domingo, 28 de setembro de 2025

Flávio Gordon e 'O Brasil à moda Hamas'

Governo Lula manifestou simpatia aos terroristas palestinos e ignorou o discurso de Benjamin Netanyahu


Lula participou de conferência antes da Assembleia Geral da ONU | Foto: Ricardo Stuckert/PR


“O antissemitismo tradicional consistia na discriminação, negação ou ataque ao direito dos judeus de viverem como iguais em suas nações hospedeiras. O novo antijudaísmo faz o mesmo em relação ao direito de Israel e do povo judeu de viverem como iguais dentro da grande família das nações.” (Irwin Cotler, em Europe’s Crumbling Myths: The Post-Holocaust Origins of Today’s Anti-Semitism, 2003) 


Se houvesse um Oscar para a indecência diplomática, o Brasil teria saído ovacionado da última Assembleia Geral da ONU. Não bastasse o presidente já ter comparado, com a sutileza de um rinoceronte numa aula de balé, a ação militar israelense ao Holocausto, nossos representantes decidiram elevar a desonra ao patamar de doutrina: vestiram o lenço kef iyeh — convertido em estandarte do Hamas — e se retiraram do recinto quando Benjamin Netanyahu começou a falar. 

O gesto não foi um lapso de protocolo, mas a exteriorização simbólica de uma política externa coerente com a ideologia que a inspira. Trata-se de um antissemitismo de Estado, meticulosamente cultivado sob o pretexto da “solidariedade aos povos oprimidos”. 

Ao alinhar-se visual e gestualmente com um grupo terrorista responsável pelo massacre de civis em 7 de outubro, o representante oficial (porém ilegítimo) do Brasil transmitiu uma mensagem política deliberada, cujas consequências ultrapassam o mero folclore diplomático. 

Numa Assembleia Geral já historicamente marcada pela presença indecorosa de genocidas, terroristas e corruptos ofertando ao mundo suas lições de moral, o Brasil lulo-alexandrista resolveu se destacar na infâmia. Não é que o Itamaraty tenha sido tomado por idealismo juvenil ou ignorância de gabinete. 

A instituição do Barão do Rio Branco foi capturada por uma visão de mundo execrável, a qual, oriunda dos piores bas-fonds universitários nacionais, inverte vítima e agressor, transformando terroristas em combatentes da liberdade e democracias em regimes genocidas. Aqui se manifesta a clássica “inversão do Holocausto”, expressão usada por historiadores do antissemitismo para descrever a apropriação distorcida da memória do genocídio judeu a fim de justificar violência contemporânea, num procedimento retórico que transforma perpetradores em vítimas e vítimas em culpados. 

Pois a “inversão do Holocauso” — expediente típico dos islamonazistas contemporâneos — tornou-se a política externa brasileira no que diz respeito a Israel, numa reversão inaceitável do legado de Oswaldo Aranha. 

O apoio ao Hamas 

Não se trata, portanto, de simples ridículo a ser zombado. Há muito que as patifarias do descondenado-em-chefe, Celso Amorim e cia deixaram de ter qualquer graça. Trata-se, antes, de um sinal de alerta. O Brasil, sexta maior nação do planeta, está normalizando no mais alto nível diplomático o tipo de discurso que pavimentou catástrofes históricas. 

Trata-se, de novo, de um antissemitismo de Estado revestido de preocupação humanista, capaz de minar a credibilidade de instituições, legitimar a violência e sinalizar que o país se coloca, deliberada e oficialmente, ao lado do terror.

Ao exibir o lenço do Hamas no concerto das nações, não se está apenas tomando partido num conflito distante, mas consagrando, de modo deliberado e quiçá irreversível, a ruptura do país com os alicerces morais e institucionais do Ocidente.




Flávio Gordon - Revista Oeste