quarta-feira, 12 de abril de 2017

Eduardo Campos era pago pela Odebrecht por fraudes no porto, na adutora, no presídio, dizem delatores

Breno Pires, Fábio Serapião, André Borges e Vitor Tavares - O Estado de São Paulo

Morto em acidente aéreo em 2014, quando se candidatou à Presidência, teria recebido, segundo executivos da Odebrecht, recursos ilícitos da empreiteira


Foto: Dida Sampaio/Estadão
Foto: Dida Sampaio/Estadão

O nome do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo em Santos, litoral paulista, em 2014, é citado em três inquéritos relacionados às delações dos executivos da Odebrecht enviadas pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Documento

Documento

Documento

Campos, que morreu durante campanha à Presidência da República, aparece como beneficiário de propina em obras em seu Estado. A Justiça vai decretar a extinção da punibilidade do político morto.
Suape. Segundo o Ministério Público Federal, os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Carlos Fernando do Vale Angeiras falam em irregularidades associadas a obras vinculadas ao Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral sul de Pernambuco.
Os delatores citam ainbda o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB/PE)), então ministro da Integração Nacional no governo Dilma, entre 2011 e 2013.
Neste caso, a Procuradoria-Geral da República ‘entende ser necessária a efetivação de análise específica e mais aprofundada dos acontecimentos’ e pediu a restituição dos autos do processo ao procurador Rodrigo Janot. Em seu despacho, o ministro Edson Fachin estabeleceu o prazo de 15 dias para uma nova manifestação de Janot.
Presídio. Em sua delação, Marcelo Odebrecht revela que o então governador de Pernambuco teria autorizado o auxílio da construtora nas obras do Centro Integrado de Ressocialização (CIR) de Itaquitinga, na época projetado para ser modelo para presídios brasileiros e uma vitrine para Campos. O pessebista teria recebido recursos para sua campanha e distribuição de dividendos de financiamento do BNDES.
Marcelo conta ainda que houve promessa a Eduardo Campos para o pagamento de valores à campanha de Paulo Câmara (PSB), seu sucessor no governo de Pernambuco. O repasse, entretanto, não teria sido efetivado. O depoimento será encaminhado à Justiça Federal em Pernambuco.
Adutora. Segundo o Ministério Público, o colaborador João Antônio Pacífico Júnior relata ainda a ‘formação de ajuste para fixação artificial de preços e controle de mercado’ relativamente à obra da adutora de Pirapama, na Região Metropolitana do Recife, nos anos de 2007 e 2008.
O pagamento de vantagem indevida ao então governador e a seu interlocutor Aldo Guedes era no valor equivalente a 3% dos contratos que o Grupo Odebrecht mantinha no Estado. O montante alcançaria R$ 5 milhões.
Aldo Guedes é ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). Ele deixou o cargo após a Polícia Federal realizar uma operação de busca e apreensão como parte das investigações da Operação Lava Jato. Guedes também é investigado pela PF por suspeita de ser o verdadeiro dono do jatinho usado na campanha de Campos.
Arena. Os delatores da Odebrecht ainda falam do acordo entre a construtora e a Andrade Gutierrez a fim de frustrar o caráter competitivo de processo licitatório associado à construção da Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, usada para a Copa de 2014. O nome de Campos, entretanto, não é mencionado.