quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Procurador-geral do Peru volta atrás e mantém promotores no caso Odebrecht

O procurador-geral do Peru, Pedro Chávarry, voltou atrás em sua polêmica decisão e invalidou nesta quarta-feira, 2, a destituição dos promotores Rafael Vela e José Domingo Pérez, principais membros da equipe especial que investiga o escândalo de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht no país.
A nova resolução de Chávarry foi anunciada enquanto o presidente do Peru, Martín Vizcarra, chegava ao Congresso para apresentar um projeto de lei para uma intervenção no Ministério Público e anulação do afastamento dos dois promotores.
O procurador-geral destituiu ambos quando se preparavam para assinar um acordo de leniência com a Odebrecht que aparentemente agilizaria as investigações, com interrogatórios já programados sobre os grandes casos de corrupção no país.
Chávarry afirmou que tomou a medida hoje “em consideração à transcendência e à importância das investigações vinculadas com crimes de corrupção de funcionários públicos e pessoas ligadas a eles, nos quais teria incorrido a empresa Odebrecht”.
O procurador-geral acrescentou que considera que devem ser “transparentes as ações tomadas pela equipe especial de promotores”.
Chávarry destituiu os promotores em 31 de dezembro, a quatro horas da virada de ano, o que levou Vela e Pérez a acusá-lo de servir aos interesses da organização criminosa que eles investigam.
Os dois apresentaram hoje uma impugnação da resolução que os afastava para que fosse revisada pela comissão de procuradores supremos, composta por cinco integrantes, um deles o próprio Chávarry.
Vela afirmou ontem que o principal motivo da decisão de Chávarry é frustrar o acordo de leniência fechado com a Odebrecht, marcado para ser assinado em 11 de janeiro.
Além do ex-presidente Alan García e de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori e líder da oposição ao atual governo, as investigações do escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht no Peru também tem como alvo os ex-presidentes Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.
Até agora, a Odebrecht reconheceu ter pagado milhões de dólares em propinas no Peru entre 2005 e 2014, além de doações em dinheiro aos principais líderes políticos do país, para financiar suas campanhas eleitorais à Presidência, em troca de facilitação na concessão de obras públicas.
Mais cedo nesta quarta, a força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná havia repudiado a destituição dos promotores.
Em nota, o órgão afirmou que a medida se tratava de “um perigoso precedente latino-americano para o trabalho independente e imparcial de promotores na região e no mundo”.
Com EFE