quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Bolsa renova recorde pelo 2º dia seguido e dólar recua a R$ 3,75

Após passar a maior parte da sessão em baixa, em meio a uma realização de lucros, o Ibovespa ganhou fôlego na reta final da sessão, à medida que as ações de Petrobrás e bancos passaram a subir com força. O índice renovou máxima histórica de fechamento pelo segundo dia seguido, ainda influenciado pelo otimismo com o governo Bolsonaro, apesar do exterior negativo.
Lá fora, pressionaram os ativos as preocupações quanto a uma desaceleração global, alimentadas pela revisão para baixo na projeção de receita da Apple no primeiro trimestre fiscal. Em Nova York, os índices acionários operavam em queda de mais de 2%.

Bolsa
O principal índice da Bolsa fechou em alta de 0,61%, aos 91.564,25 pontos
 Foto: Gabriela Biló/Estadão
O principal índice da Bolsa fechou em alta de 0,61%, aos 91.564,25 pontos, após ter renovado mínimas e caído até 1,20% na etapa vespertina da sessão. O volume foi de R$ 20 bilhões. No início do pregão, e antes da abertura dos negócios em Wall Street, o Ibovespa ainda renovou a máxima histórica intraday ao alcançar 91.596,28 pontos. 
"O quadro continua positivo para os ativos de risco, uma vez que prevalece o otimismo com o novo governo", afirma Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. No fim do pregão, as ações da Petrobrás ganharam impulso após discurso de posse do novo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, subindo mais de 2%.
Além disso, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, informou que num prazo de 100 dias a União e a Petrobras deverão concluir a negociação do crédito devido à estatal pela cessão onerosa de áreas no pré-sal em 2010. Segundo o ministro é certo que a empresa tenha crédito a receber. Papéis de bancos também passaram a subir, e as ações de Itaú Unibanco e Bradesco avançaram mais de 1%.
Shin Lai, estrategista da Upside Investor, destaca que exportadoras puxaram a Bolsa para baixo ao longo do dia. "Empresas como Vale, BRF e Suzano sofreram com a forte queda do dólar nesta quinta-feira. Por outro lado, estatais como Sabesp e Eletrobras tiveram fortes ganhos com a expectativa de avanço das privatizações", comenta. As ações da Vale recuaram 4,09%; Suzano, -5,62%; e BRF, -3,98%. Já Sabesp subiu 7,71% e Eletrobras 5,98% (ON) e 6,01% (PNB). 

Câmbio

A onda de bom humor que favoreceu os ativos ontem continuou a afetar o comportamento do dólar frente ao real nesta quinta-feira. A moeda americana rompeu o patamar dos R$ 3,80 e fechou o dia cotada a R$ 3,7579, em queda de 1,23%. Além dos fatores domésticos – com expectativas positivas em relação a possíveis medidas econômicas do governo de Jair Bolsonaro –, a queda da divisa ante o real teve impulso na perda global de força do dólar. O segundo dia consecutivo de alta no petróleo também colaborou para fortalecer as moedas de países exportadores da commodity. 
O mercado ajusta ainda posições após a forte alta da divisa americana frente ao real em dezembro, impulsionada pela saída sazonal, mas significativa, de remessas ao exterior, o que aumenta a procura por dólares no país. "Em dezembro, o dólar foi sustentado por uma forte saída de remessas. O mercado não ia conseguir sustentar o mesmo cupom, mas talvez esse ajuste esteja acontecendo mais rapidamente em função do ambiente político", aponta o operador da corretora Necton, José Carlos Amado.
Operadores ouvidos pelo Broadcast apontam que o fator de maior peso no mercado continua sendo o noticiário doméstico. Os investidores respondem positivamente aos primeiros dias do governo Bolsonaro e ao aumento do apoio da candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados. A avaliação é que Maia é alinhado com a pauta fiscal, sobretudo em relação à agilização da reforma da Previdência. 

O mercado também responde ainda aos eventos de ontem, sobretudo o discurso liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, o apoio do PSL à candidatura de Maia e a sinalização de que a privatização da Eletrobras será continuada pelo novo governo. "O noticiário de ontem reanimou o mercado, o que levou ao rompimento de um ponto técnico importante, dos R$ 3,80", afirma o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior.

Eulina Oliveira e Bárbara Nascimento, O Estado de S.Paulo