O Globo com agências internacionais
Os dissidentes protestavam na frente da penitenciária de Havana contra prisões ocorridas na terça-feira
HAVANA - A polícia cubana deteve uma dúzia de dissidentes que protestavam em frente à penitenciária Vivac, na periferia da capital do país, exigindo a libertação de 10 opositores políticos, informaram nesta quinta-feira fontes da dissidência.
As prisões ocorrem justamente quando os Estados Unidos e Cuba retomam as relações diplomáticas, após mais de 50 anos de uma guerra fria.
— Parece que vão deter pessoas. Já estão detendo pessoas — disse o opositor Antonio Rodiles pouco antes que sua chamada à agência de notícias Reuters fosse interrompida.
As detenções começaram 15 minutos depois que jornalistas da agência — que acompanhavam o protesto na frente da penitenciária — abandonaram o local.
PROTESTOS NA TERÇA-FEIRA
A artista plástica cubana Tania Bruguera tentou organizar na terça-feira uma manifestação perto da sede de governo na Praça da Revolução, mas o evento foi abortado pouco antes de começar, quando a polícia a deteve.
Umas 50 pessoas foram detidas. Na quarta-feira Tania e outros dissidentes acabaram sendo liberados, mas dez deles ainda permanecem sob custódia policial, de acordo com a Comissão Cubana de Direitos Humano e Reconciliação Nacional.
— Se eles não soltarem as pessoas, voltarei a convocar um protesto na praça — disse Tania.
Detenções temporárias é um modo de Cuba boicotar os planos da oposição, mas adquiriram maior importância após a reaproximação entre os EUA e Cuba. O governo de Cuba costuma descrever os dissidentes como mercenários pagos por Washington.