quinta-feira, 30 de março de 2017

Oi poderá sofrer intervenção já na semana que vem, segundo governo. Por Maria Cristina Frias

Folha de São Paulo


A intervenção na operadora Oi, embora de início indesejada pelo governo, poderá ocorrer já na próxima semana, apurou a coluna.

O alto escalão da Caixa, do Banco do Brasil, da Casa Civil e do Ministério das Comunicações manifestou desagrado em relação ao pouco engajamento dos principais acionistas da operadora para resolver o impasse na empresa.

A avaliação é que, apesar de consequências negativas de uma intervenção, ela seria melhor do que pegar uma companhia ainda mais devastada adiante. O plano de recuperação apresentado foi considerado muito ruim.

O ministro Gilberto Kassab (das Comunicações) pediu nesta quarta-feira (29) pressa à Casa Civil na emissão de uma medida provisória até o fim desta semana para ajustar o arcabouço jurídico.

A entrada de um interventor será evitada se os principais acionistas fecharem um acordo com credores ou aceitarem novos investidores. Com R$ 65 bilhões de dívidas, a OI atua com exclusividade em mais de 2.000
municípios.
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Momento de compras

Os gestores da americana Carlyle, que tem em sua carteira Ri Happy, Tok&Stok e Rede d'Or, se preparam para voltar às aquisições e demonstram ter uma visão positiva para os próximos anos, se o país continuar como até aqui.

"O momento ideal para comprar é quando há uma percepção de preços estáveis ou depreciados com expectativa futura de estabilidade e de bonança", afirma Juan Carlos Felix, copresidente do Carlyle para a América do Sul.

"Os investimentos que fizemos em 2015 e 2016, deveríamos desembolsar em quatro ou cinco anos. Acreditamos, se tudo der certo, que o Brasil terá as condições para vendermos bem: um mercado de Bolsa estável e promissor, câmbio também estável, além de crescimento da economia."

A ideia é investir no fim de uma recessão, início de uma retomada.

"São as safras de melhores retornos. A grande aposta é que agora é um bom momento."

O cenário brasileiro ainda incerto não preocupa os gestores, pois a visão de investimento é de 7 a 9 anos.

"O investidor [que compra participação em empresa] não abandona o país, por causa do tamanho e do potencial dele. Mas podem entrar agora ou esperar de seis meses a um ano", avalia Fernando Borges, copresidente da gestora.

"Quem tem recurso para aportar está mais cauteloso e seletivo. Mas, diferentemente de outras crises, não falta dinheiro. E problema há no mundo todo."
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Custo com Justiça do Trabalho vira parte de cálculos tributários

Investidores passaram a levar em conta os custos com a Justiça do Trabalho de diferentes praças antes de tomar decisões a respeito de onde instalar empresas, segundo advogados que assessoram grupos estrangeiros.

É uma espécie de planejamento tributário que, no lugar de impostos, leva em conta indenizações trabalhistas.

"Preços no Brasil passaram a ter um delta dos custos de ações na Justiça do Trabalho", diz Carlos Fernando Siqueira Castro, do escritório que leva o seu sobrenome.

A banca tem coeficientes de qual o impacto dos pagamentos ordenados por juízes para cada real de salário pago aos funcionários, afirma.

"Os Tribunais Regionais do Trabalho são muito diferentes entre eles, e há empresas que deixam de ir a uma cidade por conta do perfil dos juízes", diz Caroline Marchi, sócia do Machado Meyer.

No Rio Grande do Sul, empregadores foram ordenados a pagar R$ 12.400 por processo -41% a mais que na Grande São Paulo, onde a base salarial é maior, afirma Marchi.

A atuação do MPT (Ministério Público do Trabalho), embora não contabilizada em um coeficiente, também passou a ser levada em conta na hora de escolher um local.
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Terra dividida

O número de loteamentos urbanos protocolados no Graprohab, órgão ligado à Secretaria da Habitação de São Paulo e responsável por aprovar os projetos no Estado, caiu 5% em 2016.

É a segunda redução consecutiva -em 2015, houve queda de 1%.

"Com toda a incerteza econômica que começou em 2015, é possível que empreendedores tenham desacelerado o desenvolvimento de projetos", diz Caio Portugal, presidente da Aelo (associação do setor).

"Como o processo para se aprovar um loteamento é muito mais longo que o de outras incorporações, os reflexos nos lançamentos aparecem a médio prazo."
Qualquer crescimento acelerado antes de 2019 está praticamente descartado, afirma.

"Neste ano, o resultado deverá ser igual ao de 2016, talvez com uma queda."


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Eletrizado

Cerca de 37% das fabricantes de eletroeletrônicos tiveram um aumento nas vendas em fevereiro, segundo a Abinee, que representa o setor.

O número de empresas que registraram uma queda também foi de 37%. É a primeira vez, desde janeiro de 2015, que os resultados negativos não superam os positivos.

Entre as companhias consultadas, 45% projetam uma alta na produção em 2017, na comparação com 2016.
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Tecnologia
A Totvs inaugura este mês um canal de vendas nos Estados Unidos.
O foco é trabalhar com PMEs latino-americanas que operam no país, além de novos clientes locais.
O escritório será na Flórida, que também é base de muitas companhias brasileiras.
"Planejamos estar em todo o território dos EUA no futuro. Já temos clientes em outros Estados", diz Álvaro Cysneiros, diretor da empresa.
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Digital As vendas no comércio eletrônico brasileiro devem atingir R$ 64,1 bilhões em 2017, aponta estudo da E-Consulting. O valor é 2,72% maior que o de 2016. O país possui, atualmente, 123 milhões de internautas.

Planilha A Serasa Experian aportará R$ 25 milhões até 2019 em um laboratório de pesquisa e desenvolvimento ligado a análise de dados. O espaço será o terceiro da companhia no mundo e terá o Santander como primeiro cliente.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATAIGOR UTSUMI e LUISA LEITE