sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

News da Manhã Brasil – Alexandre Pittoli - Rádio Auri Verde - Maior Audiência do País

Almanaque CL News - Cláudio Lessa

Gabeira, GloboLixo, agora detona a velha midia corrupta...

Estatais federais têm rombo de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 20 anos

Resultado negativo em 2024 liga o alerta sobre a qualidade da gestão


Correios do Brasil - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As empresas estatais federais brasileiras registraram um déficit de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos, conforme informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (31).

Este resultado negativo indica que as receitas dessas empresas foram insuficientes para cobrir suas despesas ao longo do ano. Até novembro de 2024, o déficit acumulado já alcançava R$6 bilhões, sinalizando uma tendência de deterioração nas contas das estatais.

Este cenário ocorre apesar de um aumento na arrecadação federal, que atingiu R$ 2,7 trilhões em 2024, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior. Esse incremento foi impulsionado por elevações de impostos e pelo crescimento econômico.

O déficit das estatais federais levanta preocupações sobre a sustentabilidade fiscal e a eficiência operacional dessas empresas, especialmente em um contexto de aumento da arrecadação e desafios econômicos.

Diário do Poder

"'I Have a Dream", Martin Luther King

This 4 Year Old AMAZED EVERYONE - Imagine - John Lennon

White house briefing by Karoline Leavitt - USA - America - Canada I Mexico - Trump - Immigrant

'Oeste Sem Filtro'- Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Silvio Navarro, Adalberto Piotto, Alexandre Garcia e Paula Leal analisam o desgoverno do 'cartel lula-stf'

Brasil quebra recorde de produção de biodiesel

 Uso do bicombustível reduz a dependência do uso de petróleo



A produção brasileira de biodiesel cresceu 20% em 2024. Ao longo do ano, as refinarias do país fabricaram 9 bilhões de litros do biocombustível — um recorde para a agroindústria nacional. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

De acordo com o órgão, a maior parte da oferta local provém de duas regiões do país: Sul e Centro-Oeste, famosos pela safra de grãos. 

Juntas, essas duas áreas respondem por 80% da produção brasileira de biodiesel. 

Essas mesmas regiões, são grandes produtoras de grãos, como a soja, a principal matéria-prima desse biocombustível. Desse modo, trata-se de um produto renovável, diferente do óleo extraído do petróleo — um recurso fadado a acabar. 

Boom da produção brasileira de biodiesel

Em 2005, a indústria nacional fabricou apenas 740 mil litros desse combustível, conforme mostram os registros da ANP. Ou seja: a produção brasileira de biodiesel se multiplicou por 12 mil, desde então. Contudo, o grande impulso para o aumento vem do uso do diesel à base de petróleo. 

No Brasil, o diesel vendido nos postos de gasolina leva uma porção do biocombustível. A medida foi tomada justamente para incentivar a produção, ao mesmo tempo em que reduz a dependência do país pelo combustível fóssil.

Reista Oeste

Sob o 'cartel lula-stf', Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo

 Levantamento é do economista Jason Vieira, do site MoneYou


O juro real do Brasil — que era o segundo maior do mundo, atrás apenas da Argentina — está em 9,1%. Agora é o maior do mundo | Foto: Reprodução/Freepik

O Brasil passou a ter a maior taxa real de juros do mundo nesta sexta-feira, 31. O levantamento é do economista Jason Vieira, do site MoneYou. 

Isso decorreu tanto da elevação da Selic em 1 ponto porcentual, na quarta-feira 29, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, quanto da redução de 3 pontos nos juros argentinos, na quinta-feira 30. 

Até então, o país vizinho liderava o ranking dos juros mais elevados do planeta. A posição do Brasil no ranking se deve principalmente ao corte promovido pelo Banco Central da Argentina, que fez o juro real do país cair de 9,3% para 6,1 %. 

O juro real do Brasil — que era o segundo maior do mundo, atrás apenas do da Argentina — está em 9,1%. 

Brasil pode enfrentar novas elevações 

Além de aumentar a Selic em 1 ponto — que passou de 12,25% para 13,25% ao ano —, há uma sinalização por parte do Copom de que haverá uma nova elevação de 1 ponto na próxima reunião, marcada para março. Isso aumentaria os juros para 14,25%. 




O mercado, por sua vez, espera que a taxa suba até 15% no fim do ciclo, em maio deste ano, de acordo com o mais recente Boletim Focus. O início do ciclo de aperto monetário começou em setembro de 2024. 

De lá para cá, o Banco Central elevou a taxa quatro vezes, de 10,5% para 13,25% ao ano. Agora, a projeção dos economistas é que os juros terminem o ano em 15%. A inflação pode subir em 2025 A projeção para a inflação de 2025 também subiu. 

De acordo com o relatório Focus, a previsão é que suba de 5% para 5,5%. Esse número representa 1 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,5%. 

Além disso, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa lidar com mais um problema. Segundo dados do Tesouro Nacional, divulgados nesta quinta-feira, 30, o Executivo encerrou o ano de 2024 com um rombo de R$ 43 bilhões nas contas públicas. O montante representa 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB).


As despesas públicas em 2024, por sua vez, apresentaram uma retração real de 0,7%, o que totaliza R$ 2,2 trilhões | Foto: Reprodução/Freepik


Se desconsiderar os gastos com a reconstrução do Rio Grande do Sul, o déficit seria de R$ 11 bilhões, ou 0,09% do PIB. As despesas públicas em 2024, por sua vez, apresentaram uma retração real de 0,7%, o que totaliza R$ 2,2 trilhões. 

Em contrapartida, a receita líquida foi de R$ 2,1 trilhões. 

O governo Lula enfrenta outro agravante. As empresas estatais acumularam um déficit primário sem precedentes de R$ 8 bilhões. Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica, iniciada em 2001. Os Correios contribuíram significativamente para o resultado negativo.

Revista Oeste

'Faroeste à Brasileira', com Tiago Pavinatto e convidados - GloboLixo demite funcionário por falta de ética. he he he E o 'cartel lula-stf' tenta cassar a deputada Carla Zambelli

'O país da energia limpa', por Amanda Sampaio e Artur Piva

 Com quase 90% de sua matriz elétrica renovável, o Brasil é exemplo para o mundo


Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, localizada na fronteira entre o Brasil e o Paraguai | Foto: Shutterstock


Grandes potências industriais, como Estados Unidos, China e Alemanha ainda não encontraram o caminho para conseguir produzir com energia renovável. É preciso fazer essa transição para cumprir o grande objetivo do Acordo de Paris — a drástica redução das emissões de gases poluentes na atmosfera, como o carbono. A dificuldade em cumprir as metas afastou os norte-americanos do tratado. Contudo, o Brasil pode ter a resposta para a mudança, pois já percorreu ao menos metade da estrada para a sustentabilidade. Os números da Agência Internacional de Energia mostram que o país é um oásis verde, quando comparado ao resto do planeta. 

Por volta de 85% de todo o consumo energético do mundo vem de fontes esgotáveis, como os combustíveis fósseis. E a dependência de recursos finitos pode ser ainda maior em algumas nações.




Cerca de 90% do mix energético dos Estados Unidos, por exemplo, tem origem em materiais que podem simplesmente acabar, sendo o gás natural o maior deles (36%), seguido de petróleo (35%), carvão mineral (10%) e nuclear (9%). Na China, as fontes esgotáveis representam 87%.

Na Alemanha, a dependência está próxima a 80%. Mesmo quando o assunto é a eletricidade, que é apenas um dos tipos de energia, o mundo ainda depende de matérias-primas impossíveis de repor. Cerca de 70% de toda a corrente elétrica que alimenta o planeta não tem origem renovável. No Brasil, a situação é oposta. 

As fontes renováveis são responsáveis por 87% de toda a eletricidade consumida pelos brasileiros e por metade da energia nacional, incluindo o combustível que vai nos carros — o etanol é o grande exemplo para a mobilidade sustentável. O modelo adotado pelo país derruba a emissão de carbono da matriz energética a 2 toneladas por habitante, menos da metade da média mundial (hoje em pouco mais de 4 toneladas). 

A maior vantagem do Brasil é ter o potencial para se transformar na grande fábrica verde do mundo, conforme explica Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). 

