O presidente Michel Temer se cansou das críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ao governo e decidiu reagir. Em edição extra do Diário Oficial da União, nesta sexta-feira à noite, Temer nomeou Leonardo Henrique de Cavalcante Carvalho para o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região. Carvalho foi indicado para o cargo pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). O candidato de Renan era Luciano Guimarães Mata.
Quando comandava o Senado, Renan recebeu do Palácio do Planalto a promessa de que seu afilhado seria o escolhido, como revelou a Coluna do Estadão. Nos últimos dias, porém, o líder do PMDB se destacou pelo discurso de oposição a Temer.
“O PMDB se sente fora do governo, mas eu, pessoalmente, não quero cargo nenhum. Seria o meu completo esvaziamento na bancada”, disse ele ao Estado. “O que não podemos deixar de constatar é que há uma dificuldade na coalizão, na qual os partidos menores ocupam os maiores espaços.”
Nesta semana, vários aliados de Temer tentaram jogar água na fervura e acalmar Renan. Na quarta-feira à noite, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, chegaram a ir até o gabinete do aliado rebelde no Senado para oferecer o comando de uma nova pasta na Esplanada. Disseram que o Ministério dos Portos poderia ser recriado e entregue a ele.
Renan recusou. “Sempre perguntam: ‘O que o Renan quer?’ Ora, eu quero a definição de políticas públicas, a calibragem das reformas do Estado e a inserção da bancada do PMDB no governo”, afirmou o senador. “Há uma insatisfação generalizada na bancada.”
Além das fortes críticas de Renan ao projeto da terceirização – sancionado nesta sexta-feira –, à reforma da Previdência e aos rumos da economia, Temer ficou muito irritado com os vídeos que o líder do PMDB postou no Facebook. Vinte e quatro horas após a conversa com Padilha e Moreira Franco, por exemplo, Renan disse nas redes sociais que o corte de investimento público, a reoneração da folha de pagamentos, o aumento de impostos e a terceirização generalizada vão “drenar as energias de uma economia que não consegue se levantar”.
Nos bastidores, auxiliares de Temer afirmam que Renan assumiu o inédito posto de aliado com discurso de oposição por causa da disputa eleitoral de 2018. O senador é candidato à reeleição e se sente desprestigiado pelo Planalto. Renan Filho, governador de Alagoas, também vai concorrer ao segundo mandato e enfrenta dificuldades na campanha.