O Globo
Empregados dispensados de São Bernardo do Campo voltariam nesta terça-feira de férias coletivas na unidade
Os trabalhadores da unidade da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), localizada na rodovia Anchieta, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado até a revisão das 800 demissões adotadas pela montadora.
O grupo de empregados incluídos no corte recebeu uma carta solicitando o comparecimento ao departamento de Recursos Humanos antes do início do turno dessa terça-feira, primeiro dia de trabalho após as férias coletivas.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC alegou que a empresa, dessa forma, descumpre o acordo firmado em 2012, que previa a estabilidade dos funcionários até 2016.
No último 2 de dezembro, a Volkswagen tentou negociar com os trabalhadores um outro acordo, afirmando que havia um excedente na fábrica de 2,1 mil trabalhadores e que a montadora precisava ganhar competitividade.
Nessa tentativa, a proposta era trocar os reajustes de salário por um abono em 2015 e 2016, além de um programa de demissões voluntária. A proposta foi rejeitada e, no final das férias coletivas, a empresa passou a enviar o comunicado a esses trabalhadores.
Às 7h, os trabalhadores fizeram uma assembleia para definir o início da greve. Ela contou, segundo o sindicado, com a participação da quase totalidade dos 7 mil trabalhadores. Outras assembleias devem ocorrer nos turnos da tarde e da noite. A paralisação é apenas interna, ou seja, os trabalhadores permanecem na fábrica, mas sem executar nenhuma tarefa.
A Volkswagen confirma as demissões de 800 empregados e atribuiu o corte ao atual cenário econômico. “Visando estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a Unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade, a Volkswagen do Brasil anuncia que haverá o desligamento de 800 empregados em sua fábrica no ABC paulista”, informou, em nota.
O comunicado da empresa sinaliza ainda que novos cortes podem acontecer. “Continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade da Anchieta, motivo pelo qual a empresa inicia a sua primeira etapa de adequação de efetivo.”
De acordo com a montadora, a decisão está baseada na retração no setor automobilístico no país, que acabou por afetar a Volkswagen no Brasil e, principalmente, a unidade de São Bernardo, com uma retração na produção de aproximadamente 15%.
"Há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que infelizmente não se confirmaram", justifica a nota, que reforça ainda que os concorrentes realizaram reajustes salariais menores nos últimos anos e que a média salarial da unidade Anchieta já é mais elevada do que a de outras fábricas de automóveis.