“Deveríamos atrair indústrias para cá, oferecendo energia limpa e barata para a fabricação, por exemplo, de aço verde e outros produtos com maior valor agregado”, afirma Pires. “Em vez de exportar energia bruta, deveríamos usá-la para produzir com maior valor.” 

A força do Brasil 

Diversas fontes formam a matriz energética brasileira. Metade vem de matérias-primas finitas, como petróleo, carvão e nuclear. O restante é de recursos que se renovam — sendo o maior deles a cana-de-açúcar (17%), com produtos como etanol, biogás e o bagaço — parte que sobra depois que a cana é moída —, cuja queima é usada para obtenção de energia. A segunda posição é das hidrelétricas, responsáveis por 12% de toda a oferta de energia e por quase 60% da eletricidade disponível.

“O Brasil tem muito rio”, explica Pires. “Quando o sistema elétrico brasileiro foi construído, ao contrário de outros países que tinham petróleo, vimos que só daria para gerar energia elétrica em abundância por meio da construção de usinas hidrelétricas. Então, na época, não foi uma decisão ambiental.” 



No caso da eletricidade, o país está muito perto de se livrar de quaisquer resquícios não renováveis. Bastaria queimar todo o bagaço que sobra da moagem da cana hoje, e a oferta extra superaria toda a produção elétrica local que ainda acontece com fontes esgotáveis, como o carvão mineral. 

O boom da energia 

O Brasil já foi um país movido a lenha. No século 19 e início do 20, a madeira era a principal fonte de energia, e alimentava desde os fogões das casas até as caldeiras das indústrias. O carvão mineral também teve um papel relevante, mas era escasso e caro, fazendo da lenha o combustível predominante. Nas cidades, a iluminação pública dependia do óleo de baleia e, mais tarde, do gás de carvão. Era um cenário rudimentar, mas essencial para um país em crescimento.

Com o avanço das primeiras usinas hidrelétricas no início do século 20, começou a transição para um modelo mais eficiente e sustentável. A energia elétrica foi se tornando cada vez mais presente, especialmente nas regiões urbanas e industriais. Mas a matriz energética ainda era frágil e concentrada em poucas unidades geradoras, o que tornava o fornecimento instável e limitava a expansão do consumo. 

O grande divisor de águas para o setor veio com a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, inaugurada em 1984. Resultado de um acordo bilateral entre Brasil e Paraguai, Itaipu se tornou uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo e mudou o panorama energético nacional. Com sua enorme capacidade de geração, ajudou a garantir o suprimento de eletricidade para o crescente parque industrial brasileiro e impulsionou o desenvolvimento de novas infraestruturas energéticas.


Visão aérea da Usina Hidrelétrica de Itaipu | Foto: Jose Luis Stephens/Shutterstock

“Foi uma decisão pragmática”, afirma Pires. “Entre as fontes de energia que tínhamos disponíveis no país, a de maior abundância e mais barata era a água. Então, foi construída uma série de hidrelétricas aqui no Brasil, grande parte delas, inclusive, durante o regime militar. Se naquela ocasião tivéssemos descoberto o petróleo e o gás do pré-sal, provavelmente teríamos optado por construir usinas térmicas a óleo e gás.” 

A partir desse marco, o modelo hidrelétrico se consolidou e teve início a diversificação da matriz energética, incorporando fontes como gás natural, biomassa e, mais recentemente, eólica e solar. O país deixou para trás a época da lenha e se tornou uma potência na geração de energia limpa e renovável, mantendo-se entre as nações com as maiores participações de fontes renováveis do mundo. Houve um grande boom na matriz energética nacional. A produção local se multiplicou por oito entre 1970 e 2023. 

O crescimento ocorreu tanto com a descoberta de novas jazidas de recursos finitos, como o pré-sal, quanto com a ampliação da produção limpa. A geração por usinas hidrelétricas cresceu 11 vezes de lá para cá e, a de produtos da cana, 15 vezes, superando a hídrica. A fonte solar, que nem era explorada no país antes de 1980, hoje contribui com quase 2% do consumo nacional. E a eólica, que começou a ter expressão apenas em 2010, agora responde por 3%.


Placas para produção de energia solar em parque industrial de Oliveira dos Brejinhos, na Bahia | Foto: Joa Souza/Shutterstock


A expansão consolidou o Brasil como o sexto maior produtor de energia do planeta. Ao mesmo tempo, a emissão de carbono por habitante é menor que a de nada menos que 93 países. A lista dos que poluem mais inclui Estados Unidos (em 11º lugar), China (25º) e Alemanha (27º). Três dos maiores fornecedores industriais para o mundo, essas nações dependem maciçamente de fontes poluentes para manter seus parques fabris. Diferentemente do Brasil, que, como lembrou Pires, por todo o caminho percorrido e pelo potencial ainda a aproveitar, tem a possibilidade de ser o grande parque industrial sustentável do planeta.

Amanda Sampaio e Artur Piva, Revista Oeste

'O governo da galhofa', por Adalberto Piotto

Diante de nossa realidade interna, antes de nos lançarmos ao mundo, vamos precisar defender os interesses do Brasil dentro do próprio governo Lula


Ilustração: Shutterstock


C omo um governo com apenas dois anos de mandato consegue ser ruim na diplomacia e na economia com tamanho esmero, como faz o governo Lula, é algo que deveria ser diligentemente investigado pelo Congresso Nacional, dado o dever de vigiar o Executivo que lhe é atribuído pela Constituição. Em condições normais de temperatura e pressão na democracia brasileira, a sucessão de erros e abusos da volta do lulopetismo ao poder já seria motivo para abertura de um processo de impeachment. Mas na democracia relativa em que a oposição é criminalizada, por ora, nada consegue avançar. No entanto, por mais que a desesperança vez ou outra assole a alma brasileira, é difícil imaginar por quanto tempo um governo tão pífio resistirá.

Ao protagonizar episódios que ridicularizam suas próprias políticas e ações, Lula 3 se tornou um meme ambulante de si mesmo, uma galhofa em tudo o que faz, uma piada automática. Em bom português, perdeu o respeito e a confiança, a fé dos brasileiros. 

Na economia, o descontrole fiscal que produz rombo atrás de rombo, sem um mero sinal de que o governo conseguirá gastar menos do que arrecada, não dá trégua. E os números oficiais são inquestionáveis. Dados da Receita Federal mostram que a arrecadação cresceu 9,62% no ano de 2024. A máquina arrecadatória de Taxxad, alcunha galhofeira do ministro da Fazenda, não decepcionou a burocracia estatal. Mas, quando o crescimento previsto do PIB para o ano é de 3,5%, chega-se à conclusão matemática de que o governo está asfixiando a população e o setor produtivo com sua sanha arrecadatória que não se basta. 

Porque evidencia também, de forma sintomática, que muito gasto público não melhora a vida da população e do país. Não por acaso, o poderoso chefão da política do governo, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, quando perguntado sobre a inflação em alta e o preço da laranja, recomendou que os brasileiros trocassem de fruta. Como? A laranja é a base da pirâmide do pomar, a mais barata e popular. Uma singela ida a uma feira pouparia o ministro do ridículo de ser confrontado com um fato que qualquer dona de casa sabe de antemão.


Presidente Lula e Rui Costa, ministro da Casa Civil, durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília (29/1/2025) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


E a sucessão de bobagens parece interminável. Logo após a crise do Pix, uma tragédia de comunicação e gestão que só um governo muito inábil e desconectado da realidade consegue criar, como é o de Lula 3, o mesmo ministro Fernando Haddad já reagira com sinais confessos de despotismo e autoritarismo. Disse, em tom de ameaça, que “desacreditar um instrumento de política pública é crime”. A história bastaria para expor o escárnio, mas até o ChatGPT e a IA da Meta relacionaram a citação com regimes autoritários, como a Alemanha Nazista de Hitler, a ditadura soviética de Stalin e a atual Coreia do Norte. O governo que chama de nazistas e fascistas todos que apenas discordam dele foi relacionado ao nazismo numa simples consulta à inteligência natural dos livros de história contemporânea ou aos programas modernos de inteligência artificial. 

