Donald Trump comemora vitória na eleição presidencial, no Centro de Convenções de Palm Beach, na Flórida.| Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE
A esquerda mundial, e a brasileira entalada até a raiz junto com ela, continua fora de controle depois de ser derrotada. Levaram o choque de suas vidas, com a vitória arrasadora de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos – uma surra de 312 a 226 votos eleitorais, mais 5 milhões de votos populares de diferença para o inimigo, exatamente o contrário do que os institutos de pesquisa, os jornalistas e a ciência política repetiram do primeiro ao último minuto da campanha. Agora a esquerda está levando um segundo choque, agora, com a descoberta de que não tem a menor ideia das razões de sua derrota.
Pior: as ideias que conseguiram ter até agora estão erradas. Tanto lá como aqui, os comandantes da esquerda acreditam que a razão da derrota está nos eleitores, que quem errou, mesmo, foi o eleitorado, que teria a obrigação de votar em Kamala Harris, mas votou em Trump. Terão de ser convencidos, agora, de que erraram – como erraram os argentinos ao eleger Javier Milei e os brasileiros nas últimas eleições municiais. Para isso, a esquerda acha que mudando um pouco o “discurso”, fazendo uma “reflexão” etc. etc. etc. a coisa se resolve e acabam as derrotas. Não lhes ocorre, de jeito nenhum, que teriam de jogar fora mais ou menos 100% do que pensam e fazem para serem para serem ouvidos de novo pela população.
Por aqui a esquerda vai numa balada parecida. Querem continuar no governo com o mesmo Lula de 40 anos atrás, os mesmos brontossauros que se penduram nele e a mesma inépcia terminal que marcou o governo nesses dois últimos dois anos
Basicamente, não passa pela cabeça da esquerda que ela está querendo um resultado diferente nas eleições sem mudar nada na sua conduta política no governo, ou fora dele – não mudar de verdade, nem a sério. Aí fica difícil. É a velha história: se você perdeu a sua carteira no quintal, e está procurando a coroa da Inglaterra no jardim, não vai encontrar nenhuma das duas. Nos Estados Unidos, falam em “resistência”, escalada nas denúncias contra o “fascismo” e combater na Justiça as mudanças que a maioria dos americanos deixou claro que quer. No Brasil, falam de nomear um bispo evangélico para o governo – e continuar governando como governam.
É uma corrida sem noção. Acham por lá que foram traídos pelos “latinos”, que teriam de votar na sua candidata porque ela é, objetivamente, a favor da imigração ilegal de mexicanos ou nicaraguenses. Não pensam, em sua ignorância arrogante, que a maioria dos “latinos” nasceu nos Estados Unidos, é cidadã americana e tem interesse zero em ver o seu país invadido por clandestinos. Não entendem que os imigrantes vão para lá justamente porque querem um país igual ao que os republicanos querem. Propõem radicalizar suas posturas a favor do aborto, explicar melhor porque a polícia deve ser reduzida ao mínimo e dobrar sua aposta no apoio à participação de homens em esportes femininos.
Por aqui a esquerda vai numa balada parecida. Querem continuar no governo com o mesmo Lula de 40 anos atrás, os mesmos brontossauros que se penduram nele e a mesma inépcia terminal que marcou o governo nesses dois últimos dois anos. Falam em “ajustar o discurso” – mas não se importam com a falta de vacinas em onze estados e no Distrito Federal, a liberação em massa da corrupção por seus parceiros na Justiça ou a incapacidade absoluta de resolver um único problema concreto do cidadão comum.
Acham que Alexandre de Moraes e o STF vão resolver todos os seus problemas, a começar pela eleição de 2026. Continuam perfeitamente convencidos de que o grande perigo é a “extrema direita”, o X de Elon Musk e o futuro do ex-presidente Bolsonaro. Até agora não foram capazes de perceber que são eles os responsáveis por sua crise.
J.R. Guzzo, Gazeta do Povo