terça-feira, 21 de julho de 2015

"Setor de serviços dá a dimensão da crise", editorial do Estadão

O desempenho medíocre em 2015 do setor de serviços, um dos grandes propulsores da economia do País nos últimos anos, vem corroborar as piores expectativas sobre o resultado do PIB este ano. 
O setor tem peso de quase 70% no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e responde pela maior oferta de empregos. Até há pouco vinha demonstrando maior resistência à crise do que a indústria, mas também perdeu dinamismo.
A receita bruta do setor de serviços, em termos nominais, apresentou em maio crescimento de 1,1%, de acordo com os últimos dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, que abrange o setor empresarial não financeiro. Essa taxa representa uma queda abrupta em relação ao mesmo mês de 2014 (6,1%) e um recuo de 0,6 ponto porcentual em confronto com abril (1,7%).
Na série histórica iniciada em 2012, a taxa de maio só não é inferior à de fevereiro (0,9%), mas a realização do carnaval naquele mês reduziu o número de dias úteis, o que impactou tanto as vendas do comércio como a área de serviços.
O resultado de maio foi puxado para baixo pelos serviços prestados às famílias, cuja receita caiu 1,4% em relação ao mesmo mês de 2014, um dado surpreendente, já que esse segmento vinha crescendo a dois dígitos por mês em passado recente. Com o aumento de preços de serviços, julgava-se que a receita bruta seria mais elevada, ainda que a demanda fosse algo menor.
Constata-se, porém, que, dada a queda de rendimento real médio dos trabalhadores de 0,5% em maio, em razão do desaquecimento do mercado de trabalho, as famílias tiveram forçosamente de poupar sob pressão dos gastos com habitação, dos aumentos com eletricidade, água, telefone, transporte e da remarcação na compra de alimentos básicos.
Também houve queda de 0,8% nos serviços de comunicação e informação atribuída a serviços audiovisuais e agências de notícias. De outra parte, apresentaram variações nominais positivas os segmentos de serviços administrativos e complementares (5,5%), transporte e serviços auxiliares e correio (0,8%) e outros serviços (0,3%).
No acumulado do ano até maio, a receita bruta nominal do setor de serviços apresenta uma expansão de 2,3% e, nos últimos 12 meses, a taxa é de 3,8%. Com a continuidade da retração, a tendência é que o setor de serviços feche o ano com baixíssimo crescimento, se não com um resultado negativo.