segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Envolvido até a medula em corrupção, PT tenta ficar em cima do muro em relação a Eduardo Cunha

Fernanda Krakovics e Isavbel Braga - O Globo

Avaliação é que qualquer posição que a bancada tomar representará desgaste para o partido


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi denunciado por corrupção e Lavagem de dinheiro na Lava-Jato - Marcos Alves / Agência O Globo


Em uma estratégia de redução de danos, o PT cancelou reunião de sua bancada na Câmara, que estava marcada para esta segunda-feira, com o objetivo de discutir a posição do partido em relação ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Cautelosa, a direção do partido não quer criar mais arestas com Cunha que, apesar da denúncia, continua forte na Câmara e com potencial de criar problemas para o governo. A avaliação é que qualquer posição que a bancada tomar representará desgaste para o partido. Deste modo, o comando do partido tenta adiar essa discussão.

A bancada do PT está dividida. Há uma queda de braço entre a ala majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), e a segunda maior corrente interna, a Mensagem ao Partido. A primeira defende que se espere pelo menos um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia, enquanto a segunda quer o afastamento imediato de Cunha da presidência da Câmara.

Um dos argumentos de integrantes da CNB é que, se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não pediu o afastamento do peemedebista do comando da Casa, o PT não deve levantar essa bandeira. Já os integrantes da Mensagem rebatem afirmando que Cunha utiliza a presidência da Câmara, segundo eles, para atrapalhar as investigações.

Assim como o comando do PT, o Palácio do Planalto está agindo como bombeiro:

— A ideia é baixar a temperatura. O governo quer criar um ambiente de estabilidade política — disse um ministro da coordenação política do governo.

O fato de os deputados Alessandro Molon (PT-RJ) e Henrique Fontana (PT-RS), ambos da Mensagem, terem assinado o manifesto, liderado pelo PSOL, pedindo a saída de Cunha da presidência, gerou irritação no peemedebista e insatisfação no Planalto.