Não por acaso, a recente pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no início da semana, revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é desaprovado por 49% dos entrevistados. Foi a primeira vez que a desaprovação superou a aprovação (47%) nas medições do instituto. A maior queda se deu no Nordeste, que conta com o maior número de beneficiados pelo Bolsa Família, o programa assistencialista que pode estar se esgotando em garantir o mínimo aos mais pobres. Quando a feira e o mercado ficam mais caros, o tombo de popularidade é certo. Não foi diferente agora.  



Fernando Haddad, ministro da Fazenda, durante entrevista no Palácio do Planalto, em Brasília (29/1/2025) | Foto: Dney Justino/Audiovisual/PR

 

A incapacidade do Palácio do Planalto e seus 39 ministérios em resolver os problemas mais básicos da economia nacional, com notável piora na percepção da população, talvez tenha levado o governo a tentar fabricar um inimigo externo. Difícil imaginar outra coisa acerca da tal crise dos deportados brasileiros pelos Estados Unidos. Não sei se o entorno de Lula se inspirou numa “Guerra das Malvinas” à brasileira para “unir o povo”. Seria preciso conhecimento de história para saber que o general Galtieri, ditador argentino, em meio a uma crise econômica no país, no início dos anos 1980, tentou retomar à força o arquipélago dos ingleses. Perdeu a guerra, foi deposto e aumentou a crise. 

Se a intenção foi essa ou não, ocorre que a iniciativa tresloucada não resistiu aos fatos, às redes sociais, ao jornalismo livre de verbas federais, como a Revista Oeste, e à inteligência das pessoas que este governo subestima com frequência demasiadamente perigosa. Não demorou muito e descobriu-se que o voo de Manaus era ainda de deportações determinadas no governo Biden, que o governo do democrata foi dos que mais deportaram brasileiros, que sempre foram trazidos algemados para o país e que, além de brasileiros que cometeram o crime de entrar ilegalmente nos Estados Unidos, entre os devolvidos havia condenados por homicídio culposo e por lavagem de dinheiro. Para piorar, o governo colombiano de Gustavo Petro, aliado de Lula e do Foro de São Paulo, ousou não aceitar seus próprios cidadãos, igualmente deportados. Em menos de duas horas, protagonizou um dos capítulos mais desmoralizantes para o populismo barato latino-americano. Ameaças de tarifas comerciais e de revogação de vistos à família de Petro e à de altos funcionários de seu governo, determinadas por Donald Trump enquanto jogava golfe, fizeram o colombiano voltar atrás rapidamente.


Gustavo Petro Urrego, presidente da Colômbia, durante um debate em Bogotá, na Colômbia (22/11/2021) | Foto: Shutterstock


Lula, por cuidado ou falta de criatividade, não cometeu o mesmo erro. No entanto, isso não o inocenta de expor o país a um debate sem razão. Uma coisa é defender a lei internacional sobre presos e melhores condições no transporte de deportados brasileiros, outra é fazer proselitismo político-ideológico de quinta categoria ao demonstrar indignação seletiva, somente agora, com a Casa Branca ocupada por Trump, a quem Lula comparou no ano passado com “a volta do fascismo com outra cara”. História não é realmente o forte do atual governo. 

A esperteza, quando é demais, vira bicho e come o dono, diria Tancredo Neves, reproduzindo o ditado popular. Por mais óbvio que seja, vale sempre repetir: Donald Trump foi eleito pelos eleitores norte-americanos para defender os interesses dos Estados Unidos. Ponto. O que nos cabe é perguntar quanto Lula está preparado para defender os interesses dos brasileiros. Porque vamos precisar. A ameaça de impor tarifas a produtos de exportação do mundo inteiro já chegou ao Brasil, na declaração do próprio presidente americano. É uma das primeiras consequências do America First, um conjunto de ideias que não tergiversará em lançar medidas protecionistas para recuperar a economia e os empregos americanos.


Donald Trump, presidente dos EUA, assina ordens executivas no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (30/1/2025) | Foto: Reuters/Elizabeth Frant

Em relações externas, você só controla de fato o seu lado. Reclamar do comportamento ou querer moldar as decisões do presidente da nação mais poderosa do planeta é completamente improdutivo, uma perda de tempo. A resposta brasileira, seja em que campo for, precisa ser baseada em diplomacia de gente grande, longe de ideologias populistas, coisa que o país já demonstrou ter antes da desfiguração do Itamaraty sob Lula.

É preciso uma diplomacia técnica, altiva, baseada em pragmatismo na defesa do competente mercado exportador brasileiro e do interesse nacional. Sabemos como fazer porque já fizemos. Em 2008, o Brasil ganhou, na Organização Mundial do Comércio, o direito de retaliar os EUA em US$ 800 milhões por subsídios ao algodão, numa contenda que já se arrastava por sete anos, depois que os americanos enfrentaram os novos e habilidosos negociadores brasileiros da renovada diplomacia nacional formada no governo de Fernando Henrique Cardoso. 

De um jeito ou de outro, precisaremos também de um estratégico e consciente “Brazil First” para enfrentar os novos tempos. Temos como fazer. Mas, diante de nossa realidade interna, antes de nos lançarmos ao mundo, vamos precisar defender primeiro os interesses do Brasil dentro do próprio governo Lu


Adalberto Piotto - Revista Oeste

Sílvio Navarro - O golpe que nunca existiu

Em conversas privadas sobre sua delação, Mauro Cid diz com todas as letras que nunca usou a expressão 'golpe de Estado' diante da Polícia Federal


Andrei Rodrigues, ditetor-geral da Polícia Federal | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

Desde o segundo semestre de 2023, alguém com acesso aos inquéritos secretos sobre o tumulto do dia 8 de janeiro abastece a imprensa tradicional com informações sobre uma bomba sempre prestes a explodir: a delação do tenentecoronel Mauro Cid, ex-assessor de Jair Bolsonaro. O militar já foi ouvido mais de dez vezes pela Polícia Federal. O conteúdo estrondoso até hoje não apareceu. Mas de uma coisa Cid disse ter certeza, conforme revelado nesta semana: “Eu não falei uma vez a palavra ‘golpe’”.

A declaração foi publicada na quarta-feira, 29, pela revista Veja. É a segunda vez que a revista divulga trechos de conversas de Mauro Cid com um interlocutor não identificado, reclamando de coação da Polícia Federal. Na primeira vez, em setembro do ano passado, ele teve de voltar para a cadeia e revisar seu acordo de delação premiada. “Eles estão com a narrativa pronta”. disse na época. “Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles.”


Tenente-coronel Mauro Cid | Foto: Reprodução/Marcos Oliveira/Agência Senado 

Agora, na segunda reportagem, o militar diz: “Esse troço está entalado, cara. Você viu que o cara ‘botou’ a palavra ‘golpe’? Eu não falei uma vez a palavra ‘golpe’”. Ainda não se sabe se ele será punido novamente pelo ministro Alexandre de Moraes ou se prestará novo depoimento pelo vazamento da delação, guardada a sete chaves, por tanto tempo, pelo STF. 

Um fato, contudo, chama a atenção no que disse ou não disse Mauro Cid — e em que condições psicológicas estava — nas idas e vindas da prisão. Se o teor das acusações é grave o bastante para provar a trama golpista e o envolvimento de Bolsonaro, por que o relatório com quase 900 páginas da Polícia Federal não mostra isso? Detalhe: quem assinou intimações para que ele prestasse mais depoimentos foi o delegado Fábio Alvarez Shor, o mesmo que conduz inquéritos contra Bolsonaro, conduziu a chamada Vaza Jato — as conversas atribuídas aos procuradores da operação e ao ex-juiz Sergio Moro — e persegue o deputado gaúcho Marcel van Hattem. 

O chefe da corporação, delegado Andrei Rodrigues, falou sobre o tema na segunda-feira, 27, ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Ele disse que a Polícia Federal tem provas de que a democracia esteve em risco na tarde de 8 de janeiro. “O relatório é contundente. Traz vários elementos de prova, e não são convicções dos investigadores, são provas que nós temos nos autos”, disse. “Há toda a sorte de informações, de dados, que nos levaram à conclusão da responsabilidade daquelas pessoas no âmbito policial.” 

