terça-feira, 28 de julho de 2015

S&P muda perspectiva da nota brasileira de estável para negativa

Ana Paula Ribeiro e João Sorima - O Globo

Agência de classificação de risco manteve o rating brasileiro em BBB-, um degrau acima do grau de investimento


A agência de classificação de risco Standard & Poor's colocou nesta terça-feira em perspectiva negativa a nota (rating) brasileira. De acordo com comunicado no site da agência, a nota em moeda estrangeira de longo prazo foi mantida em BBB-, um degrau acima do nível especulativo, mas a perspectiva passou de estável para negativa. Em moeda local, a nota brasileira está em BBB+, e a perspectiva também foi revisada de estável para negativa.

A S&P mencionou em nota explicando a decisão que a série de investigações de corrupção entre certas empresas e políticos pesa cada vez mais sobre a perspectiva econômica e fiscal do Brasil, colocando risco na implementação de políticas efetivas, particularmente no Congresso. A agência e que o país enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras. Em sua nota expectativa, a S&P destaca entretanto que houve uma correção política significativa durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

“Revisamos a perspectiva para negativa porque, apesar das mudanças políticas agora em curso, que continuamos acreditar terem o apoio da presidente, os riscos de execução subiram. Na nossa visão, esses riscos decorrem das frentes política e econômica”, diz a nota da S&P.

Em março, a agência manteve a nota do Brasil em BBB-, com perspectiva estável. De lá até agora, a agência considera que houve um piora dos riscos.

A agência foi a primeira a conceder o grau de investimento ao país, no final de abril de 2008. Essa avaliação é uma espécie de selo de bom pagador.


Na demais agências de classificação de risco, a nota brasileira ainda está dois degraus acima do nível especulativo, mas também ganhou perspectiva negativa. Na Fitch, a nota brasileira é BBB e a perspectiva foi rebaixada de estável para negativa no mês de abril passado.

"Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a confiança e credibilidade política, riscos negativos relacionados à sua efetiva implementação e duração persistem, especialmente no contexto de uma economia e ambiente político desafiadores", disse.

No último dia 23, a Fitch informou no último dia 23 de julho que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil após o governo cortar a meta de superávit primário (a economia feita para pagar juros da dívida) de 1,1% do Produto Interno Bruno (PIB) para 0,15%.

Já a Moody’s rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota brasileira às vésperas da eleição presidencial do ano passado. Neste mês, técnicos da agência estiveram reunidos com o governo avaliando os números da economia. Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, a expectativa é que a Moody’s rebaixe a nota brasileira em um degrau. de Baa2 para Baa3, ainda considerada grau de investimento. A dúvida do mercado é se a perspectiva será mantida negativa ou mudada para estável.