Recrutado por Dilma Rousseff na diretoria do Bradesco, Joaquim Levy exibiu desenvoltura surpreendente nos seus primeiros dias como do ministro da Fazenda. Revelou um insuspeitado talento para a articulação política. Mudou-se para as manchetes. Jantava e almoçava com parlamentares. Transitava pelo Congresso. Guerreou pelo ajuste fiscal como poucos. Súbito, recolheu-se.
Nesta quarta-feira (8), dia de más notícias na economia, o deputado Roberto Freire notou a ausência do personagem: “Fato estranho acontece no governo Dilma”,anotou Freire no Twitter. “Ministro da Fazenda sumiu. Ajuste, MP do desemprego, inflação, crise econômica e Levy calado, desaparecido.”
Horas depois, Freire retornaria ao Twitter. Os senadores aprovaram a medida provisória que renova a política de reajuste do salário mínimo. Fizeram isso mantendo o enxerto tóxico que a Câmara incluíra na proposta, para estender os reajustes aos aposentados. “E o Levy sumiu”, voltou a estranhar Roberto Freire. “Não tem nada a dizer?”
Veiculada no site da Fazenda, a agenda de Levy informa que o ministro dedicou-se nesta quarta a “despachos internos.” Considerando-se a maré de azar e a infidelidade dos governistas, Levy talvez devesse aproveitar esta sexta-feira para despachar numa encruzilhada, acompanhado de um assessor de umbanda. A essa altura, pode ser a única maneira de trancar o corpo do Tesouro Nacional.