Uma das perguntas possíveis, que não foi feita pelos jornalistas da imprensa tradicional, seria: em quais páginas estão detalhadas essas provas do que cada um fez? O documento já é público, mas ninguém encontra essas provas nos parágrafos. Seriam conversas amalucadas trocadas pelo WhatsApp? Emojis? A lei brasileira diz que o crime se configura a partir da sua execução. Por exemplo: se alguém resolve comprar uma arma e decide matar o seu vizinho, mas não coloca o plano em andamento, isso não é crime. A única investigação possível é se a posse da arma está legalizada. No caso de militares, há punições administrativas ou judiciais cabíveis, por causa da farda — portanto, por meio da Justiça Militar, jamais do STF.

O que o delegado da PF, o Supremo e a velha mídia já sabem, mas se recusam a aceitar, é que a sociedade ainda espera por respostas para questões primárias: onde estavam os tanques e canhões? De onde partiria a quartelada? Qual seria o destino do Congresso? Seria fechado? Tudo o que se tem até agora é um roteiro que os diretores de Hollywood ou da Netflix não comprariam: um golpe que falhou porque o agente não encontrou um táxi, um Fiat Palio antigo que seria usado no sequestro de autoridades, o envenenamento do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin, o enforcamento em praça pública de Alexandre de Moraes. É algo parecido com conversa de botequim. Alguém acredita que o mundo assistiria passivamente a cenas de enforcamento a céu aberto no Ocidente? Mais: esse filme seria executado pelos “kids pretos”, uma tropa secreta de elite do Exército, cuja competência descrita pela Polícia Federal, se comprovada, faria inveja ao Mossad — serviço de inteligência israelense que combate o terrorismo. 

O delegado Andrei Rodrigues falou sobre Jair Bolsonaro nesta semana. Repetiu o que está escrito no relatório da Polícia Federal, onde consta o adjetivo “inequívoco” sobre a figura do ex-presidente por trás do golpe que nunca aconteceu. O documento diz que ele “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa, que objetivava concretizar o golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito”. 


Jair Bolsonaro, ex-presidente da República | Foto: Reprodução/Agência Brasil

Nesse caso, outra pergunta básica é: quais são os elementos materiais recolhidos sobre esse planejamento, e como pode ter ocorrido algum “ato executório” se nenhum golpe foi consumado? Diz o texto da PF: “As evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs [Estações Rádio Base], datas e locais de reuniões, indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022”. 

Não para por aí. Se não é crível que um golpe de Estado possa ocorrer sem pólvora e sem líder, fica ainda mais difícil sem dinheiro para financiar a operação. Num primeiro momento, a PF disse que encontrou indícios de que o levante custaria R$ 100 mil, em cédulas escondidas numa sacola de vinho. É uma cifra pequena para dominar um território com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, mais de 200 milhões de habitantes, tantos Estados, 5,5 mil municípios e fronteiras que funcionam como porteiras abertas — o exemplo mais recente é o de Roraima com a Venezuela.

O delegado Andrei Rodrigues admitiu que, depois de dois anos, não achou o financiador. “Muitas vezes, na expectativa de algumas pessoas, haveria um ou dois, ou um grupo de megafinanciadores, com vários milhões de reais para essa atuação orquestrada para o golpe de Estado”, disse. Ele continuou, em tom melancólico: “A investigação provou que não, nós não conseguimos identificar que isso tenha acontecido”. 

Não é preciso ser perito criminal para constatar que, quando um documento de quase 900 páginas não consegue demonstrar nada concretamente, alguém falhou no serviço — ou, simplesmente, não havia nada. 




















Segundo o chefe da Polícia Federal disse na entrevista, um aditivo ao relatório será apresentado na próxima semana. O calendário coincide com o início de uma nova composição no comando do Congresso Nacional, a mesma que deve seguir até o final do mandato de Lula da Silva e cruzar as eleições de 2026. Trata-se de uma composição que se comprometeu a não “bater chapa” — leia-se “eleição sem adversários” — para avançar com a pauta da anistia aos presos na baderna do 8 de janeiro. 

O acordo foi feito entre as bancadas de oposição, sobretudo do PL, com aval de Jair Bolsonaro, e o futuro presidente da Casa, o jovem paraibano Hugo Motta, de 35 anos. 

Caso esse novo trecho do relatório da PF não revele tudo o que o anterior não contemplou, o Congresso deve encampar a anistia ainda neste ano. Uma coisa, contudo, já é certa: o tenente Mauro Cid disse com todas as letras que nunca falou sobre golpe de Estado com os investigadores. 

Então quem falou?

Sílvio Navarro - Revista Oeste

'A degradação do Holocausto', por Frank Furedi

 Auschwitz foi destituído de sua importância histórica e moral


A banalização do Holocausto e a distorção de seu significado em discursos anti-Israel | Foto: Shutterstock

Em 27 de janeiro de 1945, as forças soviéticas libertaram as pessoas que ainda estavam presas em Auschwitz, o infame campo de concentração e extermínio nazista. Oitenta anos depois, milhões de jovens no Ocidente não sabem nada sobre Auschwitz, nem na verdade sobre o Holocausto em si. Eles ignoram o crime mis grve do Séxulo XX. 

Uma pesquisa recente revelou que um em cada nove jovens alemães não ouviu falar do Holocausto. Um quarto não sabe o nome de um único campo de concentração, campo de extermínio ou gueto. O estudo também demonstrou que “quase metade dos americanos adultos não conseguiu identificar nenhum local de massacre do Holocausto”. 

Uma pesquisa realizada pela revista The Economist e pelo YouGov em 2023 foi igualmente perturbadora. Ela mostrou que mais de um quinto dos jovens americanos com idade entre 18 e 29 anos concordou com a afirmação “o Holocausto é um mito”, enquanto outros 30% não concordaram nem discordaram. Isso significa que menos da metade dos jovens americanos acredita de forma resoluta que o Holocausto de fato aconteceu. 

Essa crescente amnésia histórica é bastante preocupante. Mas ainda mais preocupante é a maneira como o significado do Holocausto foi distorcido e invertido pelas nossas elites culturais e políticas, usandoo como arma por fanáticos anti-Israel.

A distorção do significado do Holocausto por elites culturais e políticas em discursos anti-Israel é preocupante | Foto: Wikimedia Commons

Aliás, o próprio Auschwitz — um campo de extermínio criado para o genocídio dos judeus — está sendo rapidamente transformado em outra coisa: um símbolo da crueldade humana que funciona para tudo. Ele está se tornando um parque temático macabro para aqueles que buscam uma mensagem moral fácil. Vejamos o caso da Unesco, sem dúvida a instituição cultural internacional mais poderosa do mundo. Na avaliação oficial do Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, um sítio do Patrimônio Mundial, ela fala de seu “excepcional valor universal”. 

E afirma que o campo funciona como um símbolo da “crueldade da humanidade para com seus semelhantes no século 20”. Tratá-lo como um símbolo genérico de crueldade, como fez a Unesco, torna Auschwitz totalmente banal. Há inúmeros exemplos da terrível crueldade humana ao longo da história, mas existe apenas um Holocausto. Seu significado histórico único deriva do fato de ter sido uma campanha de extermínio industrializada dirigida exclusivamente ao povo judeu. 

E é esse significado que agora corremos o risco de perder completamente. Inversão grotesca Aliás, nas últimas décadas, o Holocausto tem sido cada vez mais desvinculado da experiência do sofrimento dos judeus. Ele está se tornando uma marca universal que ativistas e militantes usam para dar peso moral às suas causas. Os ativistas dos direitos dos animais falam de um “Holocausto no prato”. Militantes contra o aborto nos EUA denunciaram um “Holocausto de fetos”.


A campanha “Holocaust on Your Plate”, da PETA, compara o consumo de carne ao Holocausto | Foto: Reprodução/X 

Tornou-se um termo a ser aplicado em todos os casos de agressão humana e conflitos sangrentos. Há, supostamente, um Holocausto afro-americano, um Holocausto bósnio, um Holocausto ruandês. E, é claro, agora há o Holocausto de Gaza. Parece que todo ato de guerra, agressão ou vitimização patente convida ao rótulo de Holocausto. 

