sábado, 30 de outubro de 2021

'Precisamos conversar sobre Maurício Souza', escreve Deonísio da Silva

 

O sinistro episódio envolvendo esse jogador, punido por delito de opinião ou mal-entendido, revela o quanto a patrulha dos inquisidores desceu. E é um indicativo de voto nas próximas eleições presidenciais.

A questão é mais simples: não concorda? Discorde, ué, mas não puna por delito de opinião. No Sul do Brasil, meu “terrum”, favelados têm cabelos louros e olhos azuis e são xingados de “alemão batata”, “polaco cabeça de vaca “, como já o foram no passado de “italiano fascista” e “alemão nazista”. Quando são muito talentosos, não são chamados de Dante, Goethe, Einstein ou Beethoven.

Numa das universidades onde trabalhei, combatendo o bom combate, assinei a contratação de um professor insidiosamente marcado como clerical, viado e negro, seus detratores esquecendo-se de que tinha obtido dois títulos de Doutor em duas universidades de excelência, uma no Brasil, outra na Europa. Nenhum dos porta-bandeiras identitários apareceu para defendê-lo. Foram os liberais e de direita que evitaram o pior para ele e para a instituição.

Não é censurando os outros que educaremos e, sim, combatendo as pragas ainda abundantes nos câmpus de concentração, entre as quais a erva daninha da lacração é uma das piores, por seus efeitos devastadores.

Não vivo para ter uma plaquinha no Jardim dos Justos. Quero ser enterrado com um monge cartuxo: sem epitáfio ou frase que memore meu nome. Enquanto viver, porém, todos os que me conhecem ou leem, muito ou pouco, sabem onde me encontrar: do lado contrário ao da turba que crucifica os discordantes do grande todo do momento fugaz.

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Revista Oeste