quarta-feira, 12 de abril de 2017

Bendine se disse interlocutor de Dilma 'trambique', a vigarista 'honrada', ao pedir vantagem à Odebrecht

Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos/Folhapress
Bendine demonstrou poder agir em busca de atenuar os avanços da Lava Jato, segundo delatores
Bendine demonstrou poder agir em busca de atenuar os avanços da Lava Jato, segundo delatores


Folha de São Paulo

Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine se apresentou como interlocutor da então presidente Dilma Rousseff ao solicitar vantagem indevida para atuar em nome da Odebrecht Ambiental, entre 2014 e 2015.

O relato foi feito pelo ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht e Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, delatores da Operação Lava Jato.

Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal, submeteu a investigação do caso à Procuradoria da República no Paraná no último dia 4. O despacho foi tornado público nesta terça-feira (12).

"Em outra ocasião, por intermédio de André Gustavo Vieira da Silva, pediu-se o valor equivalente a 1% da dívida alongada da Odebrecht Ambiental perante o Banco do Brasil, a fim de permitir a renegociação do débito", observou Fachin no documento.

A delação ainda dá conta de que Bendine "apresentou-se como um 'interlocutor da Presidente da República', demonstrando poder agir em busca de atenuar os avanços da Operação Lava Jato e que, diante da insistência de André Gustavo pelo pagamento referido, a soma foi paga em três parcelas de R$ 1 milhão, via equipe de Hilberto Silva (Setor de Operações Estruturadas [departamento de propina da Odebrecht])".

Fachin observou que "fatos semelhantes são previamente apurados no contexto da Justiça Federal do Paraná, o que recomendaria, na sua visão, investigação conjunta".