Fazer jornalismo no Brasil tem se tornado uma atividade de risco, não apenas pela censura da informação, mas também pela vulnerabilidade financeira das incertezas de se manter empresas nesse ramo.
O Terça Livre iria completar 7 anos de atividades em novembro. No entanto, anunciou sua “falência” nesta sexta-feira.
Na verdade, nas palavras de Ítalo Lorenzon:
“Nós não falimos, fomos falidos”.
Se já é difícil se fazer jornalismo em condições normais no Brasil, ter todas as contas bancárias e a monetização bloqueadas pela justiça, torna a decretação de falência a única alternativa.
A empresa deixa quase 20 famílias com desempregados.
Antes do fim, a empresa abriu um canal alternativo, o “Artigo 220”, que na sexta-feira teve sua conta nas mídias sociais também suspensa.
Sem alternativa e com despesas “impagáveis” pelos bloqueios judiciais, só restou a opção de encerrar as atividades em definitivo.
Para democracia e a liberdade de expressão do Brasil, é um lamentável capítulo.
Allan dos Santos, outro sócio, também teve mandado de prisão e pedido de extradição, decretados.
Resta saber como os EUA reagirão a uma extradição sem crime vinculado ao Código Penal brasileiro.
Tempos estranhos…
Tempos difíceis…
Fazer jornalismo no Brasil só vale a pena se você falar o que querem ouvir.
Emílio Kerber Filho
Escritor. Jornalista. Autor do livro "O Mito - Os bastidores do Alvorada".
Jornal da Cidade