O Holocausto foi arrancado de seu contexto histórico. Tanto é assim que seu significado foi completamente invertido por diversos ativistas anti-Israel. Depois do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, os manifestantes “pró-Palestina” rapidamente caracterizaram a autodefesa de Israel como uma agressão nazista. Em suas marchas, eles exibiam cartazes com uma Estrela de Davi dentro de uma suástica. 

Compararam o cerco de Israel a Gaza aos campos de concentração nazistas. Classificaram os soldados israelenses que lutam para defender sua nação como tropas de ataque nazistas. Na inversão mais grotesca de todas, colocaram os terroristas do Hamas responsáveis pelas atrocidades de 7 de outubro no papel das vítimas judias do Holocausto.

Agora parece que Gaza está sendo equiparada a Auschwitz em si. Em maio de 2024, manifestantes pró-Palestina chegaram ao ponto de interromper uma marcha em memória de Auschwitz com o protesto “Parem o genocídio”. De acordo com Maung Zarni, um suposto especialista em genocídio, a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza é uma “repetição de Auschwitz” e um “genocídio coletivo do homem branco imperialista”. 

Essa distorção intencional do registro histórico é de tirar o fôlego. Se Gaza é o novo Auschwitz, onde estão os trens lotados que levaram seus “passageiros” para a morte? Onde estão as câmaras de gás mortais? Onde está a violação rotineira dos cadáveres? Os fanáticos anti-Israel não estão apenas privando o Holocausto de sua horrível realidade, mas também estão esvaziando seu significado moral. 


A equiparação de Gaza a Auschwitz distorce profundamente a realidade do Holocausto, banaliza seu horror e esvazia seu valor moral | Foto: Procyk Radek/Shutterstock 

Nunca mais 

A inversão do Holocausto é comum entre o público anti-Israel. Como explica Lesley Klaff, ela envolve tanto “uma inversão da realidade”, que coloca os israelenses “como os ‘novos’ nazistas e os palestinos como os ‘novos’ judeus”, quanto uma “inversão da moralidade”, na qual o “Holocausto é apresentado como uma lição de moral para os ‘judeus’, ou até mesmo uma acusação moral contra eles”. 

A propaganda anti-Israel está impregnada de inversões do Holocausto. A Comissão Islâmica de Direitos Humanos (IHRC, na sigla em inglês), sediada no Reino Unido, chegou a pedir o boicote do Dia Memorial do Holocausto, alegando ser “moralmente inaceitável” que Gaza não seja considerada um genocídio junto com o Holocausto. A organização escreveu para 460 prefeituras e centros educacionais pedindo o boicote ao evento. 

As palavras “nunca mais” foram completamente corrompidas. Descontextualizado e com um toque de Disney, o Holocausto se tornou uma arma a ser usada contra as próprias pessoas que foram suas vítimas históricas. A facilidade com que o Hamas e seus apoiadores ocidentais reverteram a memória do Holocausto contra suas vítimas históricas é uma denúncia da cultura ocidental. 

Precisamos começar a reafirmar um compromisso intransigente com o “nunca mais”. Oitenta anos após sua libertação, a memória de Auschwitz precisa ser libertada das poderosas forças empenhadas em distorcer seu significado. 

Frank Furedi é diretor-executivo do think tank MCC-Bruxelas.



Revista Oeste

O embate entre os EUA e a Colômbia - Brasil Paralelo

Augusto Nunes - A dupla virou casal

 O entendimento entre os comparsas confirma que Gleisi e Lindbergh nasceram um para o outro


Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann | Foto: Reprodução/PT

O paranaense Gleisi Hoffmann e o paraibano Lindbergh Farias descobriram ainda na adolescência a vocação política, aguçada pelo ingresso no movimento estudantil. Ambos filiados ao PCdoB e comandou o movimento dos caras-pintadas durante o processo de impeachment de Fernando Collor. Ela concluiu o curso de Direito mas nunca trabalhou como advogada. Ele não passou do terceiro ano em duas faculdades. Os dois logo entenderam que foram talhados para o ofício de político profissional. Mas já eram dois cinquentões quando descobriram que nasceram um para o outro. 

É o que atestam as semelhanças que sublinham as trajetórias da dupla que só em 2020 virou casal. Acampada no PT desde 1989, Gleisi teve dois maridos antes de unir-se a Lindbergh. Ele só desfez um casamento, mas colecionou escalas em esquisitices que só dão no Brasil. Em 1997, era deputado federal pelo PCdoB quando se converteu ao trotskismo e filiou-se ao PSTU — iniciais de um certo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado. (Isso mesmo: “Unificado”, no singular, para rimar com “Partido”, não com “Trabalhadores”. Uma letra a menos não faz diferença: o PSTU tem mais letras no nome oficial do que filiados que saibam quem foi Trotsky). Ela perdeu a disputa pela prefeitura de Curitiba. Ele foi eleito duas vezes prefeito de Nova Iguaçu. Ambos foram senadores por apenas um mandato. O malogro da candidatura à reeleição aconselhou-os a conformar-se com o rebaixamento e disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Deu certo. Os dois se elegeram e pretendem continuar por lá.

As coincidências não param por aí. Ambos escaparam por pouco da devassa promovida pela Operação Lava Jato, mas acabaram anexados à lista dos políticos premiados com propinas pela Odebrecht. Como todos os outros, tanto Gleisi quanto Lindbergh aparecem camuflados por codinomes que mais revelam que escondem a identidade dos favorecidos. Ela ganhou dois: Amante e Coxa. Ele também: Lindinho e Feio. Ambos sempre se proclamaram inocentes com a placidez de quem não se constrange com nada e mente como quem respira. 

Quando foi chefe da Casa Civil do governo comandado por uma cabeça sem cérebro, ela vivia jurando que entende perfeitamente o que Dilma Rousseff diz: “Tenho conversas muito interessantes com a presidenta”, repetia sem ficar ruborizada. Lindbergh não pareceu desconcertado sequer no dia em que inventou o comício sem plateia em lugar movimentado. No vídeo que registra o momento histórico, o candidato a senador fala para ninguém e finge não enxergar o espetáculo da indiferença. Dois metros à frente do orador, que discursa de pé, a multidão se move em busca sabe Deus do quê e prossegue o desfile de carros, ônibus, homens, mulheres e crianças. Todos têm mais o que fazer. Ou preferem não fazer coisa alguma.

Interrompido por alguns meses até a reconciliação em 2022, o casamento dos brigões vocacionais parece esbanjar sintonia. Nas redes sociais e no Congresso, ele capricha no papel de melhor discípulo do mestre. Prestes a deixar a presidência nacional do PT, ela administra a usina de notas, posts e declarações que reiteram a incondicional fidelidade ao chefe supremo. Lindbergh já está em campanha para reeleger-se em 2026. Prestes a deixar a presidência do PT, Gleisi já se preparava para a entrada no ministério e para ocupar uma sala a poucos metros do gabinete presidencial. 

 



“Lula nunca erra”, avisa o primeiro mandamento da seita que tem num corrupto juramentado o seu único deus. Se a divindade de picadeiro tropeça, o culpado é algum adversário ou um companheiro trapalhão. Se explode outro escândalo, é invencionice dos inimigos do povo ou outra onda de fake news. Nas duas hipóteses, Lula nunca soube de nada. Eleito em 2002, ele precisou de poucas semanas para debitar na conta de Fernando Henrique Cardoso todos os problemas do Brasil — passados, presentes ou futuros. A fantasia da “herança maldita” ficou em andrajos com a descoberta de que o templo das vestais era o esconderijo da quadrilha liderada por Altos Companheiros. Mas até hoje o corrupto irrecuperável, condenado à prisão por 19 juízes, baixa nos terreiros do PT como a reencarnação de Jesus Cristo. Os balidos do rebanho endossam a heresia cafajeste.


