sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

PT aceitou 'recebíveis de venda de charuto' como garantia de Cuba

 'Se não pagasse, o governo brasileiro iria lá em Cuba penhorar a venda de charuto', afirmou o presidente do BNDES


Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e presidente da República, Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução/Redes sociais
Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e presidente da República, Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução/Redes sociais

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, reforçaram que o PT aceitou “recebíveis de venda de charuto doméstico” como garantia de um empréstimo feito à ditadura cubana.

Na live da quinta-feira 28, Montezano disse que, durante a gestão petista, o banco emprestou, em 2010, R$ 3,6 bilhões para Cuba e obteve charutos como garantia.

“Se não pagasse, o governo brasileiro iria lá em Cuba penhorar a venda de charuto em Havana”, afirmou o presidente do BNDES.

“Foram fantásticos em obras fora do Brasil, em especial para ditaduras”, disse Bolsonaro, sobre programas de crédito em governos petistas, mas pontuou que não houve “caixa-preta” no BNDES.

“Eram medidas provisórias que iam para dentro do Congresso, eu estava lá dentro, projetos de lei também que eram emendados e daí permitiam então essas operações junto ao BNDES.”

“Tudo foi legal. Não houve caixa-preta. Caixa-preta era aquele período onde não podia se divulgar nada, inclusive os contratos com outros países por decisão judicial”, afirmou Bolsonaro.

Porto de Mariel

Em 2015, a revista Época teve acesso a documentos que revelaram a natureza das garantias oferecidas por Cuba para as obras do Porto de Mariel — e aceitas pelo governo brasileiro.

“As garantias são recebíveis da indústria tabagista cubana. Isso significa que, em caso de calote de Cuba, o Brasil levaria fumo. Teria de vender charutos cubanos para cobrir o rombo”, afirmou a reportagem.

Na ocasião, a estimativa era que o governo cubano faturasse cerca de US$ 400 milhões por ano com as vendas de charutos — abaixo do total desembolsado pelo BNDES no Porto de Mariel, cujo custo chegou a US$ 682 milhões.

Época também disse que houve, ainda, outras duas exceções concedidas aos irmãos Castro: o governo brasileiro assumiria 100% dos riscos políticos e extraordinários do empréstimo; e o dinheiro do BNDES seria depositado no banco estatal cubano, em vez de ficar alocado numa conta no exterior, como é o usual em transações desse tipo.

Revista Oeste