quinta-feira, 23 de abril de 2015

Delação encurta distância entre crime e Justiça

Com Blog do Josias


Deflagrada há um ano e um mês, a Operação Lava Jato começa a produzir suas primeias condenações. Nesta quarta-feira, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, condenou oito pessoas por desvios na Petrobras. Entre elas o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o tesoureiro Alberto Youssef. Súbito, o país descobre que a Justiça, normalmente cega, com a balança desregulada e a espada sem fio, pode aguçar o seu olfato.

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Operação Lava Jato da PF134 fotos

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4.dez.2014 - O juiz federal Sérgio Moro, que está à frente das ações penais resultantes da operação Lava Jato, participa do "Seminário Nacional sobre Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro", realizado no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (4). No evento, ele disse não se considerar um "ídolo nacional" por estar no centro das decisões judiciais do mais rumoroso caso de corrupção do país Leia mais Ricardo Borges/Folhapress
Deve-se a novidade a uma ferramenta nova. O aparato de controle do Estado passou a dispor da ferramenta da delação premiada. O sujeito confessa os seus crimes e dedura os seus cúmplices. Se as informações vierem acompanhadas de provas ou de informações capazes de levar os investigadores às evidências, os delatores são beneficiados com o abrandamento das penas —como sucedeu, aliás, com Paulo Roberto e Youssef.
Alguns dos condenados poderão recorrer da sentença. Mas os delatores tiveram de abrir mão dessa prerrogativa. Afora as condenações, há um subproduto a ser festejado: o Estadojá começou a reaver parte da dinheirama obtida pilhagem. Só de Pedro Barusco, outro delator, a repatriação soma US$ 97 milhões, entesourados na Suíça.
Os advogados se queixam muito da delação. Natural. A confissão elimina a perspectiva de lucro com os recursos embromatórios. É óbvio que o suor do dedo indicador os criminosos deve ser explorado com responsabilidade. Depoimentos não substituem provas. Mas, a julgar pelo insucesso da maioria das investidas contra decisões do juiz Moro nos tribunais superiores, a Lava Jato não parece ser um exemplo de irresponsabilidade. Polícia, procuradores e juiz realizam um trabalho notável.
No Brasil, um dos principais problemas da corrupção é que o crime é perto e a Justiça mora muito longe. A delação revela-se um valioso atalho ligando a mão grande ao castigo.