FERNANDA GUIMARÃES - O ESTADO DE S. PAULO
Após três trimestres consecutivos de prejuízo, mineradora conseguiu apresentar ganho de eficiência no período entre abril e junho; melhora nos resultados também é atribuída ao câmbio
Após três trimestres consecutivos de prejuízo, a mineradora Vale apresentou lucro líquido de R$ 5,144 bilhões no período entre abril e junho, alta de 61,4% em relação ao observado um ano antes. No primeiro semestre, contudo, a mineradora reverteu lucro para prejuízo de R$ 4,395 bilhões.
A companhia atribui a melhora no lucro líquido principalmente ao efeito não-caixa nos resultados financeiros, da apreciação de 3% do real contra o dólar no segundo trimestre de 2015, contra a depreciação de 21% no primeiro trimestre.
O lucro básico, que exclui efeitos não recorrentes, ficou em R$ 2,993 bilhões no segundo trimestre, queda de 31,5% na comparação anual.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 6,817 bilhões, recuo de 25,4% na relação anual, influenciado pela queda do preço do minério de ferro, produto carro-chefe da empresa. Na comparação trimestral, houve aumento de 47,1%.
A receita operacional líquida, por sua vez, atingiu R$ 21,441 bilhões, queda de 3% ante o segundo trimestre de 2014 e um crescimento de 18,9% em relação aos três primeiros meses do ano.
A Vale conseguiu apresentar ganho de eficiência neste trimestre, estratégia para enfrentar o ciclo de baixa do minério, que tem rondado a casa de US$ 50 a tonelada na China, alcançando, assim, a mínima em anos e pressionado as mineradoras. Nesse contexto, a empresa tem apostado em seu produto de melhor qualidade e no controle de custos para ultrapassar esse período.
Na semana passada, a empresa brasileira divulgou uma robusta produção de minério de ferro no segundo trimestre do ano, o demonstrando estar no caminho para entregar sua meta de volume de 340 milhões de toneladas da matéria-prima para 2015.
Considerando produção própria e a compra de terceiros, a companhia alcançou uma produção de 166,728 milhões de toneladas no primeiro semestre, ou seja, quase a metade do previsto para o ano e um crescimento de 6,3% sobre mesmo período do ano passado.
A produção própria referente ao intervalo de abril a junho, por sua vez, somou 85,29 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 7,4% em relação ao observado no mesmo período do ano passado, conforme o relatório de produção da mineradora. Na comparação com o período imediatamente anterior houve uma expansão de 14,4%.
O diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga, afirmou recentemente que a mineradora decidiu reduzir, a partir deste mês, entre 25 milhões de toneladas a 30 milhões de toneladas sua produção de minério de ferro de alta sílica. "Nosso mantra é não a volumes a qualquer custo; é maximizar as margens", disse na ocasião.