Lula ao lado de Fernando Henrique Cardoso, em 1978 | Foto: Acervo FHC

Um dos satãs do terceiro mandato foi Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central até o fim de 2024. Antes e depois das reuniões do Comitê de Política Monetária, o Copom, Lula acusava Campos de tentar destruir o Brasil usando a altitude dos juros como uma silenciosa bomba nuclear. Aos olhos da versão brasileira e analfabeta de Joe Biden, o mais ínfimo aumento era um crime de lesapátria. Um Brasil com juros de um dígito só precisaria de dois ou três meses para virar uma Noruega com praia ensolarada e Carnaval. Isso já teria acontecido se o presidente do BC fosse dirigido por um companheiro indicado pela sumidade que não sabe ler nem escrever. 


Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central | Foto: Raphael Ribeiro/BC 

Terminado o mandato de Campos, Gabriel Galípolo assumiu a presidência do BC. A entrada de mais três diretores escolhidos pelo governo consolidou a hegemonia petista no Comitê de Política Monetária. Nesta última semana de janeiro, a primeira reunião do Copom redesenhado aprovou por unanimidade o aumento de 12,25% para 13,25% na taxa Selic. Imediatamente, um post de Gleisi responsabilizou Roberto Campos Neto pela decisão anunciada por Galípolo. A acusação foi endossada pouco depois por um texto subscrito por Lindbergh. O maridão jurou que, na reunião de dezembro, o presidente em fim de mandato “contratou” três aumentos de 1% em janeiro, fevereiro e março. 

Contratou com quem? Com Galípolo, que teria resolvido contrariar Lula? Nada disso importa. Importante foi a reação de Lula ao tratar do caso na entrevista coletiva de quinta-feira. “O presidente do BC não pode dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra”, resumiu. Sobrou para a dupla de afoitos, forçada a retificar os posts que, com um punhado de parágrafos, ergueram outro monumento à desinformação. O isolamento dos comparsas pode até fortalecer o casamento. Mas convém que ambos revejam seus projetos eleitorais. É de bom tamanho a votação necessária para reeleger um deputado federal. Talvez não seja má ideia saber o que faz e como vive um deputado estadual.


Augusto Nunes, Revista Oeste

J.R. Guzzo - A imprensa ficou cega

A omissão de uma série de informações nas reportagens sobre a deportação de brasileiros dos EUA para o Brasil é a mais recente prova de que a imprensa brasileira só enxerga o que quer


Imigrante entra nos Estados Unidos por um buraco em uma seção do muro da fronteira com o México, em Sunland Park, Novo México (28/1/2025) | Foto: Reuters/Jose Luis Gonzalez 

D e todos os desvios psicológicos que o comportamento de Lula e dos seus sócios do STF foram socando nos últimos anos no equipamento mental das classes culturais brasileiras, poucos são tão cansativos quanto a recusa intransigente de utilizar o pensamento racional, tal como ele é conhecido desde a Grécia Antiga, sempre que falam alguma coisa sobre a trindade Estados Unidos-Donald Trump-Elon Musk. “Cai o sistema”, sempre — em qualquer que seja a circunstância e qualquer que seja o assunto. Gente que você achou normal a vida toda é amputada de um momento para outro, nessas ocasiões, de sua capacidade de reagir a estímulos lógicos e volta a ser um homem de Neandertal.

 Provavelmente ninguém tem sido tão afetado nesse bioma como os jornalistas — ou, mais precisamente, quem exerce a ocupação descrita hoje em dia como “jornalismo”. (Aí você encontra “comunicadores”, gente da “mídia” e até influencers, imaginem só.) Diga, diante de quase todos eles, as palavras “Trump” ou “Musk”. É como encostar num peixe-elétrico: vem na hora um choque de sabe lá Deus quantos volts, excomungando um ou o outro, ou os dois ao mesmo tempo, por todas as calamidades que o ser humano está vivendo hoje, já viveu ou ainda vai viver. São fascistas, nazistas, neofascistas ou neonazistas, Godzillas fora de controle, criminosos de guerra. Na melhor das hipóteses, são dois loucos em estágio terminal.


Elon Musk, CEO da Tesla e proprietário do X, cumprimenta Donald Trump, presidente dos EUA, durante comício um dia antes da posse para o segundo mandato, em Washington, EUA (19/1/2025) | Foto: Reuters/Brian Snyder

O último exemplo dessa psicose foi a reação da maioria da imprensa diante da deportação, dos Estados Unidos para o Brasil, de uma centena de brasileiros, nem isso, que estavam lá como imigrantes ilegais. Foi como se os americanos tivessem afundado um navio da Marinha brasileira ou derrubado um caça da FAB — caso encontrassem um ou outro para afundar ou derrubar. “O Trump” foi acusado imediatamente de insultar a dignidade do Brasil e dos brasileiros. Poderia, até mesmo, ter agredido a “soberania nacional”. Foi uma violação flagrante dos “direitos humanos” etc. Motivo desse escândalo internacional: os deportados brasileiros estavam usando algemas no voo que os trouxe dos Estados Unidos. 

Nada disso, e muito menos o tom de Maria Madalena desesperada com que a mídia brasileira se expôs ao público, tem a menor conexão com a realidade dos fatos e, pior, com a capacidade de olhar para alguma coisa e pensar dois minutos seguidos sobre ela. Se não fosse pelas informações de alguns jornalistas que continuam sendo jornalistas, a começar pelos do Poder360, o público não teria ficado sabendo que mais de 3,5 mil brasileiros foram deportados com algemas durante o Lula 3, em 32 voos diferentes, pelo governo Joe Biden — e a imprensa não publicou uma sílaba a respeito. Esse mesmo Biden, nos seus quatro anos de governo, expulsou um total de 7,5 mil brasileiros, sem qualquer protesto do Brasil e dos jornalistas. 


Lula e Joe Biden posam para fotografia oficial na Casa Branca, em Washington, EUA (10/2/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Não há nada, seja no governo Lula, seja no noticiário publicado pela mídia “profissional”, que tenha algum contato com a verdade. O voo acusado de ofender a dignidade brasileira não tem nada a ver com o governo Trump — as deportações foram ordenadas pela administração anterior, e estavam à espera de execução. O uso de algemas no transporte de presos é obrigatório pelas leis americanas; os guardas não têm a opção de não algemar. Como três ou quatro policiais podem entrar num voo com 88 presos, se eles não estiverem algemados? Nem Lula nem os jornalistas mencionaram que os brasileiros não foram deportados por terem ido à Disney, e sim porque eram imigrantes ilegais. O público não foi informado de que imigração ilegal é um crime federal nos Estados Unidos.

A mídia afirmou a seus leitores, ouvintes e espectadores, como um fato ocorrido e indiscutível, que os brasileiros sofreram “maus tratos” durante o voo que os trouxe dos Estados Unidos para Manaus. Ninguém apresentava nenhum sinal físico de violência, nem contou aos jornalistas como, exatamente, teria sido agredido pelos agentes americanos — ou por quê. Não houve nenhuma tentativa de “checagem” em relação a nada do que os deportados disseram. Só depois que a casa caiu, com o progressivo aparecimento dos fatos, a imprensa informou que havia criminosos entre os brasileiros expulsos — inclusive por homicídio. Enfim, e talvez pior do que tudo, criou-se deliberadamente um cenário falso em torno do caso. 


Imigrantes tentam cruzar a fronteira entre Estados Unidos e México, enquanto a Guarda Nacional do Texas trabalha para impedir travessias irregulares, em Juárez, no México (21/3/2024) | Foto: Shutterstock

Apresentou-se ao público, como se fosse um ato de “altivez” do governo Lula, além de uma lição exemplar de soberania por parte da “política externa do Itamaraty”, o que foi mais uma exibição de nanismo diplomático cômico, barato e incurável do Brasil. A imprensa falou, em tom excitado, que o Brasil não iria “permitir” isso ou aquilo, que não iria “aceitar”, que “exigia” etc. etc. etc. Ninguém para e pensa um pouco no que está dizendo em voz alta? Em primeiro lugar, o Itamaraty não tem desde 2003 política externa nenhuma — tem apenas a repetição mecânica do que está dito no caderno de instruções das células políticas que militam ali. 

É a miragem do “mundo multipolar”, do “eixo Sul-Sul” e outras cretinices de centro acadêmico. Questão de opinião? Digamos que seja. Mas aí tem o resto. O Brasil não tem bala para permitir ou proibir ninguém de fazer nada, nem exigir coisa nenhuma — não consegue encarar nem a Bolívia, que já tomou refinarias da Petrobras na cara de Lula. 

