quarta-feira, 29 de julho de 2015

Lava Jato arranca o brasileiro do sonambulismo

Com Blog do Josias - UOL


Desconhecido dos mais moços, o empresário Mario Amato, ex-presidente da Fiesp, escandalizou o Brasil com suas frases. “Somos todos corruptos”, disse, por exemplo, em 1997. Ele sustentava a tese segundo a qual o Brasil tolerava toda sorte de irregularidades —da sonegação de tributos às propinas arrancadas da plutocracia pelo caixa de Fernando Collor, o PC Farias.

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Operação Lava Jato da PF200 fotos

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29.jul.2015 - Flávio David Barra, executivo da Andrade Gutierrez, é levado para o IML para fazer exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) em Curitiba, no Paraná. Barra foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato Leia mais Gel Lima/Código 19/Agência O Globo
Decorridos 18 anos de tolerância com as falcatruas, o brasileiro é arrancado do seu sonambulismo pela Operação Lava Jato. Em menos de 48 horas, o juiz Sérgio Moro enviou ao banco dos réus os presidentes das duas maiores construtoras do país —Marcelo Odebrecht, da Norberto Ordebrecht, e Otávio de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Ambos estão em cana esde 19 de junho.
Simultaneamente, escorando-se em tabalho minucioso da PF e da Procuradoria, o doutor Moro começou a forçar a porta do setor elétrico, ordenando as primeiras prisões e batidas de busca e apreensão. Não se sabe quem sobreviverá à Lava Jato. Mas, considerando-se a quantidade de pontas disponíveis no novelo, a operação sobreviverá à sucessão de 2018.
Noutra de suas frases célebres, Mario Amato declarou, em 1989, que 800 mil empresários deixariam o país se Lula virasse presidente da República. Nessa época, Lula era o “sapo barbudo”. Imaginava-se que, guindado ao Planalto, restauraria a ética. Venceu Fernando Collor.
Lula teve de esperar mais 13 anos, um impeachment e vários escândalos para se eleger presidente da República, em 2002. Antes, beijou a cruz. Barba aparada, ternos bem cortados, o ex-sapo assinou a Carta aos Brasileiros. Com modos de príncipe, comprometeu-se a manter os contratos e a estabilidade econômica. Acabou Mantendo muito mais do que isso. Preservou a ilicitocracia.
Os 800 mil empresários de que falava Mario Amato não fugiram para o estrangeiro. Quem fazia negócios sob a mesa acertou-se com o PT e com todos os esquemas que escalaram o Planalto junto com Lula. Até Fernando Collor se ajeitou. Num primeiro estágio, deu em mensalão. Depois, petrolão. Agora, eletrolão. Vem aí o…
A Lava Jato oferece ao Brasil uma rara oportunidade para provar a si mesmo que não é um país de corruptos.