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As investigações da Operação Lava Jato têm mais um delator. O empresário Milton Pascowitch disse que intermediou o pagamento de propina para o ex-ministro José Dirceu.
Os detalhes do acordo de delação premiada de Milton Pascowitch foram publicados nesta quarta-feira (1) nos jornais “O Globo” e “Folha de S. Paulo”. Os dois jornais relatam que Pascowtich usou a empresa dele, a Jamp, para intermediar o pagamento de propina à JD, empresa de consultoria do ex-ministro José Dirceu e do irmão dele, Luiz Eduardo. Ao todo, foram transferidos quase R$ 1,5 milhão entre 2011 e 2012.
Na delação, Milton Pascowitch disse que parte desse dinheiro era propina. O Jornal Nacional confirmou essa informação e também que ele se comprometeu a apresentar provas do esquema.
Segundo a “Folha”, na delação, Pascowtich disse que chegou a doar dinheiro para uma arquiteta reformar um dos imóveis de Dirceu.
O jornal afirmou ainda que, além da propina a José Dirceu, Pascowitch confirmou pagamentos ao PT para garantir contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras, e que ele teria se tornado uma espécie de padrinho dos interesses da construtora.
Ainda de acordo com a “Folha”, o pagamento de propina começou na diretoria de Serviços da Petrobras a partir da nomeação de Renato Duque em 2003, com o aval de Dirceu, então ministro da Casa Civil.
Na terça-feira (30), o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco depôs ao juiz Sérgio Moro e reafirmou todas as declarações já feitas em delação premiada. Voltou a dizer que a corrupção na Petrobras era endêmica.
Barusco: Eu acho que foi uma coisa que foi acontecendo assim dos dois lados, entendeu. Tanto um oferece quanto o outro recebe. Vai estreitando o relacionamento e vai surgindo, e, quando a gente vê, a gente está no meio desse processo. Não tem uma coisa que liga, é uma coisa contínua que, quando a gente vê, já está acontecendo.
Outro delator que prestou depoimento na terça-feira (30) foi o consultor Júlio Camargo. Ele disse que fez doações legais a políticos e ao PT em 2008, 2010 e 2012 a pedido do ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores João Vaccari Neto. Júlio Camargo disse ainda que privilegiou alguns amigos, como o senador Delcídio Amaral, do PT, e o então senador Romeu Tuma, do PTB, morto em 2010.
Júlio Camargo: Eu privilegiei sempre nas doações pessoas que eram da minha amizade, como o dr. Delcídio, como o dr. Romeu Tuma.
Nesta quarta-feira (1) o juiz Sérgio Moro revogou a prisão preventiva do ex-executivo da Andrade Gutierrez Paulo Dalmazzo por entender que ele estava afastado de empresas investigadas na Lava Jato desde maio do ano passado. Paulo Dalmazzo deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba à tarde.
A defesa de José Dirceu e do irmão dele, Luiz Eduardo, disse que não teve acesso à delação premiada de Milton Pascowitch e não tem como dar opinião, mas nega que Dirceu tenha tido influência na indicação de Renato Duque para diretoria da Petrobras. A defesa disse ainda que a JD prestou consultoria à Engevix e à Jamp fora do Brasil.
A Engevix afirmou que está prestando todos os esclarecimentos à Justiça.
Renato Duque voltou a dizer que não participou de corrupção na Petrobras e que sempre atuou de forma correta na diretoria de Serviços.
O PT não quis se pronunciar.
O advogado de João Vaccari Neto disse que era papel do tesoureiro pedir doações, mas que todas sempre foram legais e informadas à Justiça.
O Jornal Nacional não conseguiu entrar em contato com o senador Delcídio Amaral.