quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Onde investir em 2020: impressionado com o rali da Bolsa em 2019? Pois saiba que há espaço para mais

Mesmo após um 2019 bastante positivo
para a bolsa brasileira, os analistas 
continuam apostando que o mercado
acionário do país tem fôlego para 
continuar subindo — o que levará o 
Ibovespa a níveis inéditos




O mercado de ações do Brasil teve um 2019 reluzente: Ibovespa subiu 31,58% no ano, rompendo diversos recordes nos últimos 12 meses — e confirmando as projeções feitas pelo Seu Dinheiro. Bem que o Vinícius Pinheiro falou lá no fim de 2018 que dava pra ficar uns 30% mais rico na bolsa em 2019...
A partir de hoje, o Seu Dinheiro publica uma série de reportagens sobre Onde Investir em 2020. Quem seguiu nossas recomendações no especial de 2019, ganhou dinheiro. Conheça as perspectivas para seis classes de ativos:
  • Ações (você está aqui)
  • Dólar (disponível em 3/1)
  • Renda fixa (disponível em 4/1)
  • Imóveis (disponível em 5/1)
  • Fundos imobiliários (disponível em 6/1)
  • Criptomoedas (disponível em 7/1)
Mas… o que esperar da bolsa brasileira em 2020? Ainda há espaço para valorização, mesmo após os ganhos recentes? Eu conversei com diversos analistas para entender melhor a dinâmica do mercado acionário daqui para frente — e a visão continua positiva.
O entendimento dos especialistas do mercado financeiro é unânime: o Ibovespa continuará subindo em 2020. Para os mais otimistas, o índice tem potencial para avançar até 20% em relação aos níveis atuais
Toda essa animação se deve à conjuntura cada vez mais favorável para a bolsa. Por aqui, a combinação entre crescimento da economia e taxas de juros em níveis baixos abre espaço para que as ações sigam se valorizando, especialmente as de empresas voltadas ao mercado doméstico.
No exterior, o alívio na guerra comercial afasta os temores de desaceleração da atividade global — e, sem tanta nebulosidade no horizonte, os investidores internacionais tendem a voltar a se expor aos mercados emergentes, como o Brasil.
Antes de analisarmos cada uma das variáveis que poderá mexer com a bolsa brasileira em 2020, eis um resumo rápido dos cenários-base das principais instituições financeiras para o Ibovespa ao fim do ano:
  • Itaú BBA: 132 mil pontos (+13%)
  • Bradesco BBI: 139 mil pontos (+20%)
  • J.P. Morgan: 126 mil pontos (+8,6%)
  • Genial Investimentos: 135 mil pontos (+16%)
  • BTG Pactual: 130 mil pontos (+12%)

Bases sólidas

No início de 2019, as perspectivas para o mercado brasileiro eram bastante positivas, mas quase todo o otimismo tinha como base o potencial a ser destravado pela economia local.
Caso o PIB voltasse a crescer, caso a reforma da Previdência fosse aprovada, caso o novo governo conseguisse promover uma articulação coesa com o Congresso, caso o exterior ajudasse… aí sim, o Ibovespa poderia subir muito; mas, se essas variáveis não corressem conforme o desejado, o cenário era nebuloso.
Pois bem, grande parte dessas condições foi satisfeita, em maior ou menor grau: a atividade doméstica demorou para engatar, mas começa a ganhar tração; a Previdência sofreu atrasos, mas passou; o governo e o Congresso trocaram farpas, mas continuam dando prosseguimento às pautas econômicas; e, no exterior, EUA e China terminaram o ano com atritos menores.
Assim, superados os riscos de 2019, a leitura dos analistas é a de que o Ibovespa tende a encontrar um ambiente muito mais tranquilo de agora em diante e, com isso, tem tudo para conquistar níveis ainda mais altos.
O Itaú BBA, por exemplo, enxerga o índice a 132 mil pontos ao fim de 2020 em seu cenário-base, enquanto o Bradesco BBI tem uma visão ainda mais otimista: 139 mil pontos daqui um ano.
"Num cenário muito negativo [em 2020], a bolsa deve cair pouco. Mas, num cenário com o PIB crescendo 3% — acima do esperado — e com a agenda de reformas caminhando mais rápido, a bolsa poderia dar um retorno de 40%", diz André Carvalho, estrategista de ações para América Latina do Bradesco BBI.
Quanto ao PIB, as expectativas são de aceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. De acordo com as projeções do boletim Focus de 23 de dezembro, o indicador deve subir 1,16% em 2019, saltando para 2,28% em 2020 — em 2021 e 2022, a estimativa é de crescimento de 2,5% ao ano.
A expansão da economia é importante para o mercado acionário por implicar num aumento no lucro das empresas, o que, consequentemente, provoca uma elevação no preço das ações.
Assim, por mais que o Brasil termine 2019 com um desempenho abaixo do esperado — alguns economistas enxergavam o PIB acima de 2% já nesse ano —, o cenário adiante é promissor.
Além disso, há o fator taxa de juros: a Selic passou por sucessivos cortes nos últimos meses, chegando ao patamar atual de 4,5% ao ano — um novo piso histórico. E, em relação a essa variável, há diversas implicações positivas para a bolsa.
"Juros baixos ajudam no crescimento, na alavancagem", diz Emy Shayo, estrategista para a América Latina e Brasil do J.P.Morgan. "Além disso, as pessoas têm que tomar mais riscos nos seus investimentos, sair da renda fixa. Já vimos isso em 2019, e a tendência tende a se aprofundar em 2020".
O J.P.Morgan é a casa mais conservadora entre as consultadas pelo Seu Dinheiro: atualmente, tem como cenário-base o Ibovespa a 126 mil pontos ao fim de 2020. No entanto, Shayo explica que as projeções da instituição funcionam com faixas.
O cenário mais pessimista do J.P. Morgan traz o Ibovespa a 95 mil pontos, enquanto o mais otimista vislumbra 144 mil pontos — e a estrategista explica que, hoje, a casa trabalha com o índice num intervalo entre os cenários base e otimista.
Victor Aguiar, Seu Dinheiro