No caso dos deportados, vão fazer o quê? O general Tomás Paiva vai desembarcar nos Estados Unidos com os ‘kids pretos’ (em algum lugar eles têm de estar, esses ‘kids pretos’) e impedir os americanos de levantarem voo com os algemados brasileiros? Por que não? 

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes já sugeriu mandar “jagunços” para os Estados Unidos, com a missão de sequestrar asilados políticos. Não dando certo, o general poderia propor que os americanos mantivessem os brasileiros presos nos Estados Unidos, para não terem de voar algemados. 

Ou então transformar a FAB, hoje empresa de táxi aéreo, em serviço de repatriamento permanente de imigrantes ilegais do Brasil. 

É daí para baixo, pela excelente razão de que Lula, o ministro Lewandowski e a imprensa não podem fazer absolutamente nada a respeito do que o governo americano decide nesse tipo de assunto. 

O Brasil pode, por exemplo, decretar um bloqueio comercial contra os Estados Unidos? Vamos suspender as nossas exportações de chips vitais para a indústria americana? Que tal tirar os Estados Unidos do SWIFT — ou dar 72 horas para os satélites de Elon Musk pararem de sobrevoar o espaço sideral brasileiro? A Colômbia, por exemplo, tentou encarar Trump de potência para potência, e proibiu que aviões americanos entrassem no espaço aéreo nacional com colombianos algemados a bordo. A valentia durou duas horas.


Lula durante reunião com Ricardo Lewandowski, no Palácio do Planalto, em Brasília (11/1/2024) | Foto: Ricardo Stuckert/PR 

Trump socou 25% de imposto em todas as exportações colombianas para os Estados Unidos. Daqui a uma semana a pancada ia subir para 50%. Gato gordo colombiano não podia mais viajar para os Estados Unidos, a começar pelo presidente Petro. “Chega”, gemeu a Colômbia. Depois de ser intensamente elogiado pela mídia, o presidente anulou tudo o que tinha acabado de decretar e fugiu como um rato. Pode pôr algema, sim, Mr. Trump — quanta algema o senhor quiser. A casa é sua, desculpe alguma coisa. É esse o herói latino-americano dos jornalistas brasileiros. Não consegue ser mais nem o “Rato Que Ruge” do filme. Igual ao companheiro Lula, ele é agora o “Rato Que Não Ruge” — ou, se ruge, “desruge” duas horas depois. 

Que Lula seja esse tipo de farrapo é coisa mais do que “precificada”, como se diz na Faria Lima. Lula é mesmo capaz de qualquer coisa — como aparecer disfarçado de “camponês” com um chapéu Panamá e óculos Ray-Ban Top Gun num vídeo do seu novo serviço de propaganda. (Será que Janja era tão ruim assim? Comparando com esse que veio para o seu lugar, não se viu até agora muita vantagem.)

Mas e a mídia? Por que tem de fazer esse papel que está fazendo? Para alguns, tudo bem — ganham um monte de dinheiro do governo e do seu sistema para criar um mundo que não existe. Mas esses são uma minoria. A maior parte está nisso por devoção à sua sociedade de ideias mortas e, mais que tudo, porque foi contaminada por uma doença nova e incurável: a SAOB, ou Síndrome Autoadquirida do Ódio a Bolsonaro e ao “bolsonarismo”. Leva à cegueira. 

É complicado, porque mesmo quando o sujeito recebe uma vacina contra o agente patológico original, a doença pula para outros genes, e continua gerando os mesmos efeitos — inclusive nos assintomáticos. No caso de Bolsonaro, por exemplo, a milícia eleitoral do STF veio com uma vacina arrasa-quarteirão: declarou Bolsonaro “inelegível” até 2030. Mas estamos lidando aí com um vírus mutante, ou coisa parecida. O ódio a Bolsonaro, depois de uma incubação como ódio à “extrema direita”, reencarnou como ódio a Donald Trump e Elon Musk. Quer dizer: mesmo que o ex-presidente suba ao céu numa carruagem de fogo como o profeta Elias, e nunca mais seja visto sobre a face da Terra, a SAOB continua plenamente ativa por aqui. A população mais vulnerável à infecção são os homens e mulheres brancos da classe média para cima, de formação universitária, ou quase, e exercendo atividade intelectual. Entre esses, o grupo de risco mais notável é o dos jornalistas.


Donald Trump e Jair Bolsonaro, durante reunião bilateral em Osaka, no Japão (28/6/2019) | Foto: Alan Santos/PR

O efeito mais visível da síndrome é o desligamento progressivo, ou às vezes imediato, dos circuitos cerebrais que permitem ao indivíduo a capacidade de engatar um pensamento com outro e, por via de consequência, de dizer coisa com coisa. No caso dos deportados ocorreu, obviamente, esse tilt geral entre os jornalistas. A partir daí é cegueira puxando cegueira, e cego do veículo A puxando cego do veículo B. O ódio a Bolsonaro leva automaticamente à paixão tórrida por Lula, e essas duas cegueiras combinadas levam à cegueira quanto a Trump e quanto a Musk. O pacote completo, no fim das contas, acaba transformando o sujeito num idiota — como se viu no escândalo das algemas e todas as vezes que as palavras “Trump” e “Musk” aparecem num órgão de imprensa. 

A mídia garantiu que a eleição de Trump iria transformar a Faixa de Gaza num inferno jamais visto pelo ser humano; seria o “holocausto” final do “povo palestino”, dos reféns e de Israel, tudo junto e tudo misturado. A primeira coisa que aconteceu na área depois da posse de Trump foi um acordo de cessar-fogo e o início da libertação dos reféns — que nenhum pacifista  “civilizado” tinha conseguido até então. Diante desse fato, que não pode ser anulado, o que faz a imprensa? Diz que Trump pode ter tido um “sucesso fácil” aí, mas não vai acontecer de novo. Como os jornalistas fazem diante de Javier Milei na Argentina, o importante a noticiar não é que esteja dando certo — é que uma hora tem de dar errado.

Com Elon Musk a escuridão é mais escura ainda. A aversão basal que os jornalistas foram desenvolvendo em relação a ele cresceu de uma forma tão descontrolada que praticamente ninguém reconhece mais, numa redação, a mera identidade de Musk. Ele deixou de ser o que era — um empreendedor que pode entrar na história, com suas concepções revolucionárias, e até agora extremamente bemsucedidas, sobre foguetes espaciais, automóveis, inteligência artificial, comunicações de última geração e outras conquistas que o levaram do zero a uma fortuna pessoal de US$ 350 bilhões. Esse homem, e tudo o que ele fez, não existe para a imprensa. Só existe um débil mental obcecado com a ideia de mandar “no planeta” — um bilionário mimado que vai implantar o neonazismo global, destruir a natureza e matar os pobres.


Elon Musk durante a posse de Donald Trump, em Washington (20/1/2025) | Foto: Reuters/Kenny Holsto

Por que os jornalistas dizem esse tipo de coisa? Por que Musk é descrito com um “bilionário”, e Joesley Batista ou outros amigos de Lula, para os mesmos jornalistas, são “empresários”? Por que ele é “mimado” — se trabalhou como um burro de carga durante a vida inteira, dormia dentro da fábrica para estrar lá o mais cedo possível e vive unicamente de seus méritos? Até comprar o antigo Twitter três anos atrás, e acabar imediatamente com a censura esquerdista que existia ali, Musk era uma outra pessoa — a mídia até gostava dele, porque o seu Tesla “economiza carbono” etc. Desde então, é uma pósgraduação ambulante em “Como se Transformar num Monstro Para os Jornalistas”. 

Musk é acusado, até, por ter 12 filhos — você pode ter lido na mídia que esse comportamento suspeito, muito provavelmente, se deve ao fato de que ele é um “supremacista branco sul-africano” que quer povoar o mundo com mais arianos do que negros. 

Fazer o quê? 

