quarta-feira, 8 de julho de 2015

Reação ao 'fora Dilma' falha ao não conter o PMDB, avalia Planalto

Vera Magalhães - Painel - Folha de São Paulo


Na alegria e na tristeza O núcleo do governo admite um “vácuo” na reação de Dilma Rousseff às articulações para tirá-la do poder: o PMDB. Ministros e líderes acham que o maior risco para a presidente seria a adesão total da sigla ao movimento, com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL) à frente. O Planalto se fia no vice Michel Temer. “É ele quem tem de garantir o apoio”, diz um ministro. Petistas lembram que Dilma já deixou claro ao vice que quer sinais inequívocos de que ele está com ela.

Por um… Renan Calheiros (PMDB-AL) disse a aliados que resolveu dar um novo recado a Dilma ao adiar de vez a votação das desonerações e deixar aberta a possibilidade de votar o reajuste para o Ministério Público.

… fio O presidente do Senado quis demonstrar que a foto da presidente com a base não apaga os “passivos” que tem no Congresso e que a petista continua sem credibilidade entre os parlamentares.

DDI  Dilma tentará se reaproximar de Renan. Sua equipe telefonou para o gabinete e a residência oficial do peemedebista na segunda para chamá-lo para uma reunião, mas ele estava fora do país.

Pela boca Na reunião de segunda com a base aliada, o governo avaliou que se calou por tempo demais diante das acusações do TCU sobre as pedaladas fiscais, o que “cristalizou” a imagem de que há irregularidade nas contas e que a batalha está perdida.

Light A nota dos partidos aliados em apoio a Dilma teve de ser editada para evitar cizânia. Foram retiradas críticas mais duras ao TCU, acusado de politizar o julgamento das contas, e a tentativas de “golpe” pela oposição.

Know-how Os petistas também procuraram José Sarney e pediram ajuda do ex-presidente para “acalmar” os caciques do PMDB. “Ele já passou por algo parecido e sabe que há injustiças”, afirma um senador do PT.
Aviário Na contramão da fala presidencial, auxiliares defendem que ela mande emissários procurar os setores mais “moderados” do PSDB para conversar.

Pero no mucho A lista inclui o governador paulista Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, apesar de ambos terem feitos discursos duros na convenção tucana. FHC tem dito que vai recusar esse tipo de abordagem.

Encalhe 1 O governo ficou “muito preocupado” com demissão deflagradas na indústria naval com a crise da Petrobras e a desaceleração da economia.

Encalhe 2 Aloizio Mercadante (Casa Civil) chamou dirigentes da Transpetro e do Ministério de Minas e Energia para conversa nesta terça.

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Imita a arte Senadores brincam que o Programa de Proteção ao Emprego de Dilma lembra o America Works –plano que o presidente Frank Underwood, da série “House of Cards”, cria para recuperar popularidade.

Aquecimento O PDT da Câmara deve dizer nesta quarta, em jantar com Carlos Lupi, que indicará um deputado para o Ministério do Trabalho. O Planalto já foi avisado.

Trincheira Aliados de Geraldo Alckmin mapearam a composição da comissão no Senado em que o tucano fala nesta quarta sobre “desafios no abastecimento de água”. Concluíram que o tom da reunião não deve ser agressivo.

Caminho A ida a Brasília para falar sobre gestão coincide com o projeto do tucano de se afastar da disputa política e usar o mandato como cartão de visitas para 2018.

Visita à Folha Newton S. de Souza, presidente interino da Odebrecht S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcela Drehmer, vice-presidente de Finanças, Daniel Villar, vice-presidente de Pessoas e Organização, e Sérgio Bourroul, diretor de Comunicação.

TIROTEIO
Esta é uma questão técnica do tribunal de contas. O governo não precisa de um debate político, mas de um bom advogado.
DO MINISTRO AUGUSTO NARDES, relator das contas de Dilma Rousseff no TCU, sobre a defesa que o Planalto faz das pedaladas do governo no Congresso.

CONTRAPONTO
Jamais será vermelha?
Ao final da convenção que reelegeu Aécio Neves presidente nacional do PSDB, no domingo, o deputado Ricardo Tripoli (SP) publicou em suas redes sociais uma foto do encontro ao lado de colegas da bancada tucana.
Em uma das imagens, o paulista aparecia com o acriano Major Rocha, que ostentava uma bandeira de seu Estado verde e amarela, com uma estrela vermelha.
Foi o suficiente para que uma eleitora insinuasse ligações com o PT e questionasse o deputado:
—Não entendi esta estrela vermelha! Por quê?
O tucano foi direto na resposta:
—A bandeira é do Estado do Acre.