sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Trump e democratas chegam a acordo para por fim a paralisação nos EUA

O presidente americano, Donald Trump, durante o discurso na Casa Branca em que anunciou o acordo
O presidente americano, Donald Trump, durante o discurso na Casa Branca 
em que anunciou o acordo - Brendan Smialowski/AFP

NOVA YORK
No que pode ser considerada uma vitória democrata, o presidente Donald Trump aceitou nesta sexta-feira (25) assinar uma lei que permite financiar o governo federal por três semanas sem qualquer recurso para a construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.
“Chegamos a um acordo para reabrir o governo”, afirmou o presidente na tarde desta sexta, no jardim da Casa Branca.
O presidente lembrou que tinha a opção de declarar emergência nacional, “mas não quis usar desta vez”. “Espero que seja desnecessário”, afirmou.
No pronunciamento, ele agradeceu à população americana e afirmou que vai assegurar que os funcionários que trabalharam sem remuneração recebam seu pagamento.
Trump disse ter instruído o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, a colocar em votação na Casa a lei pactuada com os democratas.
A lei não inclui dinheiro para o muro que Trump quer construir na fronteira com o México. O republicano exige US$ 5,7 bilhões (R$ 21,5 bilhões) para a obra.
O muro foi justamente o motivo do impasse que provocou a mais longa paralisação parcial do governo americano, com 35 dias. O presidente se recusava a assinar qualquer medida que não tivesse dinheiro para a obra, e os democratas rejeitavam negociar o assunto enquanto o governo estivesse fechado.
Segundo o presidente, as negociações em torno do muro continuam pelas próximas três semanas. Se os dois lados não chegarem a um acordo sobre o financiamento à obra, Trump disse que o governo vai fechar novamente após 15 de fevereiro ou que ele pode usar os poderes que possui para declarar emergência nacional.
Nesta sexta, uma pesquisa do jornal The Washington Post com a emissora ABC News mostrou que a desaprovação pública do presidente subiu cinco pontos percentuais em três meses, para 58%, com a maioria dos americanos considerando Trump e os republicanos responsáveis pela paralisação.
A aprovação ficou em 37% —era de 40% antes das eleições de meio mandato presidencial, em novembro. Além disso, um em cinco americanos disseram ter sido pessoalmente afetados pelo apagão.
A pesquisa mostrou ainda que 54% dos entrevistados desaprovavam a atuação da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, durante o apagão –ainda assim, a desaprovação de Trump na questão foi de 60%.
Por causa da paralisação, 800 mil funcionários federais ficaram sem receber o segundo pagamento nesta sexta. Parques nacionais fecharam, e aeroportos tiveram transtornos por causa de agentes de segurança e controladores aéreos que faltaram ao trabalho.
Nesta sexta, a FAA (agência federal responsável pela aviação) afirmou que estava retardando o tráfego aéreo do aeroporto LaGuardia, em Nova York, por problemas com trabalhadores em unidades de Washington e Jacksonville, na Flórida.
Por causa das restrições ao LaGuardia, que opera voos domésticos, outros aeroportos registraram problemas, como o Newark, perto de Nova York, e o aeroporto internacional da Filadélfia.
Na quinta, o Senado barrou propostas de Trump e dos democratas para reabrir o governo, jogando por terra a possibilidade de encerrar a paralisação. O plano do republicano incluía medidas de proteção temporária a imigrantes ilegais nos EUA em troca de dinheiro para construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.
A seguir, foi a vez da votação da medida dos democratas, já aprovada na Câmara dos Deputados, controlada pelo partido. O conjunto de leis financiaria o governo até 8 de fevereiro, mas sem recursos adicionais para a segurança na fronteira. O pacote foi rejeitado.
O apagão do governo forçou Trump a adiar o pronunciamento anual à nação, inicialmente marcado para o próximo dia 29. Ele tomou a decisão depois que a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, comunicou não ser possível que ele faça o discurso na Casa.
Danielle Brant, Folha de São Paulo