancagem da companhia ficar fora do controle. Para manter seu balanço saudável, a Vale tem mantido firme sua política de desinvestimento, que tem ganhado tração ao longo dos últimos meses.
A Vale planeja se tornar mais eficiente até o projeto S11D, o Serra Sul, entrar em operação, o que está previsto para 2016. Esse projeto, que acrescentará 90 milhões de toneladas à companhia, fará com que a Vale produza minério de baixo custo e de alta qualidade. Essa é a aposta para a companhia gerar caixa em qualquer cenário de preços. (Com informações da Agência Estado)