sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Doleiro da quadrilha Lula-Dilma, Youssef usou pelo menos seis países para movimentar propina

Cleide Carvalho - O Globo

Além da Suíça, estão na lista Reino Unido, Singapura e Panamá

Youssef usaria Labogen para lavar dinheiro - Geraldo Magela / Agência O Globo

O esquema do doleiro Alberto Youssef abriu empresas de fachada e contas em pelo menos seis países para movimentar recursos provenientes de desvios em obras da Petrobras. O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional informou à Justiça Federal de Curitiba que já estão em andamento os acordos com pelo menos cinco deles - Reino Unido, Panamá, Hong Kong, Singapura e Suíça. A troca de informações com os Estados Unidos já vinha sendo feita pelo Ministério Público Federal.

No Reino Unido estavam pelo menos três offshores utilizadas por Youssef para receber dinheiro de propina - Santa Clara Private Equity, Aquila Worldwide e Thingrass Services. As principais contas destas empresas foram abertas na Suíça, no PKB Private Bank, em Lugano. Em Hong Hong, há contas a serem investigadas no HSBC, Standard Chartered Bank e Hang Seng Bank. Também funcionavam lá as empresa DGX e RFY. Em Singapura funcionavam outras duas empresas usadas no esquema, a Savoy Trading e a Onix.

Entre junho de 2011 e março de 2014 foram enviados para Hong Kong, por exemplo, US$ 78,2 milhões em mais de mil operações de câmbio. Pelas contas e empresas no Reino Unido e Suíça passaram cerca de US$ 9 milhões no período e as empresas utilizaram contratos de mútuo - empréstimos entre empresas - para justificar parte das remessas. Nos Estados Unidos, o banco usado foi o Merrill Lynch.

As contas e documentos de empresas usadas pelo esquema do doleiro foram localizadas na mesa e computadores de João Procópio de Almeida Prado, que assumiu o controle da movimentação no exterior a partir de 2010, quando Rafael Angulo, outro funcionário do doleiro, foi flagrado pela Operação Curação, da Polícia Federal, e condenado pela Justiça Federal a nove anos e um mês de prisão. Almeida Prado foi executivo de pelo menos três bancos por pelo menos três décadas e chegou a ser vice-presidente da Associação Brasileira de Bancos Comerciais e Múltiplos (1993 a 1999), segundo relatório do MPF.

A cargo dele também estava a criação das offshores e contas da família de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Foi ele quem abriu no Panamá a offshore Sunset, que estava em nome da mulher de Costa. Os documentos da estrutura criada para movimentar a propina que passava pelo esquema de Costa também foram apreendidos com Almeida Prado.