Como dito acima, tudo isso extravasou do campo da política para o campo da saúde mental. O resultado é que você acha estranhíssimo, ou algo bem pior, uma pessoa racional ficar indignada com o fato de que 88 imigrantes ilegais tiveram de fazer algumas horas de voo com algemas. Ao mesmo tempo, ela acha uma maravilha democrática deixar um autista ou um cacique índio presos com tornozeleira eletrônica 24 horas por dia por terem participado de um “golpe armado” em que as únicas armas encontradas pela polícia foram um par de estilingues e um maço de bolinhas de gude. A mídia brasileira tem certeza de que não há problema nenhum com nenhuma das duas coisas

J.R. Guzzo - Revista Oeste

No Brasil, quase metade do valor de um carro zero-quilômetro é imposto

No país, cerca de 44% do preço total de um veículo novo é referente ao tributo; apesar disso, vendas aumentaram em 2024


Carros 0km em caminhão cegonha | Foto Lula Marques/Fotos Públicas 

Os impostos sobre um carro zero-quilômetro chegam a 44% do valor total do veículo no Brasil. Na prática, isso significa que quase metade do preço que o consumidor paga tem como destino os cofres públicos, e não a montadora. 

Entre Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Brasil figura entre os países que mais cobram tributos de carros zero. 

Em comparação, mercados de grandes potências globais compram veículos novos com taxas bem mais baixas. China e Estados Unidos, por exemplo, destinam apenas 5% e 7% do valor total para impostos, respectivamente. 

Na sequência da lista, aparecem Japão (13%), Alemanha (19%), França (20%), Espanha (21%) e Itália (22%). Confira abaixo o levantamento da IL/Anfavea, em arte feita pela página Ranking dos Políticos.


Porcentual de impostos sobre carros zero-quilômetro | Foto: Reprodução/RankingDosPolíticos

Venda de carro novo cresceu 14,2% no Brasil em 2024

Apesar do cenário dos impostos, em 2024, o mercado brasileiro de carros novos registrou um crescimento de 14,2%, com um total de 2,63 milhões de unidades vendidas. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)




Esse aumento superou as previsões iniciais da Fenabrave. O órgão esperava um crescimento de 12%. Já as montadoras representadas pela Anfavea tinham uma estimativa inicial de 6,1%. 

O aquecimento das vendas teve impulso em fatores como a expansão do crédito, a melhora na renda e o aumento do emprego. Um destaque no setor foi o papel das locadoras, que responderam por um quarto das compras de veículos no ano passado, o que contribuiu para o desempenho positivo do setor. 

 Ainda que o mercado tenha se recuperado, o ano de 2024 ainda ficou 5,5% abaixo do volume registrado em 2019, antes da pandemia. Mesmo assim, as perspectivas para 2025 são otimistas: a Fenabrave projeta um crescimento de 5% — o que levaria o total de vendas para 2,77 milhões de unidades.

Revista Oeste

Correios registram déficit de R$ 3,2 bilhões e impactam o desempenho das estatais

As empresas públicas incluídas na meta registram um saldo negativo de R$ 4,04 bilhões em 2024, ao considerar as exceções previstas no Orçamento


Correios enfrentam crise e têm rombo bilionário | Foto: Reprodução/Flickr 


Os Correios lideram o déficit primário entre as estatais federais. A empresa apresenta um saldo negativo de R$ 3,2 bilhões. Em seguida, a Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais) registrou um déficit de R$ 1,9 bilhão. No total, o resultado primário das estatais federais atingiu R$ 4,04 bilhões negativos em 2024.

Esse valor corresponde às empresas incluídas na meta fiscal. Exclui o grupo Petrobras e os bancos estatais, que não fazem parte desse cálculo. O Ministério da Gestão e Inovação divulgou esses números nesta quinta-feira, 30. 

De acordo com o governo, os números dos Correios e outras estatais não consideram recursos acumulados nos caixas das empresas anteriormente 

Embora tenha publicado os dados, o governo esclareceu que o resultado primário dos Correios e outras estatais não reflete de forma precisa a saúde financeira das companhias. Segundo comunicado oficial, esse índice não considera os recursos acumulados nos caixas das empresas em períodos anteriores. Também não inclui possíveis receitas obtidas por meio de financiamentos. 

No documento, o governo citou alguns exemplos que ilustram essa questão. O Serpro e a Dataprev, por exemplo, registraram lucros líquidos de R$ 426 milhões e R$ 385 milhões, respectivamente, até o terceiro trimestre de 2024. Apesar disso, ambas apresentaram déficit orçamentário. 




Isso evidencia que a métrica utilizada pode não ser adequada para avaliar o desempenho dessas empresas. Já a Hemobrás acumulou lucro líquido de R$ 101 milhões no período. No entanto, apresentou déficit em decorrência ao alto volume de investimentos. A empresa está construindo um complexo fabril em Pernambuco. Esse projeto tornará o Brasil um dos poucos países do mundo com tecnologia para produzir medicamentos a partir do fracionamento do plasma. 

Os valores divulgados incluem a permissão para excluir do cálculo investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que somaram R$ 1,9 bilhão. Também consideram as contas da ENBPar, cujo saldo negativo alcançou R$ 463,1 milhões. Caso essas exceções não fossem consideradas, o déficit primário subiria para R$ 6,3 bilhões. 

O Ministério da Gestão e Inovação destacou que a maior parte dos déficits das estatais não está relacionada a prejuízos operacionais O Ministério da Gestão e Inovação ressaltou que a maior parte dos déficits das estatais não decorre de prejuízos operacionais. Ocorrem, em sua maioria, por causa dos investimentos realizados. Em 2024, os investimentos das estatais federais cresceram 44,1% em comparação com 2023. No total, atingiram R$ 96,18 bilhões.

O comunicado oficial apresenta uma tabela detalhada. Expõe o resultado primário das estatais em 2024, os investimentos realizados e o resultado contábil intermediário. Em alguns casos, os dados mais recentes disponíveis referem-se ao primeiro trimestre de 2024. O documento, aparentemente gerado a partir de uma planilha do Excel, apresenta a palavra “ENBPar” sublinhada em vermelho. Isso indica uma possível sugestão de correção automática do programa.


Os dados divulgados pelo Ministério foram coletados pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. Como o grupo Petrobras está fora da meta fiscal, seus números não foram incluídos. A expectativa é que o Banco Central publique, nesta sextafeira, 31, o resultado consolidado das estatais federais em 2024.

Revista Oeste

News da Manhã Brasil – Alexandre Pittoli - Rádio Auri Verde Brasil - Maior Audiência do País

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Contas públicas fecham 2024 com rombo de R$ 43 bilhões

 Montante representa 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB)




Dados do Tesouro Nacional, divulgados nesta quinta-feira, 30, mostram que o governo federal encerrou o ano de 2024 com um rombo de R$ 43 bilhões nas contas públicas. O montante representa 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Se desconsiderar os gastos com a reconstrução do Rio Grande do Sul, o déficit seria de R$ 11 bilhões, ou 0,09% do PIB.As despesas públicas em 2024, por sua vez, apresentaram uma retração real de 0,7%, o que totaliza R$ 2,2 trilhões. 

Em contrapartida, a receita líquida foi de R$ 2,1 trilhões. “Rombo nas contas públicas foi inferior às projeções”, afirma secretário do Tesouro Nacional 

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou, em entrevista coletiva, que o déficit registrado em 2024 foi inferior às projeções do mercado ao longo do ano..

 



As despesas públicas em 2024, por sua vez, apresentaram uma retração real de 0,7%, o que totaliza R$ 2,2 trilhões. Em contrapartida, a receita líquida foi de R$ 2,1 trilhões. “Rombo nas contas públicas foi inferior às projeções”, afirma secretário do Tesouro Nacional.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou, em entrevista coletiva, que o déficit registrado em 2024 foi inferior às projeções do mercado ao longo do ano.


Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron | Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

“No acumulado em 12 meses, atualizado pela inflação, o déficit é de R$ 44 bilhões, o segundo melhor da última década”, afirmou Ceron. O governo federal tem adotado medidas para equilibrar as contas públicas. Segundo o Executivo, o objetivo é garantir uma trajetória sustentável para a dívida. 

A redução do déficit primário é fundamental para diminuir a necessidade de financiamento adicional por meio da emissão de dívida. 

Revista Oeste