Em ato em São Paulo, petista afirmou que tem 'orgulho' de ter
indicado o ex-presidente da Petrobras para o cargo. Lula disse
ainda que o PT cometeu erros na condução da economia
Em mais uma demonstração de que o PT não entendeu o recado das ruas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira um ato de desagravo ao ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que comandou a estatal entre 2005 e 2012, quando o esquema do petrolão funcionava a todo vapor. Saindo em defesa de Gabrielli, que é investigado na Operação Lava Jato e já teve os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça, o ex-presidente afirmou: "Tenho orgulho de ter sido presidente da República e ter indicado você como tesoureiro e depois presidente da Petrobras. Eu quero saber se alguém vai ter coragem de dizer que esse moço aqui estava envolvido em corrupção", disse, apontando para o ex-dirigente da Petrobras durante uma plenária na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo.
O evento, que também contou com a participação do presidente do PT, Rui Falcão, do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e de dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Sem Terra (MST), teve como objetivo definir estratégias para contrapor o novo protesto contra o governo Dilma marcado para o dia 12 de abril.
Antes da fala de Lula, o presidente do PT pediu que a plateia constituída em sua maioria por sindicalistas e militantes petistas aclamasse o ex-dirigente da estatal, que respondeu aos aplausos com um sorriso. "Gabrielli colocou a Petrobras entre as maiores empresas do mundo e agora está sendo injustamente perseguido", afirmou Falcão, retomando o velho discurso de que o PT é alvo de uma campanha de criminalização por parte da imprensa.
Colocando em prática a estratégia de "sair da defensiva" em meio às denúncias da Lava Jato, conforme foi combinado com dirigentes regionais do partido em reunião na segunda-feira, Lula afirmou se sentir "indignado" com a corrupção, pediu aos petistas para "andarem de cabeça erguida", e demonstrou uma intolerância contra corruptos nunca praticada durante seu governo. "Estou dizendo isso porque hoje se tem um brasileiro indignado sou eu, indignado com a corrupção. Fomos nós que dissemos em alto e bom som: só tem um jeito de um homem ou uma mulher não ser molestado nesse país governado pelo PT é ele ser honesto e não praticar nenhum desvio", afirmou o ex-presidente.
Mea Culpa - Como resposta às críticas feitas pelos sindicatos em relação aos ajustes fiscais propostos pela equipe econômica de Dilma, o ex-presidente admitiu que o PT cometeu alguns erros na condução da economia do país. "Todos nós cometemos equívocos. Vamos deixar claro: Poderíamos ter aumentado o preço da gasolina lá em 2012", afirmou Lula. Alguns minutos antes, o líder da CUT, Vagner Freitas, havia dito que, se não houver mudanças na política econômica, o trabalhador ficará "bravo" e não apoiará o governo. "Registre-se: há insatisfação na classe trabalhadora. Não vamos aceitar que o tarifaço caia na nossa conta", disse o sindicalista.
Dentre as estratégias apresentadas pelos dirigentes petistas para rebater os protestos contra a presidente, que levaram milhões de pessoas às ruas no dia 15 de março, estão realizar uma quantidade maior de protestos, mesmo que menores, e intensificar a atuação da militância nas redes sociais.